sábado, 24 de dezembro de 2016

CRUELDADE OU FALTA DE ENTENDIMENTO?



                           
Há quem acredite que a Bíblia Hebraica, ou pior, o próprio Eterno, seja cruel devido ao fato de tomar versículos isolados, e... não compreender o texto das Escrituras. Um desses trechos é o seguinte:
“Feliz aquele que pegar em teus pequeninos e der com eles nas pedras.” (Sl. 137:9)
Como pode o Eterno enaltecer o ato de pegar crianças e dar com eles nas pedras?
Na realidade, a compreensão desse versículo é totalmente diferente do que pode parecer à primeira vista.
A primeira coisa a compreender é que salmo não é mandamento, nem profecia, muito menos promessa. E, no salmo, não é o Eterno falando, nem tampouco psicografando, mas sim o salmista entoando uma canção.
Os salmos são cânticos que os sacerdotes e juízes de Israel escolheram para fins litúrgicos no Templo, ou para outras ocasiões especiais.
A segunda coisa a compreender é que o contexto não fala de crianças. Observe:
“Ah! Filha de Babilônia, devastadora; feliz aquele que te retribuir consoante nos fizeste a nós;
feliz aquele que pegar em teus pequeninos [עֹלָלַיִךְ - olalayikh] e der com eles nas pedra.” (Sl.137:8,9)
Acaso a Babilônia teria, literalmente uma filha? É claro que não! A ‘filha da Babilônia’ é uma personificação poética do Reino da Babilônia.
Da mesma forma, quando se fala aqui dos ‘pequeninos da Babilônia’, é uma referência aos babilônios em geral, e não a crianças!
Observe uma passagem com linguagem quase que idêntica, falando sobre Israel:
“Clama ao ETERNO, ó filha de Sião; corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês repouso, nem descansem os teus olhos. Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas diante do ETERNO! Levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus pequeninos [עֹלָלַיִךְ - olalayikh], que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.” (Lm. 2:18,19)
Repare que da mesma maneira, o Reino de Judá é chamado de ‘filha de Sião’. Sião é uma referência ao monte Sião, em Jerusalém. E os pequeninos são nada mais, nada menos que os próprios israelitas. Essa passagem também ajudará a compreender o contexto do salmo. Isso será visto mais adiante.
Voltando ao salmo, portanto, já vimos que quem fala é o salmista, e não o Eterno. E que ele não está se referindo a esmagar crianças contra a pedra, mas sim de vingança contra os babilônios.
E qual a razão dele estar se sentido assim? Para isso, observemos o começo do salmo:
“Junto aos rios de Babilônia, ali nos assentamos e nos pusemos a chorar, recordando-nos de Sião. Nos salgueiros que há no meio dela penduramos as nossas harpas, pois ali aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções; e os que nos atormentavam, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião.” (Sl. 137:1-3)
Observe que o salmista está no exílio, na Babilônia. E o povo judeu na Babilônia estava sofrendo muito, sendo atormentado pelos babilônios.
Os babilônios debochavam dos judeus, pedindo que eles cantassem sobre sua terra, que tinha sido destruída. O tema do livro de Lamentações, citado acima, é exatamente esse: Todo o sofrimento que pelo qual o povo judeu passou.
A Babilônia havia sido particularmente cruel com o povo judeu: Além de ter devastado Judá, levou a maior parte do povo cativa, e destruiu o Templo do Eterno. E ainda submetia o povo judeu a tormentos no exílio.
É absolutamente natural, portanto, que o salmista estivesse muito angustiado. O salmo deve ser entendido exatamente como ele é: O clamor desesperado de um homem que viu tudo o que tinha, sua terra natal, tudo aquilo que lhe era precioso e sagrado, e até mesmo sua própria família e amigos arrasados, destruídos e despedaçados por uma nação estrangeira.
Para trazer aos dias atuais, seria como um judeu no campo de concentração, na 2a. Guerra Mundial, clamando por vingança contra o exército dos nazistas.
Esse clamor do salmista pede que o Eterno se vingue da Babilônia (vide verso 8), e é nesse sentido que ele diz: Feliz aquele que der com os babilônios nas pedras.
Ou seja, o salmista entende que feliz seria aquele por intermédio de quem o Eterno exercesse vingança e juízo sobre a Babilônia por todas as atrocidades cometidas contra o povo judeu.
E observe que ele não queria simplesmente vingança por vingança. Ele queria ser liberto da tirania Babilônia, e voltar para casa:
“Mas como entoaremos o cântico do ETERNO em terra estrangeira? Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha destra da sua destreza.” (Sl. 137:4,5)
Como se pode perceber, longe de ser um convite à barbárie e à crueldade, este trecho do salmo não é nada mais do que a oração emocionada, passional por assim dizer, de um homem desesperado, clamando por libertação e justiça.
Mesmo assim, sobra ainda uma pergunta: Por que os juízes de Israel escolheram esse salmo, com uma linguagem tão gráfica, para figurar entre os cânticos de Israel?
Há duas razões para isso. A primeira é justamente para ensinar que nós podemos derramar completamente os nossos corações perante o Criador.
Nossos sentimentos não são todos lindos e belos. Frequentemente temos ira, raiva, sentimos o peso da injustiça, e desejamos ver retribuição. E não há nada de errado em ser sincero com o Criador. Não precisamos esconder dEle esses sentimentos.
No entanto, o salmista faz aquilo que é o mais correto nesses momentos. Ele entrega a situação nas mãos do Eterno. Observe:
“Lembra-te, ETERNO, contra os edomitas, do dia de Jerusalém, porque eles diziam: Arrasai-a, arrasai-a até os seus alicerces.” (Sl. 137:7)
(A referência aqui a Edom é porque os edomitas também tinham se aproveitado da situação e subido contra Judá, quando esse estava fragilizado combatendo inimigos externos.)
Ou seja, a lição é: Não importa qual o nosso sentimento, não há porque tentar escondê-lo do Eterno. Mas, o Eterno irá tratar e trabalhar nosso interior, e sempre agirá com justiça.
O segundo motivo era porque, muito possivelmente, os juízes sabiam que Israel viria a sofrer novo exílio, e que quando isso acontecesse, seria útil que tivessem a lembrança do que aconteceu, de como se sentiram, de como, por fim, o Eterno trouxe livramento.
Como se pode perceber, a boa exegese, que compreende adequadamente o texto bíblico em seu contexto dá trabalho. Pois requer uma leitura contextualizada não só pelo que há em torno dos versículos, como também pelos fatos históricos que cercam a passagem.
Antes de ler qualquer trecho bíblico, é importantíssimo se perguntar: Em que época foi escrito, e o que estava acontecendo naquele momento? Só assim poderemos entender a mentalidade e o sentimento do autor.
Mais uma vez, o objetivo não é falar de religião, mas sim da interpretação correta e adequada das Escrituras.
Aproveito o ensejo para também recomendar um estudo que também fala sobre a questão de outras passagens aparentemente cruéis:
http://qol-hatora.org/…/misterios-do-tanakh-tora-e-genocid…/

