SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO TORAH – SHA'AR 2 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 9
Relatos tanaíticos do período compreendido entre a conquista da CIDADE DE YERUSHALYIM e a posterior conquista e invasão da BABILÔNIA, no ano de 539 a.e.c., pelo monarca persa, KURAS II, contém registros da palavra hebraica transliterada por YEHUDI para identificar a raça do povo oriundo de MALHUT YEHUDAH e também para identificar o modo de viver característico deste povo: o modo de viver judaico. No ano de 538 a.e.c. o monarca KURAS II autorizou aos hebreus do sul, os judeus, a retornarem para ERETZ YISRAEL, mas nem todos os judeus desejaram retornar para a sua terra.
No ano 70 d.e.c., o SEGUNDO BEIT HAMIKDASH foi destruído pelo exército imperial romano comandado pelo general romano, TITUS FLAVIUS CAESAR VESPASIANUS AUGUSTUS (39 d.e.c. – 81 d.e.c.). Muitos judeus foram capturados, outros prefiram fugir e o restante foi obrigado a enfrentar a pobreza por causa do confisco das suas terras. Mas não houve expulsão como nas diásporas judaicas anteriores. Mais tarde, no ano de 132 d.e.c., começou a terceira revolta judaica armada contra os invasores romanos, liderada por SHIMEON BAR KOKHBA. O fim da resistência judaica armada ocorreu no ano de 135 d.e.c. com a destruição da FORTALEZA DE BETAR. Após isto, parte da população judaica local foi deportada para a PROVÍNCIA DE YAHUDAH e para o NORTE DA GALILÉIA, parte da população foi vendida como escravos e os restantes dos judeus fugiram para a ÁFRICA, ÁSIA MENOR, BABILÔNIA, GÁLIA, GRÉCIA, PENÍNSULA IBÉRICA, ROMA e SÍRIA, aumentando mais ainda a população judaica nestas regiões que lá já se encontravam bem antes do ano 70 d.e.c. devido às diásporas judaicas anteriores. E, infelizmente, foi assim que começou a TERCEIRA DIÁSPORA JUDAICA.
Os judeus concentrados principalmente na PENÍNSULA IBÉRICA tornaram-se conhecidos como JUDEUS SEFARDIM. A palavra SEFARDI é ainda hoje freqüentemente utilizada em ERETZ YISRAEL para se referir também aos judeus oriundos dos países do NORTE ÁFRICA. Entretanto é um erro referir-se a todos os judeus norte-africanos e dos países árabes como judeus sefardim. Os judeus mais antigos destes países são originários de MIZRACH (ORIENTE) e são denominados JUDEUS MIZRACHIM. De fato, houve muitas comunidades judaicas sefarditas de importância nos países árabes foram responsáveis por boa parte do desenvolvimento místico da KABBALAH durante a IDADE MEDIVAL (Século V – Século XV) e muitos eruditos e sábios judeus sefardim foram autores de importantes obras literárias judaicas cabalísticas. A palavra hebraica transliterada por SEFARDI significa essencialmente ESPANHOL. Esta palavra foi indicada para se referir aos judeus oriundos da PENÍNSULA IBÉRICA e ainda significa ESPANHA na moderna língua hebraica. Interessante é que a palavra hebraica transliterada por SEFARDI está registrada na referência tanaítica, segundo está escrito:
Estes cativos do exército dos filhos de Israel que habitavam com os cananeus, até Tsorfat, e os cativos de Jerusalém, que habitavam em Sefarad, possuirão as cidades do Sul.
Sepher Navi Obhadyahu 20
Na referência tanaítica SEPHER NAVI OBHADYAHU 20, a palavra hebraica transliterada por SEFARDI refere-se à região onde está localizada a atual ESPANHA. Assim, as CIDADES DO SUL referem-se às cidades que estão localizadas no DESERTO DO NEGEVE (SUL). Mas esta profecia tanaítica ainda não se cumpriu, porém quando ela se cumprir, então os judeus sefaraditas ocuparão e viverão nas cidades do sul do ESTADO DE YISRAEL. Ainda hoje, a palavra hebraica transliterada por SEFARDI corresponde a todo judeu originário da ESPANHA e que de lá migraram para PORTUGAL, HOLANDA, MARROCOS, TURQUIA e BRASIL. Na época, a população judaica na PENÍNSULA IBÉRICA representava mais de 20% da população local. Nesta região, os judeus também se dedicaram a matemática, astronomia, medicina, comércio e se constituíram como os primeiros banqueiros para empréstimos de dinheiro. E durante séculos, os judeus cresceram em número e prosperaram nesta região.
