quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Na véspera de Yom Kipur, todos devem receber 39 açoites.



O Shulchan Aruch (607:6) diz que na véspera de Yom Kipur, todos devem receber 39 açoites.

Em Sefarad, Tomas de Salamanca foi preso pela Inquisição (com mais outras 30 pessoas) por ter o costume de chicotear todos os membros da familia na véspera do Dia Grande.

Há quem use o couro do tefilin para chicotear. Outros usam um cinto de couro e os cabalistas em Israel preparam chicotes feitos com couro de boi e de burro, especialmente para este dia.

Quem vai ser açoitado se curva em direção ao norte. Quem administrar os açoites começa com o primeiro açoite no ombro direito, o segundo no ombro esquerdo e o terceiro na base da coluna, seguindo esta ordem até completar 39. Durante os açoites (leves e simbólicos) ambos recitam juntos o seguinte verso:

והוא רחום יכפר עון ולא ישחית והרבה להשיב אפו ולא יעיר כל חמתו

sendo cada palavra = 1 açoite

A Gemara em Makot 22b diz: “Quão tolas são as pessoas que ficam de pé para um Sêfer Torá e não para um grande homem (referente a um Talmid Chacham), pois a Torá diz 40 e os rabinos vieram e diminuiram 1.” Em outras palavras, para várias transgressões a Torá estipula a punição de 40 chicotadas e os sábios decidiram que o correto seriam 39 chicotadas.

Maharal comenta que esta passagem possue um fundamento muito importante, pois não há nenhuma forma neste mundo de que alguém pudesse interpretar 40 como sendo 39. Nenhum comentarista pode convencer alguém que o significado de 40 na verdade é 39... No entanto, nossos sábios não são meros comentaristas da Torá – eles são a própria Torá. Um Talmid Chacham é essencialmente Torá. Por isso, ele pode dizer que o significado de 40 é 39.

Por isso, tolo é quem fica de pé para um Sêfer Torá e não para m Talmid Chacham. O que resta para ser entendido é o porquê da Torá escolher ensinar que a pessoa recebe 39 chicotadas nesta maneira peculiar. Se a Torá queria dizer 39, então pq diz 40? Maharal diz que o motivo pelo qual um indivíduo é setenciado a 40 chicotadas é por que demora 40 dias para um embrião se formar. Sabendo que Hashem precisou de 40 dias com a “Yetsirat Havlad” e ao pecar, a pessoa desfaz o propósito da Criação, é apropriado que seja açoitado 40 vezes, uma vez por cada dia destes 40. Maharal diz que para o embrião ser criado, Hashem usa 39 dias para formar o corpo (Guf) e no quadragésimo dia sopra a Neshamá (alma) no corpo.
De acordo com a sentença, foi a pessoa por inteira que pecou e por isso a unidade completa (corpo e alma) devem ser punidos. No entanto, o Maharal continua, falando sobre os açoites em si, um a um, representando cada dia, ao chegarmos no trigésimo-nono dia, todos os pecados do corpo (Guf) teriam sido expiados. Só resta apenas a Neshamá, que é por essência pura. A Neshamá não pecou, então não precisa ser punida.
Kelal Israel entram em um periodo de expiação por 40 dias, de Rosh Chodesh Elul até Yom Kippur. Quarenta dias para expiar pelos 40 dias que Hashem se preocupou em criar o ser humano que agora se encontra em uma situação de pecado. No 39° dia, nós nos açoitamos, confirmando a punição que o corpo receberia pelos pecados. Porém quem não receber açoites na véspera de Yom Kipur, não poderá receber no dia de Kipur, que é o 40° dia, o qual corresponde à Neshamá e a Neshamá não precisa levar chicoteadas.
Desta maneira devemos compreender o maravilhoso presente que Hashem nos deu, chamado de Yom Kipur – O Dia da Neshamá. Nós retornamos à nossa essência.

Que Hashem nos abençoe com uma Gemar Chatimá Tobá, que possamos merecer Teshuvá sincera e possamos matêr contato com a nossa verdadeira essência – a mesma Neshamá que nos foi dada pelo próprio Eterno.

sábado, 7 de setembro de 2013


Fábula do Porco Espinho

                 
                                                



Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados, então precisavam fazer uma escolha:
Ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.
E assim sobreviveram.

Moral da História:

O melhor do relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, e admirar suas qualidades.

O Escorpião

O Escorpião
Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou. Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando. O mestre tentou tirá-lo novamente e outra vez o animal o picou. Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe disse: 
-Desculpe-me mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?
O mestre respondeu:
A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar. 
Então, com a ajuda de uma folha, o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida, e continuou: 
-Não mude sua natureza se alguém lhe faz algum mal; apenas tome precauções. Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Quando a vida lhe apresentar mil razões para chorar, mostre- lhe que tem mil e uma razões para sorrir.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam… é problema deles.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Pode a consciência humana ter continuidade após o cérebro ter parado de funcionar? Veja a opinião da Ciência e da Torá


Vida após a vida
"E formou, o Eterno D'us o homem, do pó da terra, e soprou em suas narinas o alento da vida; e foi o homem, alma viva." (Bereshit 2:7)
"E retornarás ao pó da terra como era antes; e o espírito retorna a D'us que o deu." (Cohelet 12:7)
Em 29 de junho de 2001, a agência de notícias Reuters noticiou que um cientista britânico estudando pacientes que sofreram ataques do coração afirma que está encontrando provas que sugerem que a consciência pode continuar depois que o cérebro parou de funcionar, e o paciente está clinicamente morto.
Reproduzimos aqui a reportagem completa da Reuters, e em seguida vejamos o que a Torá fala sobre este assunto.