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Quão judeu é um convertido?

VOCÊ SABIA ?

Quão judeu é um convertido?

Várias pessoas discutem se uma pessoa convertida é judia ou não. Existe uma grande discriminação contra um convertido, e várias pessoas consideram-no um judeu de segunda categoria.
Este sentimento é errado. No Talmud inclusive há uma citação que diz que os convertidos são mais queridos por Deus do que aqueles judeus que estavam aos pés do Monte Sinai, pois não precisaram de trovões e maravilhas para aceitarem a Torá.
Mas a maior prova de que um convertido é um verdadeiro judeu é o Rei David. Este foi considerado o maior rei dos judeus e o messias dele descenderá. Mas este grande rei era descendente de uma convertida, Ruth, a moabita, que converte-se (de acordo com um rito bem liberal, podemos dizer...) ao seguir sua sogra (Naomi, que era judia) para Israel.
Se o messias descende de uma convertida, quem somos nós para julgá-los não judeus?
EXISTE UM LIVRO COMPLETO DA LEI JUDAICA?
Nenhum livro incorpora todas as leis religiosas a que estão sujeitos os judeus.
O máximo que se alcançou na compilação de um código legal único, é representado pelo Shulhan Aruch, obra do século XVI de autoria de José Caro, repositório das leis básicas que hoje em dia guiam a maioria dos judeus ortodoxos no mundo ocidental. Mas embora estes aceitem a maior parte do Shulhan Aruch, ainda assim não o consideram o corpo integral da lei judaica, soma de todos os códigos aceitos, comentários, emendas e responsas (respostas dos rabinos aos problemas suscitados pela experiência prática) contidos numa biblioteca inteira de escritos judaicos.
Outra obra de padrão é o Código de Maimônides, que registra, sistemática e logicamente, as opiniões contraditórias do Talmud.
Nem mesmo a Bíblia pode ser considerada norma imutável para a prática religiosa. As leis bíblicas relativas à poligamia, à cobrança de dízimos, à escravidão e a dezenas de outros assuntos, caducaram pela sua reinterpretação. Neste sentido, a lei rabínica e a Bíblia não são idênticas.
AS CERIMÔNIAS DA SINAGOGA SÃO RESERVADAS EXCLUSIVAMENTE A JUDEUS?
Existe entre os não-judeus uma noção mais ou menos generalizada de que a sinagoga é um lugar de mistério - exclusivo e inacessível a todos que não sejam fiéis. Tal suposição, na verdade, é completamente insustentável. Qualquer pessoa pode entrar numa sinagoga e a qualquer tempo. Em muitas casas de oração judaicas, estão inscritas sobre os altares as palavras de Isaías:
 "A MINHA CASA SERÁ UMA CASA PARA TODOS OS POVOS".
Até mesmo orações genuinamente judaicas, o Kadish dos lamentos fúnebres, por exemplo, tocam uma corda sensível nos homens de todas as crenças: "Que o Pai da paz envie paz a todos que choram, e conforme os deserdados da sorte que vivem entre nós".
Ninguém, seja qual for o seu credo, precisa hesitar em penetrar numa sinagoga ou templo, para observar, estudar, meditar - ou, se assim quiser, para rezar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Shaná Tová Umetuká