Mas infelizmente, no dia 2 de janeiro 1492 o membro da corte aragonesa e político espanhol, JUAN DE COLOMA (? – ?), escreveu o DECRETO DE ALHAMBRA, o qual decretou a expulsão dos judeus da ESPANHA em caso destes não se converterem a fé cristã católica apostólica romana. O decreto político-religioso foi aceito e assinado no dia 31 de março do ano de 1492, pelo monarca cristão católico romano espanhol da SICILIA, CASTELA, LEON, ARAGÓN, VALENCIA, MALLORCA, BARCELONA, NAPOLI e NAVARRA, REI FERNANDO II (1452 – 1516), e pela sua esposa, a monarquiza cristã católica romana espanhola de CASTELA e LEON, RAINHA ISABEL I (1451 – 1504). O decreto informa também que os judeus que rejeitarem a conversão serão obrigados a sair da ESPANHA até o dia 31 de julho do ano de 1492. O prazo foi prorrogado até o dia 2 de agosto do ano de 1492, a qual foi exatamente a data de partida da viagem marítima empreendida pelo explorador e navegador espanhol de origem judaica sefardi, CRISTÓBAL COLÓN (1451 – 1506), rumo ao continente americano [10,11].
No dia 5 de dezembro do ano de 1496, o monarca português, REI DOM MANUEL I, O VENTUROSO (1469 – 1521), assinou o decreto político-religioso de expulsão dos judeus de PORTUGAL. O decreto informa que os judeus deverão deixar o reino português até o dia 31 de outubro do ano de 1497. O REI DOM MANUEL I, O VENTUROSO permitiu aos judeus que optassem pela conversão a fé cristã católica apostólica romana ou por abandonar o reino português, esperando assim que a maioria deles escolhesse a conversão. E assim, as regras da inquisição cristã católica espanhola começaram também a vigorar contra os judeus nas terras portuguesas. Os judeus, no entanto, não aceitaram a oferta real e, em grande maioria, resolveram abandonar o país. Mas o REI DOM MANUEL I, O VENTUROSO, ao saber que a sua maliciosa estratégia não logrou resultados, ordenou o bloqueio terrestre da fronteira com a ESPANHA e por mar ele ordenou o bloqueio marítimo à passagem dos navios que transportavam os refugiados, com exceção do porto da CIDADE DE LISBOA. Nas áreas deste porto se concentraram cerca de 20 mil judeus que esperavam transportes marítimos para abandonar o país. Assim, muitas dificuldades começaram a surgir para tornar impossível a saída dos judeus que desejavam abandonar as terras portuguesas para não abandonar o modo de viver judaico. E muitos judeus que permaneceram sem condições de viajar se submeteram às conversões voluntárias e outros foram forçados a se converterem.
No mês de abril do ano de 1497, desrespeitando o decreto de expulsão, o REI DOM MANUEL I, O VENTUROSO, ordenou o seqüestro de crianças judias menores de 14 anos para educá-las em lares cristãos católicos romanos. Esta tarefa ignóbil foi realizada com brutalidade, estupidez e muita violência. No mês de outubro do ano 1497, os judeus que ainda resistiam às conversões foram arrastados à força miseravelmente pelas ruas até às pias batismais pelas massas cristãs católicas romanas completamente enlouquecidas e incitadas por fanáticos clérigos cristãos católicos apostólicos romanos e com a ajuda complacente das forças militares reais portuguesas. Foram através destes batismos forçados ocorridos em larga escala que surgiram os MARIT AYIN YEHUDIM (JUDEUS MARRANOS) ou CRIPTO-JUDEUS, que após serem submetidos às conversões forçadas, eles retornaram em segredo às práticas do modo de viver judaico, mas eles falsamente professavam em público a fé cristã católica apostólica romana.
Em função destas conversões forçadas eles adotaram sobrenomes de famílias espanholas e portuguesas. Estes judeus, denominados também CONVERSOS ou CRISTÃOS NOVOS nunca foram realmente bem aceitos pelos cristãos locais também denominados CRISTÃOS VELHOS, os quais começaram a desconfiar da sinceridade da fé religiosa professada por estes conversos. Ocorreu que no dia 19 de abril do ano de 1506, cristãos católicos apostólicos romanos estavam no CONVENTO DE SÃO DOMINGOS DE LISBOA participando de uma celebração eucarística em que oravam pelo fim da fome e da seca que assolavam PORTUGAL. Em um determinado momento, alguém informou ter visto no altar da igreja o rosto iluminado de YESHUA NAZARETH, o que para os cristãos presentes foi interpretado como uma mensagem de misericórdia divina. Mas um cristão-novo que também participava da celebração religiosa tentou explicar que não era milagre, mas apenas o reflexo da luz solar. Imediatamente, os participantes da celebração investiram contra o cristão-novo espancando-o até a morte. A partir daí, os cristãos-novos, os quais já eram vistos com muita desconfiança, tornaram-se o bode expiatório da fome, da seca e da peste.