Cientista afirma que a mente continua após a morte do cérebro
Um cientista britânico estudando pacientes que sofreram enfarte afirma que está encontrando evidência de que a consciência pode continuar após o cérebro ter parado de funcionar, e o paciente ter sido declarado clinicamente morto.
A pesquisa, apresentada a cientistas na última semana no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) faz ressurgir o debate sobre se há vida após a morte e se existe aquilo que chamamos de alma humana.
"Os estudos são muito importantes, pois temos um grupo de pessoas sem função cerebral... que tem processos de pensamento lúcidos e bem estruturados, com raciocínio e formação da memória mesmo quando se demonstrou que seu cérebro não funciona," declarou Sam Parnia, um dos dois médicos do Hospital Geral de Southampton, na Inglaterra, que têm estudado as assim chamadas experiências na proximidade da morte (NDE).
"Precisamos de estudos em maior escala, mas a possibilidade certamente está lá" para sugerir que a consciência, ou a alma, continua a pensar e raciocinar mesmo se o coração da pessoa parou, não está respirando e sua atividade cerebral é nula, disse Parnia.
Ele disse ter conduzido, juntamente com colegas seus, um estudo inicial com um ano de duração, cujos resultados apareceram na edição de fevereiro do jornal Resuscitation. O estudo foi tão promissor que os médicos formaram uma fundação para avançar mais a pesquisa e continuar a coleta de dados.
Durante o estudo inicial, disse Parnia, 63 pacientes enfartados foram considerados clinicamente mortos, mas posteriormente revividos, foram entrevistados dentro de uma semana após suas experiências.
Destes, 56 disseram não se recordar do tempo em que ficaram inconscientes, e sete relataram ter lembranças. Destes, quatro foram classificados NDE por terem reportado lembranças lúcidas de pensamento, raciocínio, movimentos e comunicação com outros após os médicos determinarem que seu cérebro não estava funcionando.
Sentimentos de paz
Entre outras coisas, os pacientes contaram lembrar-se de sentimentos de paz, alegria e harmonia. Para alguns, o tempo passou mais depressa, os sentidos se aguçaram e eles perderam consciência de seu corpo.
Os pacientes também relataram ter visto uma luz brilhante, entrarem em uma outra dimensão e comunicarem-se com parentes falecidos. Outro, que chamou-se de católico afastado, relatou um encontro próximo com um ser místico.
Experiências de quase morte têm sido relatadas por séculos, mas no estudo de Parnia, descobriu-se que nenhum dos pacientes recebeu baixo nível de oxigênio, o que alguns céticos acreditam que possa contribuir para o fenômeno.
Quando o cérebro é privado de oxigênio, as pessoas tornam-se totalmente confusas, agitadas, e geralmente não têm quaisquer lembranças, disse Parnia. "Aqui há uma séria lesão cerebral, mas perfeita memória."
Os céticos sugeriram também que as lembranças dos pacientes ocorreram nos momentos em que estavam perdendo a consciência, ou voltando a ela. Mas Parnia disse que quando um cérebro é traumatizado por um ataque ou acidente de carro, geralmente o paciente não se lembra dos momentos imediatamente antes ou depois de perder a consciência.
Ao contrário, geralmente há um lapso de horas ou dias. "Fale com eles, e lhe dirão mais ou menos isso: 'Só consigo me lembrar do carro e a próxima coisa que sabia foi que estava no hospital,'" disse ele.
Com um ataque cardíaco, o dano ao cérebro é tão sério que pára o cérebro por completo. Portanto, seria de se esperar uma profunda perda de memória antes e depois do incidente," acrescentou ele.
Desde a experiência inicial, Parnia e seus colegas encontraram mais de 3500 pessoas com memórias lúcidas que aparentemente ocorreram durante o tempo em que foram consideradas clinicamente mortas. Muitos desses pacientes, disse ele, estavam relutantes em compartilhar suas experiências, temendo ser chamados de loucos.
O caso da criança
Um paciente tinha 2 anos e meio quando sofreu um ataque e seu coração parou. Seus pais contataram Parnia depois que o menino "desenhou-se como estando fora do corpo, olhando para si mesmo. No desenho, havia como que um balão ligado a ele. Quando perguntaram o que era o balão, ele disse: 'Quando você morre, vê uma luz brilhante e está ligado a um cordão.' Ele ainda não contava três anos quando passou pela experiência," disse Parnia.
"Os pais perceberam que, após receber alta do hospital, seis meses depois do acidente, ele continuava desenhando a mesma cena."
Acredita-se que a função cerebral que estes pacientes têm quando inconscientes seja incapaz de manter processos de raciocínio lúcidos, ou permitir que se formem lembranças duradouras, disse Parnia - enfatizando o fato de que ninguém entende totalmente como o cérebro cria os pensamentos.
O próprio cérebro é constituído de células, como todos os outros órgãos do corpo, e não é realmente capaz de produzir o fenômeno subjetivo de pensamento que as pessoas têm, disse ele.
Ele especulou que a consciência humana possa trabalhar independentemente do cérebro, usando a matéria cinzenta como um mecanismo para manifestar os pensamentos, assim como o aparelho de TV transforma ondas no ar em quadros e sons.
"Quando o cérebro é lesionado ou perde algumas características da mente ou personalidade, isso não significa necessariamente que a mente está sendo produzida pelo cérebro. Tudo que demonstra é que o aparato está danificado," disse Parnia, acrescentando que pesquisas mais profundas poderiam revelar a existência da alma.
"Quando estas pessoas estão tendo experiências dizem que: 'Tive esta dor intensa em meu peito e de repente estava flutuando no canto de meu quarto, e estava tão feliz, tão confortável. Olhei para baixo e percebi que estava vendo meu corpo, e os médicos todos à minha volta, tentando salvar-me, e eu não queria voltar.'