Shaná Tová Umeteká


Hoje a noite começa Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico… (Rosh = cabeça; Shaná = ano; ou seja, A Cabeça do Ano)

Nós seguimos um calendário diferente do calendário gregoriano (que é o calendário utilizado na maioria dos países), e estamos comemorando o ano 5773!
Em Israel comemora-se um dia de feriado… Em todos os outros países, os judeus comemoram dois!
 Costumamos desejar “Shaná Tová Umetuká” (Shaná = ano; Tová = boa; Metuká = doce; ou seja, Um Ano Bom e Doce)…

Temos o costume de comer maçã com mel, para que tenhamos um ano bom e doce!
Também comemos as sementes da romã, para que possamos cumprir tantas mitzvot (não existe tradução exata para esta palavra, mas acho que é algo semelhante a “boas ações”) quanto as sementes da romã!
Outro costume é comer língua de boi, que simboliza o desejo de “ser a cabeça e não a cauda” (ou seja, o desejo de liderar e não de “ficar para trás”)! – Neste caso, algumas pessoas colocam cabeça de peixe na mesa, ao invés de língua, mas é apenas uma questão de costume!
Rezamos sobre todos estes alimentos, comemos e depois temos a refeição… Que é, basicamente, um jantar em família!
De manhã frequentamos a sinagoga e rezamos bastante… São dois dias de reza e comida, basicamente! Hehehe…

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Luz para as Nações

Israel, uma luz para as nações. (Isaías 42:6)
Na foto, Israel visto do espaço.
O que você acha desse versículo? Uma infinidade de Religiões acham que a Igreja substituiu ISRAEL.
Se assim fosse o profeta Isaías seria um mentiroso e todas as promessas do Eterno D'us de Israel seria anuladas.

                           

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

FESTA DA LUZ, NÃO DO COMÉRCIO E DA OSTENTAÇÃO!

‎שאול בנציון‎ para Qol haTorá (Fórum)

FESTA DA LUZ, NÃO DO COMÉRCIO E DA OSTENTAÇÃO!
                                           

Todos os anos, o comércio da fé lucra com a venda de velas até mesmo (pasme!) com “selo de kashrut” para Hanuká! Afinal, muitos se convencem da necessidade de acender, ao todo, 44 velas de Hanuká durante a festa!
NADA CONTRA O COSTUME (note bem a palavra ‘costume’) de se acender 44 lâmpadas, velas ou coisa do gênero ao longo da festividade. Ou de se comprar velas importadas de Israel, etc. Desde que se entenda que isso não é obrigação.
Entenda, portanto, que a lei judaica exige apenas UMA lâmpada (ou vela) por residência, por noite. Um pouquinho de óleo e pavio já resolvem. Ou mesmo uma caixinha de velas comuns (total 8 velas). E não precisam ser “kasher” salvo se você queira comer a vela.
Se alguém quer ser muito dedicado com a lei judaica, conforme diz Rambam, deve acender uma lâmpada por pessoa na casa, por adulto. Ainda assim, isso não é obrigatório. E não há necessidade de mais de uma lâmpada por dia.
QUALQUER COISA fora disso é minhag (costume), e não deve ser imposto a ninguém. Afinal, a luz de Hanuká não é uma luz de ostentação, mas sim um símbolo de que a chama da verdade do Eterno sempre prevalecerá, mesmo em tempos de trevas.
Agora, como dito, se você tem acesso, condições, e gosta do costume de acender 44 lâmpadas, velas ou coisa que valha, não há, como dito, problema algum. Desde que isso não seja transformado na essência da festa!
Referência: Mishnê Torá - Sefer Zemanim - Hilkhot Meguilá waHanuká - Capítulo 4
(A imagem é de uma lata de sardinha transformada em lâmpada com furo no meio e pavio. Não só é totalmente adequada para Hanuká pela lei judaica, como ainda é produz uma bela chama. Para mostrar que quem confunde santidade com exuberância decorativa é o homem, e não o Criador.)