Entre os dias 19 e 21 de abril do ano de 1506, ocorreu o MASSACRE DE LISBOA (MATANÇA DA PÁSCOA DE 1506 ou POGROM DE LISBOA). Incitados por frades católicos dominicanos que prometeram absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para aqueles que assassinassem conversos, então cerca de dois mil cristãos-novos incluindo homens, mulheres e crianças, foram perseguidos, torturados e assassinados por uma turba de mais de quinhentos cristãos incluindo até marinheiros holandeses e de outros países. A partir deste fato iniciou-se a diáspora judaica portuguesa, onde parte da população fugiu para o NORTE DA EUROPA, onde fundaram comunidades nos PAÍSES BAIXOS e na ALEMANHA, outra parte da população fugiu para o SUL DA FRANÇA e para a INGLATERRA, o restante fugiu para a GRÉCIA e TURQUIA e outros decidiram retornar para o ORIENTE MÉDIO. Devido a isto, os cristãos-novos sofreram influência das culturas de outros países e a língua ladina foi enriquecida com palavras árabes, francesas, gregas, hebraicas e turcas, distanciando-se da sua forma original [10,11].
Diante disto, os descendentes de judeus marranos de origem sefaradita aprendem que manter a identidade judaica ao longo dos séculos não foi nada fácil e, assim, eles observam que o comportamento cristão para com os FILHOS DE YISRAEL é causado, sobretudo pela idolatria em dividir ADONAI-ELOHIM em três outras divindades, negando assim a TORAH e as revelações divinas através dos NEVIIM YISRAEL. Por causa disto, mesmo debaixo de perseguições terríveis, os FILHOS DE YISRAEL continuaram a não se importar com vozes celestiais e nem com vozes humanas em desacordo com a TORAH e nem ceder a pressões externas oriundas de autoridades políticas e religiosas sejam elas quais forem, mas simplesmente eles continuaram estudando a TORAH e continuaram a praticar e a seguir os mandamentos, os preceitos e as prescrições nela registradas. Além disto, mesmo se vozes celestiais porventura ordenassem aos FILHOS DE YISRAEL alterar os mandamentos, os preceitos e as prescrições registradas na TORAH, eles não deveriam obedecê-la porque ADONAI-ELOHIM promete (em muitas referências tanaíticas) que é IRREVOGÁVEL O SEU VÍNCULO COM OS FILHOS DE YISRAEL, segundo está escrito:
...ESTATUTO PERPÉTUO É POR TODAS AS VOSSAS GERAÇÕES...
Através dos séculos, os FILHOS DE YISRAEL foram obrigados a se sacrificarem por inúmeras vezes para poderem continuar estudando e ensinando e, desta forma, manter e preservar a existência da TORAH e do TALMUD e, assim, continuar as práticas do modo de viver judaico. Os FILHOS DE YISRAEL entenderam (da mesma forma como fizeram no passado os seus inimigos mortais) que as únicas obras literárias judaicas que os preservaram da destruição física foram a TORAH e o TALMUD. Ao longo dos séculos, isto provou aos FILHOS DE YISRAEL que a manutenção e a preservação do estudo da TORAH e o TALMUD é a melhor arma contra a assimilação religiosa oriunda de outras nações e povos. Por isto, os assassinatos, os debates judaico-cristãos, as tolas bulas, decretos e encíclicas papais, o holocausto, os tribunais inquisidores, as perseguições, as provocações, a queima de livros e as torturas físicas e mentais sofridas pelos FILHOS DE YISRAEL duraram e se intensificaram por muito tempo, mas elas nunca resultaram em nada. Os inimigos dos FILHOS DE YISRAEL ainda continuam atuando duramente contra ele, mas eles nada conseguem e, como sempre, eles permanecem sempre de mãos vazias.
No meio cristão, sobretudo evangélico e protestante, não existe mérito por estudar a TORAH, nem simplesmente pelo prazer de estudá-la, mas utiliza-se o TANAKH com o intuito de acumular bens financeiros, conquistar honrarias, privilégios e status exatamente como fazem os hipócritas pertencentes a denominações e lideranças religiosas cristãs cujos membros militantes se disponibilizam a utilizar vestimentas judaicas para prejudicar a TESHUVAH dos descendentes de judeus marranos de origem sefaradita. E para isto, os missionários cristãos evangélicos messiânicos proferem palavras adocicadas ao se apresentarem diante dos descendentes de judeus marranos de origem sefaradita. Mas o que eles desejam mesmo é destruir o modo de viver judaico através dos falsos ensinamentos em nome de YESHUA NAZARETH. Entretanto, os FILHOS DE YISRAEL já sabiam que a própria sobrevivência sempre dependeu unicamente das análises, dos comentários, das discussões e das interpretações do TANAKH, os quais, mais tarde, foram utilizados para construir, desenvolver e elaborar a redação do TALMUD.
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