"O principal é que eles estão descrevendo ver esta coisa no quarto, que é seu corpo. Ninguém jamais diz: 'Eu tive esta dor e em seguida minha alma me abandonou.'"
A visão da Torá


Vejamos agora o que dizem nossos Sábios no Talmud, Midrash e no Zôhar, obras que foram escritas aproximadamente 1800 anos atrás.
A alma pairando sobre o corpo
Muitos relataram que sua alma pairava sobre, e ao redor do corpo.
"Durante três dias após o falecimento, a alma paira por cima do corpo, pensando que irá retornar a ele." (Talmud Yerushalmi Moed Catan 3:5, Yevamot 16:3)
"Durante os sete dias a alma vai e vem entre a casa e a sepultura." (Zôhar Vaychi 218b, 226a)
Um túnel escuro
Alguns relataram que quando deixaram o corpo passaram por uma caverna escura.
"Quando a alma parte deste mundo, ela sobe pela Caverna da Machpelá [local em Hebron onde os patriarcas estão enterrados], já que lá é o portal do paraíso." (Zôhar Vayechi 219 - 250)
A luz brilhante
Muitos relataram a presença de uma luz muito forte acompanhada de uma profunda sensação de amor atraente.
"Rabi Dossa diz: está escrito (Shemot 33:20) '...pois não poderá ver-Me o homem, e viver', na vida eles não enxergam, porém na morte sim." (Midrash Bamidbar Rabá Nasso)
"A alma tem uma grande dificuldade em se separar do corpo, e o ser humano não falece até que enxergue a Luz Divida, e em razão da ânsia por esta visão, a alma sai para receber a face da divindade." (Zôhar Kedoshim cap. 8)
Encontro com familiares
Muitos relataram que amigos e familiares já falecidos vieram alegremente ao seu encontro.
"Quando um justo falece... D'us fala para eles: 'Venham justos para recepciona-lo', e eles falam para o falecido: 'Venha com paz.'" (Talmud Ketuvot 104)
"Quando um ser humano falece ele recebe permissão de enxergar, e ele vê seus colegas e parentes do Mundo Acima e os reconhece; eles estão com a mesma aparência que estavam neste mundo. E se tiver o mérito, todos se mostram felizes perante ele... e o acompanham." (Zôhar Vaychi 218b)
O Talmud (Berachot 28) relata que quando Rabi Yochanan estava falecendo disse: "Preparem uma cadeira para Chizkiyahu, rei de Yehudá, que veio me acompanhar".
Imagens nítidas da vida
Muitos relataram que os acontecimentos de sua vida, desde o dia que nasceram até o momento, passaram na sua frente, como se fosse um vídeo em tela grande.
"Quando o homem falece, todos seus atos são detalhados perante ele, e lhe falam: 'Assim fizeste no dia tal, e certamente você poderá conferir.' Ele responde: 'Certamente.'" (Sifri Haazinu)
"Reconheça o que existe acima de você: um Olho que vê, um Ouvido que escuta, e todos seus atos estão registrados em um Livro." (Ética dos Pais, 2:1)
Vista panorâmica
Muitos que voltam a viver, viram e escutaram tudo ao seu redor, inclusive os mínimos detalhes do processo de sua reanimação com precisão surpreendente.
"Tudo que é dito perante o defunto, ele sabe, até tamparem a cova." (Talmud Shabat 152b)
"Disse Rav para Rabi Shemuel bar Shilat: 'Capriche no meu elogio fúnebre, já que estarei presente lá ouvindo suas palavras." (Talmud Shabat 153a)
Conclusão: acreditamos na vida após a vida?
Não há nada após a vida, porque a vida jamais termina. Apenas vai mais e mais alto. A alma é liberada do corpo e retorna para mais perto da sua fonte, como jamais anteriormente.
A Torá assim presume várias vezes em sua linguagem - descrevendo a morte de Avraham, por exemplo, como "indo para descansar com seus pais" e frases similares. O Talmud discute as experiências de muitas pessoas que fizeram esta viagem e voltaram. Obras clássicas do judaísmo como Maavor Yaboc descrevem o processo de entrar no mundo superior da vida como um reflexo das experiências da alma dentro do corpo: se a alma ficou presa a prazeres materiais, passa pela dor de ser arrancada deles, para que possa vivenciar o prazer infinitamente mais elevado de aquecer-se na luz Divina. Se estiver impura e ferida por atos que a separaram de seu "eu" verdadeiro enquanto estava aqui embaixo, então deve ser purificada e curada.
Por outro lado, as boas ações e a sabedoria que adquiriu em sua missão na terra servem como proteção para sua jornada rumo ao alto. Você deseja uma roupa espacial realmente boa para fazer esta viagem.
O Zôhar nos diz que, se não fosse pela intercessão das almas puras lá em cima, nosso mundo não duraria nem por um momento. Cada uma de nossas vidas sofre o impacto forte da obra de nossos ancestrais no outro mundo. A vovó, portanto, continua tomando conta de você.
Por que as almas de nossos antepassados, que estão confortavelmente banhando-se na luz Divina lá em cima, deveriam se preocupar sobre o que está acontecendo com a nossa vida tão inferior e mundana aqui embaixo?
A resposta é simples. É que estando lá em cima, estas almas passaram a conhecer o que lhes foi revelado (tão fácil de ignorar enquanto estamos vivendo aqui em baixo). Na verdade, passam a entender que o mundo no qual vivemos é na realidade o centro do grande palco da vida e de todo o propósito da Criação; a razão de D'us ter criado tudo que existe.
O mundo real, onde ocorreu o início e onde ocorrerá o final, a história conclusiva, enfim, tudo será revelado aqui, quando atingirmos a época da Ressurreição dos Corpos, onde todas as almas retornarão aos seus corpos físicos neste mundo. E eles sabem disto e aguardam ansiosos.