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Bebi Demais

Eu Geilson Roberto Bebi Demais

No auge da minha juventude tive uma predisposição para beber intensamente e bebia demais mais demais mesmo, chegando a ser alcoólatra, pessoas me desprezavam eu até entendo pois quem quer falar com um cachaceiro desacreditado por todos no fundo do poço, não guardo mágoa de ninguém pois aprenderam de forma errada que a bebida em demasia e um porta para adentrar ao mundo das drogas ilícitas o que não aconteceu comigo pois tive a chance e a misericórdia do D'us de Avraham, Iytz...hak e Yacov que me deu as armas para a cura pois meu caso era de internação mas as coisas aconteceram naturalmente e comecei a tomar muita água e a ler os salmos e pedia para minha mãe fazer chás que acalmavam meu corpo e minha alma sofrendo pela abstinência mas venci, venci graças ao "Dono dos Mundos' que sempre esteve comigo apenas eu não o queria enxergar que Ele estava a um palmo de mim, o desprezo que me deram naqueles tempos me atingiu muito, mas venci hoje não bebo mais, só digo a quem me desprezou não consigo ter raiva ou desprezo pelos que passam pelo que passei, tenho dó e vontade de fazer alguma coisa para tira-los desta falsa alegria e muitos dos que me desprezaram tenho pena, pois continuam no mesmo caminho que eu um dia abracei, pensando estar mim fazendo um bem, que me fez muito mal, mas me ensinou a ter humildade coisas que sempre tive, só que estava adormecido na minha juventude, sei que tive que passar por isto ou passei por escolha minha, ninguém tem culpa do que passei só eu só digo mais uma a vocês, o bom disto tudo é que não precisei de frequentar igrejas templos ou sinagogas para me afastar do vicio da bebida pois meu D'us se encontrava comigo em todos os lugares em casa andando ou deitado me dando forças para eu ser o que sou hoje um estudioso da Torá e mais ainda venerar a um D'us que lá atrás pensando eu estar só, Ele esperava a minha decisão de sair de onde eu estava e pedir a sua cura que me aconteceu.
Berndito ès Tu Dus de Avrham Iytzahak e Yacov.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

‚FALSOS PROFETAS, CABALÍSTAS E OUTRAS ESPÉCIES


“Profeta do meio de ti, dentre os teus irmãos, como sou Eu, o Eterno te fará surgir em todas as gerações; a ele ouvireis” (Devarim 18:15, Shofetim)
a porção da Torá de Shofetim, temos a revelação de D-us sobre quem pode ser considerado como um profeta, seja qual for seu nível e características particulares de seus pronunciamentos. Os sábios explicam que a expressão ‚do meio de ti‛ declara que não existe possibilidade de profecia exceto na Terra de Israel1. E sobre a expressão ‚dentre os teus irmãos‛, significa que Hashem deu ao Seu Povo, o Povo de Israel eminência sobre todos os outros povos, colocando o Seu espírito de profecia somente sobre eles. Mais ainda, sobre ‚como eu‛ é explicado, isso indica que deverá ser alguém que seja ‚um profeta de D-us, e não um que afirma ler as nuvens faz divinações‛2. Os versos desta porção de Shofetim continuam elucidando este assunto vital e avisando que o falso profeta – aquele que fala de coisas que contrariam a D-us – será morto.
Agora, levando em consideração que desde a destruição do Segundo Templo Sagrado, a profecia cessou na terra3, mas que os sábios ensinam que níveis menores do espírito Divino profético (nevuah) ainda são possíveis, tais como bat kól (‚filha da voz‛) ou hassagát rúach ha-kódesh (‚inspiração Divina‛), existem ainda sim e no nosso nível atual qualificações muito específicas para que a pessoa possa obter qualquer nível de inspiração e professar qualquer coisa sobre D-us. Felizmente, existem muitos mestres justos nos últimos tempos para nos ajudar guiar em direção a Redenção Final do único e verdadeiro Mashiach. Entretanto, o espírito do ‚falso profeta‛ (e não se engane, pois é um rúach, um espírito de fato) continua a pairar e se desenvolver como nunca em nossos tempos. Ainda que seus trajes e discursos tenham mudado com os tempos, ele invade a realidade inclusive ocupando meios aonde assuntos espirituais sérios e legítimos antes eram privilegiados – aonde se falava de D-us com retidão.
Agora, ainda que tenhamos inúmeros lugares corretos e abençoados, como sinagogas etc. que trazem sim os ensinamentos da Torá com amor e espanto, novos ‚centros de abismo‛ se espalharam e mesmo indivíduos predadores a fim de propagar o que se tornou popularmente conhecido como espiritualidade, ou ainda, o ‚espiritualismo secular‛ – a arma atual maior de todos os falsos profetas. O espiritualismo secular busca infectar a consciência humana atual com erros profundos sobre as verdades espirituais de D-us. De fato, este modelo de ensino nefasto é um caos feroz que se difunde agressivamente, afirmando sempre ensinar coisas místicas, espirituais, iluminadas, etc. Na essência, professa-se nestes lugares que ‚todo e qualquer caminho levam à união espiritual do homem e D‑us‛. Isso significa que para estes ignorantes e tolos, qualquer coisa (objetos, textos, rituais de várias religiões, etc.) pode e deve ser ‘misturado’, criando assim uma ‚estrutura religiosa autônoma‛; permitindo a estas pessoas ‚sentir‛ que assim se aproximam do Divino (pois de acordo com estes cultos, seitas, etc., ‚sentir‑se espiritual‛ é suficiente e equivale ao avodát Hashém sagrado – o serviço de devoção a D‑us de maneira santificada). Estas misturas que se formam e variam com a própria imaginação e desejo da pessoa (ou de quem ela segue), embaralham aspectos físicos e espirituais ‘absolutamente incongruentes’, trazendo resultados no mundo físico e nos espirituais nada menos do que devastadores, incorrendo assim nos difíceis decretos divinos que recaem sobre este mundo.
Hoje em dia, uma das maiores representações dessas misturas altamente perniciosas se dá através de absolutamente tudo que recebe o rótulo de ‚New Age‛ – um nome
(‚o lado do mal‛) que, como uma máscara, oculta todo o mal destas misturas que está por de trás e que é chamado de ‚todas as mesas estão imundas, manchadas por vômito, e não há um lugar que esteja limpo‛4. Também é preciso notar outras representações deste mal através de pessoas e supostos ‚centros espirituais‛ que apesar de conhecerem ‚algo‛ do caminho da verdade, por razões de autobenefício e auto‑glorificação, ‘esculpem’ da verdade da Torá uma outra – ‘falsa e inferior’. Estes líderes hereges (reformistas e conservadores, gentios que acham que podem falar de ‚Cabala‛, etc.) fazem isso para atingir ganhos materiais em troca de oferecer aos incautos desesperados um caminho ‚mais fácil‛, de atalhos infantis para o seu ‚crescimento‛ espiritual. Eles agradam seu rebanho com suas palavras falsas. Portanto, estes indivíduos são chamados de ‘falsos profetas’, e sobre eles a Torá afirma: ‚Se um profeta se levantar no meio de ti, ou sonhador, e te der um sinal do céu ou um milagre da terra, e realizar‑se o sinal ou o milagre de que te falou, e te disser: ‘Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo‑los!’ – não obedecerás às palavras daquele profeta ou daquele sonhador; porque o Eterno, vosso D‑us, vos está testando para saber se amais o Eterno, vosso D‑us, com todo vosso coração e com toda a vossa alma‛5.