A vida após a vida, será entendida na verdade como a continuidade da própria vida que por si só, representa o plano que D'us nos reservou... desde o principio.

O QUE É ALMA


                                     

Se você se beliscar poderá sentir que está vivo. Se alguém lhe chamar aos gritos, você certamente irá atender ao chamado. Seus sentidos lhe orientam como reagir a cada ato que ocorre em sua vida. Mas quando alguém a quem você ama muito lhe magoa ou lhe ofende, que sentido você usa para expressar o que sente, além das lágrimas que escorrem em sua face?

Sua alma!

Uma alma é Energia Divina; é existência além da matéria. É a parte de você que existe além da matéria, além de seu corpo e de seus cinco sentidos. Não pode ser vista. A alma é para o corpo aquilo que o astronauta é para a roupa espacial; funciona como uma bateria, dando vida e animação. Tire o astronauta da roupa, e esta será basicamente inútil. Tire a alma do corpo, e o corpo basicamente desmorona. (Isso é a morte - a separação entre corpo e alma).

É impossível dar uma definição concreta da alma, pois a alma não é uma entidade concreta mas abstrata. Não é matéria - é energia - mas também não é energia física. É energia Divina, um pedacinho de D'us dentro de você.

A pessoa teria de na verdade fazer calar os sentidos para sentir a alma. Se você fosse cego, surdo, mudo, sem nariz e com o tato insensível, ainda estaria vivo dentro de si mesmo. Mas que parte de você ainda está viva? Eis o que é a alma.

   
 
Você tem um corpo? Se respondeu "sim", quem é este "eu" que tem um corpo? Não poderia ser o corpo - não se pode dizer que o corpo tem um corpo. Então, isso é o que chamamos de alma

 
Mas como sabemos que temos uma alma? Basta me acompanhar no simples raciocínio: Você tem um corpo? Se respondeu "sim", diga-me: Quem é este "eu" que tem um corpo? Não poderia ser o corpo - não se pode dizer que o corpo tem um corpo. Então, isso é o que chamamos de alma. De forma mais abrangente, somos um composto de alma e corpo. Isso explica porque somos tão confusos, certo?

Mas como devemos expressar nossa alma? É fácil, basta seguir algumas instruções:

1. Torne-se espiritual

A espiritualidade é para sua alma aquilo que o alimento é para o corpo. Antes que você possa expressar sua alma, deve nutri-la. Um homem faminto não pode ganhar uma corrida, e uma alma faminta não pode expressar-se. Para alimentar sua alma, dê-lhe espiritualidade. Faça atividades espirituais.

2. Estude Torá

Nada é mais poderoso e nutritivo para a alma que o estudo de Torá. Quando você estuda Torá, está lendo a mente de D'us. Sua alma eleva-se, fortalecendo-se com grandes pedaços de energia espiritual, que pode usar para realizar outras coisas espirituais.

3. O que são "coisas espirituais?"

São outras coisas boas e positivas que não têm resultado físico e tangível - são espirituais, portanto você não pode ver com seus olhos físicos. Por exemplo, imergir na prece ou cumprir qualquer mitsvá (preceito da Torá) é uma coisa espiritual. E atos de amor e bondade, embora sejam coisas espirituais, têm ainda o benefício de um resultado tangível, físico - um relacionamento aperfeiçoado ou uma pessoa grata por receber sua ajuda.

Rabino Simon Jacobson explica a alma desta forma:

"Uma alma é nossa identidade interior, nossa razão de ser. A alma da música é a visão do compositor que energisa e dá vida às notas tocadas em uma composição musical.

"Cada Alma é a expressão da intenção e visão de D'us ao criar aquele ser em especial. Cada um de nós é uma nota musical única, numa grande composição cósmica. É nossa obrigação descobrir nossa alma e tocar sua música singular."

Então, o que está esperando? Entre já em sintonia. Afine-se... refinando sua alma a cada dia!

Tsedcá salva vidas

                                         
 
Na praça do mercado de uma certa cidade em Israel, sentava-se um famoso astrólogo que podia prever o futuro das pessoas. Naquele preciso instante passaram dois alunos de Rabi Chanina, carregando machados. Estavam obviamente se dirigindo aos bosques para cortar madeira para o Bet Hamicdash.

O astrólogo os viu à distância e disse ao povo que o rodeava: "Estão vendo aqueles dois jovens caminhando ao longe e conversando tão alegremente? Não sabem que a morte os está espreitando na floresta. Olhem bem, e poderão ver que eles não voltarão vivos."


Os dois estudantes continuaram seu caminho, alheios ao fato de que eram objeto de conversas, principalmente de uma terrível previsão como aquela.


Nos arredores da cidade, foram abordados por um mendigo que implorou por comida.


"Tenham pena de mim, cavalheiros. Estou morrendo de fome; dê-me algo para comer, por favor."


Embora os estudantes nada tivessem além de um pedaço de pão cada um para enganar a fome pelo resto do dia, prontamente repartiram seu lanche com o mendigo e seguiram seu caminho, continuando a discutir os ensinamentos que tinham aprendido naquele dia com seu grande mestre.


Logo após o sol se pôr, os estudantes estavam prontos a voltar à cidade, tendo juntado toda a madeira que conseguiam carregar. Caminhavam de volta alegremente como de costume, empreendendo animadas discussões pelo caminho.


Ao se aproximarem da praça onde o astrólogo ainda entretinha a multidão, houve uma certa comoção entre as pessoas ao redor do astrólogo. Algumas delas começaram a zombar do observador de estrelas: "Hei, seu profeta sabe-tudo! Há dois cadáveres andando ali! Suas estrelas o enganaram. Os dois estudantes parecem bem robustos e vigorosos, e perfeitamente vivos!"


O astrólogo, que não deixara de perceber os dois jovens, estava genuinamente espantado, mas não ficou mudo.


"Mantenho ainda," disse ele, "que o fado de cada pessoa está claramente escrito nas estrelas, se puder entender o que falam. Estes dois jovens eruditos estavam definitivamente destinados a morrer neste mesmo dia em um terrível acidente, mas de alguma forma conseguiram enganar a morte. Logo descobriremos."


Ao dizer isso, o astrólogo elevou a voz, chamando os dois estudantes. Quando chegaram até ele, disse-lhes: "Incomodam-se ser eu verificar o que carregam nestes feixes?"


Os dois estudantes prontamente atiraram os dois feixes de gravetos no chão. O astrólogo começou a esmiuçar a madeira, e logo sua face se iluminou. Encontrou uma cobra morta, partida ao meio, uma parte em cada feixe.


"Vejam," disse triunfante ao povo ao seu redor, "quão próximos eles estiveram da morte. Estas serpentes são do tipo mais letal; sua picada certamente significa a morte. Mas vejamos o que aconteceu," continuou ele, voltando-se aos estudantes que lá estavam, pálidos, por um lado assustados, por outro felizes de terem escapado da morte. O astrólogo pediu-lhes para contar o que havia acontecido naquele dia.


Os estudantes pouco tinham a dizer, exceto o incidente com o mendigo a quem haviam alimentado a caminho do bosque.


"Entendem, meus amigos?" - exclamou o astrólogo. As estrelas não erraram. Mas o D'us dos judeus pode ser apaziguado por uma migalha de pão dada a um homem pobre! Aquele ato de caridade, pequeno como possa parecer, salvou-lhes da morte certa e dolorosa!"