Gravíssimo também é quando a própria intimidade do pensamento de D‑us, a nossa santa Cabalá, é disseminada por óbvios hereges arrogantes, ímpios profissionais. Estes propõem uma suposta ‚auto‑ajuda‛, mas que é completamente distante dos caminhos e verdades de D‑us. Em suas misturas profanas, eles deformam e zombam da vida santificada que demanda a Cabalá. Repletos de erros na formulação de seus de conceitos ‚sábios‛ (pois ‘nada’ de fato conhecem de Cabalá), estes mestres hipócritas vivem vidas que contrariam absolutamente a todos os princípios virtuosos da Torá e da Cabalá. Estes chamados ‚especialistas‛6 da sítra áchra propõem a ‘Cabalá sem Cabalát Torá’ (ou seja, a parte mística da Torá sem o ‘recebimento’ dela toda, a saber, sem os mandamentos de D‑us e o comprometimento com uma vida virtuosa, recatada, e reta de acordo com as leis de D‑us) – algo certamente vil, indigno, e completamente desprovido de santidade. Realmente um grande rebaixamento da santidade da Torá, sendo por estes ímpios tratada como mero entretenimento e negócio popular lucrativo.
É preciso entender que a Torá e os seus segredos ensinados pelo nível interpretativo da Cabalá não podem jamais serem aprendidos apenas de um livro. De fato, mesmo no judaísmo, muitos rabinos se perdem com este assunto e se auto-intitulam como mestres teóricos da Cabalá Iyyunit (‚filosófica‛). Sim, eles até podem ter muito conhecimento filosofia mística, mas eles não têm experiência real dos conceitos que eles leram a respeito por tantos anos. Eles receberam esta sua filosofia mística acreditando que ela seja Cabalá verdadeira, mas o Cabalistas verdadeiros se referem às escolas teóricas do Zohar, Ari”zal etc. como sendo meramente o pshat do Sód (‚o nível mais superficial do nível íntimo da Torá”). Ou seja, do nível mais básico da Torá Cabalística profética. Estes teóricos estudam os livros e academicamente dialogam sobre seu suposto aprendizado, mas nunca praticam qualquer técnica de expansão mental para lhes permitir vivenciar o que eles professam. Portanto, seu conhecimento dos assuntos que eles se pronunciam, apesar de serem intelectualmente desafiadores, são superficiais e rasos. Os teóricos, sem treinamento profético e experiência real não têm a habilidade de irem além do ponto em que seus meio-intelectos podem compreender academicamente os assuntos lidos em livros. Isto significa que todo os seu conhecimento é meramente teórico, e não verdadeiro. Eles acreditam que conhecem, mas na verdade não conhecem. Sem experiência, conhecimento verdadeiro não pode ser entendido de fato. A Torá íntima e secreta é aprendida de dentro da pessoa, de dentro dos recessos mais profundos da mente subconsciente.
Enfim, de fato, estes indivíduos e seus locais abundam hoje em dia, obtendo grande sucesso através da complacência, preguiça, arrogância, e ignorância dos seus inúmeros adeptos famosos e dos não tão famosos. E aquele que é ligado às estas idéias corruptas é um que se ‚curvará a outro deus‛7 o qual é vivificado pelas mentes e corações manchados de todos ‚que deixam a Torá e louvam os ímpios‛8. E em resposta a estes ímpios, é vital declarar guerra e assim resgatar a ‚Princesa Celestial‛, a Shechiná, que é mantida refém e é abusada nas mãos destes impiedosos. Se eles querem maltratar o que é santo, é preciso não se render a isso, como muitos de nossos irmãos têm feito, a saber, cortando fora este braço da Torá. Que D‑us não permita isso nunca. Pelo contrário, é tempo de pidión shivúyim (‚resgate dos prisioneiros‛).
Assim, é preciso lutar contra estes malfeitores espirituais, e devolver o que é nosso ao seu lugar santo. A Cabalá não pode de forma alguma ser mantida nas mãos dos impuros cultistas e hereges. O lugar da Cabalá é e sempre foi no bojo do Judaísmo –
aonde existir temor a D‑us.
1 Ver Ramba”n neste verso. Sobre a profecia de Ezequiel na Babilônia, ver Talmud, Moêd Katán 25a.
2 Rabi Avraham Ibn Ezra neste mesmo verso.
3 Talmud, Sanhedrin 64a; Yoma 69b.
‘codificado’ da sítra áchra.
4 Isaías 28:8.
5 Deuteronômio 13:2‑4.
6 Pasmem, mas muitos destes charlatões nefários se auto intitulam ‚especialistas em Cabalá‛.

Targum Faz Rute

Targum Rute Tradução de Samson H. Levey Capítulo 1. 1- Aconteceu nos dias do juiz de juízes que havia uma grande fome na terra de I...