Dona Gracia Nasi (1510-1568), uma Mulher com História

Dona Gracia Nasi (1510-1568), uma Mulher com História
                                    
Nascida no seio de uma rica família de marranos em Portugal em 1510, Gracia era conhecida por seu nome cristão, Betriz de Luna. O nome de sua irmã era Reina, batizada Brianda. Seu irmão Samuel Nasi (que tinha o nome de Agostinho Miguel), era médico da corte e catedrático de medicina da Universidade de Lisboa, morreu em 1525 e Gracia assume a responsabilidade de criar os filhos de seu irmão, João (José) e Agostinho (Samuel). Assim como os outros marranos os Nasi viviam como cristãos devotos em público e praticavam secretamente o judaísmo. 
Com 18 anos de idade, Gracia contraiu nupcias com Francisco Mundes, marrano e próspero baqueiro. Ele e seu irmão Diego, que administrava os negócios em Antuérpia, ajudavam marranos perseguidos pela inquisição a escapar utilizando-se de suas empresas e império financeiro.
Quando a inquisição chegou a Portugal em 1536, Francisco se preparou para unir-se a seu irmão em Antuérpia, porém ficou doente e morreu antes de poder realizar seu plano.
Gracia Nasi Mendes, tinha então 26 anos quando juntamente com sua filha pequena, Reina a jovem, enterrou o seu esposo como cristão e abandonou Lisboa.
Embarcaram além de Gracia e sua filha, sua irmã Reina seus sobrinhos José e Samuel em um dos navios mercantis dos Mendes rumo a Londres, levando a bordo todos os seus pertences.
De Londres a família viajou para os Países Baixos atravessando as rotas ideais para os marranos. Chegaram a salvo em Antuérpia, onde Gracia se uniu com seu cunhado Diego como sócia plena nos negócios, enquanto que sua irmã Reina tornou-se sua esposa. Reina e Diego tiveram uma filha a quem chamaram Gracia a Jovem, pois Gracia e Francisco haviam dado a sua filha o nome Reina a Jovem, em honra a tia.
Durante seis anos, Gracia participou da sociedade aristocrática e do mundo de negócios de Antuérpia e com seu cunhado continuaram ajudando marranos a fugir de Portugal. Diego confiva tanto em sua cunhada Gracia que em seu testamento a nomeou única administradora de seus bens e tutora de sua filha.
Quando Diego morreu em 1542, o controle de toda a fortuna dos Mendes passou as mãos de Gracia, assim como a responsabilidade pelo bem-estar de sua família. Para tal contava com a ajuda de seu sobrinho José, então com 22 anos, um hábil homem de negócios e excelente diplomáta.
Em 1544, quando Reina, a formosa e abastada filha de Gracia tinha 14 anos, foi pedida em casamento pelo ancião Don Francisco de Aragão, nobre católico e membro da realeza. Gracia estava decidida que sua filha se casaria com um judeu. Tão pressionada estava pela família imperial que planejou transferir suas posses e abandonar a cidade. Fingindo estar recuperando-se de uma doença, Gracia, sua irmã e suas duas filhas viajaram ao balneário de Aquisgran, de lá seguiram a Lyon e finalmente a Veneza.
José permaneceu em Antuérpia para supervisionar os bens da família, que nessa época estavam em nome das jovens Gracia e Reina, sendo Gracia Nasi sua administradora e tutora até que alacançassem a maior idade.
Logo escaparam e suas propriedades e bens foram embargadas. Passados dois anos de negociação e consideráveis prestamos ao imperador, José conseguiu recuperar a fortuna da família e transferir os negócios a outros lugres, principalmente Lyon. Então abandonou Antuérpia e se reuniu com o resto da família em Veneza. 
Em Veneza, Gracia foi denunciada como judaizante por sua irmã Reina, quem esperava obter o controle da riqueza da família. Gracia foi sumariamente detida e enviada a prisão, e suas propriedades foram embargadas. Reina também foi denunciada por um agente francês da empresa dos Mendes a quem ela havia subornado, e as jovens Reina e Gracia, foram enviadas a um converto. Uma vez mais, José empregou seus notáveis habilidades diplomáticas para conseguir que o sultão turco exija a libertação de Gracia.
Reconciliada com sua irmã e com suas filhas novamente sob sua custódia, a família se mudou para Ferrara. Nesta cidade em 1550, Gracia se despojou de sua identidade cristã e confessou abertamente seu judaísmo. A partir desse momento foi conhecida como Dona Gracia Nasi, em vez de Beatriz de Luna, e intensificou sua ajuda aos emigrantes marranos.
Financiou a publicação da primeira tradução da Bíblia hebraica para o espanhol, assim como outras obras em hebraico, espanhol e português, e participou intensamente dos assuntos da comunidade judaica.
No entanto, o clima de intolerância cristã na Europa se itensificava; além disso, os judeus poderosos eram muito melhor recebidos pelo sutão turco Suleiman, a quem Gracia Nasi lhe era muito grata. Em 1553 transladou-se com sua família e fortuna para Constantinopla, capital do Império Otomano.. As comunidades judaica e marrana da cidade lhe fizeram uma majestosa recepção, pois para esses havia se tornado uma lenda. 
Estabeleceu-se em uma imponente mansão nos subúrbios, onde cebrava luxuosas festas, desenvolvia uma ampla atividade beneficente e oferecia comidas grátis a 80 pobres diariamente. O comércio de lá, grãos, especiarias e textil no Império turco prosperou tal como havia acontecido na Europa cristã e assim conseguiu continuar suas boas obras como patrona de sábios, academias e sinagogas em Cosntantinopla, Salônica e outros lugares.
Uma das primeiras promessas que cumpriu em Turquia foi a que tinha feito a seu falecido marido: enterrá-lo na Terra de israel. Como a Palestina se encontrava sob o domínio otomano, conseguiu que os restos mortais de seu esposo fossem transportados secretamente de Lisboa e enterrados de novo ao pé do Monte das Oliveiras.
Em 1554, a inquisição alcançou o porto italiano de Ancona, um centro de comércio internacional. Dezenas de marranos, muitos deles mercadores e alguns agentes ou amigos pessoais da família Nais, foram detidos e torturados. Com a intervenção do sultão, Dona Gracia conseguiu que alguns deles fossem libertados por serem súditos turcos, mas a maioria permaneceu encarcerada até confessarem seu erro. Vinte e quatro prisioneiros que se recusaram a renegar sua fé morreram na fogueira.
Como represália, Dona Gracia intercedeu por um boicote geral do porto de Ancona por parte da comunidade financeira judaica do Império Otomano, sob pena de excomunhão.

Mesmo que muitos rabinos e líderes de comunidade apoiaram sua proposta, esta foi rechaçada devido a oposição de Josué Soncino, rabino da Grande Sinagoga de Constantinopla.
Dona Gracia Nasi dirigiu então suas energias a Terra Santa. Havendo passado sua vida transladando de um refúgio inseguro a outro, resolveu iniciar a reconstrução do verdadeiro lugar do povo judeu.
Em 1560, com a ajuda de seu sobrinho José, propos as autoridades de Constantinopla que lhe fosse vendida a conseção de Tiberíades e sete aldéias adjacentes em troca da receita de impostos além de uma cota anual de mil ducanos.
Don José Nasi foi nomeado governador de Tiberíades; seu auxiliar José ibn Adret foi enviado a supervisar a reconstrução da cidade e seus muros. Dona Gracia estabeleceu uma academia que atraiu eruditos e construiu um palacio para si mesma cerca das fontes térmicas de Tiberíades.
José importou ovelhas e amoureiras a fim de produzir lã e criar XXXXX(gusanos) de sêda e assim estabelecer a base para uma rentável indústria textil na cidade. 
Intensamente envolvida em seus numerosos intereses e ocupações, Dona Gracia postergou sua mudança de Cosntantinopla a Tiberíades.
Quando faleceu em 1569 com 59 anos de idade, sua morte causou uma onda de pesar nas comunidades judaicas da Europa e do Império Otomano.
Sua memória está perpetuada em publicações eruditas e foi louvada nas sinagogas, sendo comparada com as grandes heroínas bíblicas. Dona Gracia Nasi "a coroa da glória das mulheres virtuosas" e "o coração de seu povo", é lembrada como a mulher judia mais
destacada de sua geração.

Extraído: “Entre Mujeres –Ajdut”

domingo, 1 de setembro de 2013

Chanuká: de volta à casa ancestral - Elias Salgado

Chanuká: de volta à casa ancestral - Elias Salgado

Estamos duplamente em festa. Em todos os cantos deste planeta azul, velas serão acesas em milhões de chanukiot, durante 8 dias, a partir desta noite. Este belo costume se repete, ano após ano, initerruptamente, há milênios. 

Nossa tradição, acostumada a marcar e a sacralizar cada ato e cada passagem do tempo, num eterno rememorar, que é a base de sua própria essência e a garantia de um futuro através desta prática ancestral, no presente de cada geração, aponta, no caso particular do comemorar Chanuká, para uma constante busca de retornar a tempos gloriosos, tempos de luz.

Chanuká, também, registra uma (re) inauguração - a do Templo Sagrado, outrora existente em Jerusalém.
Marco central da vida judaica de então, o Templo era o local onde se guardava a Lei - personificada por duas tábuas com os 10 Mandamentos, que continham em sí, a totalidade e a síntese da moral e da ética, em formato de código de leis, a Torá.

Não que o Templo, não fosse importante, certamente o era pelo que guardava e pelo que representava, mas era a Arca Sagrada, guardada no local mais sagrado da Casa de D-us , contendo aquele conhecimento em forma de "farás e não farás"- base e norte de um povo e modelo para a humanidade- a verdadeira personificação do que é realmente valoroso para  povo judeu.

O Templo poderá ser reconstruído, como preveem as profecias sagradas, na era messiânica, porém, o mais importante, foi o grandioso ato do povo judeu, de apesar da tragédia que foi a destruição doTemplo e o consequente exílio de Israel, haver sabido levar consigo e preservar, para onde quer que fosse, a essência desta "casa ancestral" e sabiamente tê-la tornado ainda mais grandiosa, através do cumprimento, da preservação, e do estudo.

E estamos em festa também, pela inauguração(criação) de um novo veículo - o blog UNIVERSO SEFARADÍ - mais um espaço para resgate, preservação e registro da  milenar cultura judaica sefaradí; ela também parte fundamental do grande legado que teve seu início em torno daquela Casa Gloriosa, trasladou-se por contigências históricas para a Península Ibérica( Sefarad), sofreu uma nova e traumática usurpação ( a Inquisição e a consequente expulsão de 1492), e outra vez se dispersou pelo mundo na chamada Diáspora Sefaradí.  É sobre esta diáspora, este rico universo de tradições e cultura que escreveremos e notificaremos em nosso novo blog.
UNIVERSO SEFARADÍ, nasce no ventre de outro veículo que já é parte da história judaica brasileira, o AMAZÔNIA JUDAICA. É parte integrante dele e com ele caminhará lado à lado, ampliando a obra iniciada e mantida tão brilhantemente por David Salgado.

Feliz Chanuká .
                                                            

Uma língua dos judeus - Álvaro Cunha / Especial para o AHJB

                           
Uma língua dos judeus - Álvaro Cunha / Especial para o AHJB

Para os ascendentes dos sefaradim, judeus da Península Ibérica, 5252 − 1492 pelo calendário cristão − é concebido como o desditoso ano, em que personae non gratae (a rainha Isabel de Castela, o rei Fernando de Aragão e o frade dominicano Torquemada) e acontecimentos (Inquisição e expulsão) afligiram os israelitas da região. 
Muitos foram assassinados e suas propriedades usurpadas mesmo antes de dizerem adeus, outros dissiparam-se da Espanha e se precipitaram mundo afora, rumando para longe da Península Ibérica. A Inquisição, tribunal eclesiástico conhecido como Santo Ofício e que perseguia judeus, muçulmanos e irreligiosos, tornou-se famosa em razão da sangria, queimações em praças públicas e torturas. Sob a égide do 4¢ª Concílio de Latrão, em 1215, esteve em intenso exercício até a primeira metade do século 19, sendo mais inflexível na Espanha e em Portugal.




A língua usual dos sefardim que imigraram para a Turquia, Sérvia, Bulgária, Romênia, Grécia, Israel, França e regiões circunvizinhas, foi o ladino; a dos que imigraram para o norte da África,  ficou conhecida como hakitía.
Apesar de ambas terem a mesma origem − castelhano −, o ladino é basicamente o idioma de Castela do século 15, recheado de palavras turcas, italianas, gregas, francesas, hebraicas, entre outras, mas com a idiossincrasia fonético-fonológica e morfossintática ibérica. Não  muito diferente, a hakitía resulta da soma de três idiomas − 42% de castelhano do século 15, 38% de árabe marroquino e 20% de hebraico litúrgico −, que é igual ao judeu-marroquino.
Hakítico-falantes entendem o que ladino-falantes querem dizer, mas o contrário não é verdadeiro. A hakitía é mais oral que escrita, fala-se com maior freqüência do que se escreve; há irrisórios documentos oficiais e religiosos, contudo o número de missivas familiares é relativamente significativo. Não se chegou a um consenso para definir a grafia da hakitía − em caracteres latinos ou hebraicos. Os hakítico-falantes nunca se importaram em estabelecer um alfabeto para a língua.
Os judeus sefardis, séculos atrás, experimentaram uma situação de isolamento absoluto − social, cultural e linguístico −, se comparados com seus patrícios de outras regiões.  Criaram, então, formas especiais de falar, seja por particularidades culturais ou por autodefesa, a fim de se comunicarem sem serem compreendidos por não-judeus.
As chamadas línguas judaicas surgiram por pelo menos três razões. 1- Segregação: os judeus não adquiriram as normas dos dialetos não judaicos coterritoriais por causa da exposição limitada à sociedade não judaica. Como resultado, eles podiam não seguir normas não judaicas de padronização. Suas línguas, cortadas das inovações lingüísticas que afetavam os falantes não judeus, se tornavam arcaicas; 2- Separatismo religioso: o judaísmo encorajaria o uso do hebraico e do aramaico e apresentaria relativo fechamento para os termos da língua nativa que denotassem conceitos religiosos não judaicos e línguas litúrgicas não judaicas; 3- Migrações: com a expulsão, aumentou a probabilidade de os judeus ficarem mais largamente expostos a dialetos heterogêneos e a línguas estrangeiras do que a população não judaica relativamente mais sedentária.
Religiosos sefaradim passaram para o ladino centenas de páginas que continham preces e escritos judaicos. O primeiro documento impresso apareceu em Constantinopla, no ano de 1510. Já para documentos vazados em hakitía é improvável que haja um lugar e uma data tão precisa,  pois essa variante linguística judaico-românica era considerada uma fala de comunicação estritamente oral e popular, sem finalidade religiosa.
No desfecho da Idade Média (1453), num ambiente permeado pela ideologia religiosa intolerante e por interesses político-econômicos tenebrosos, milhares de judeus − homens, mulheres, crianças e idosos − expulsos da Espanha  ficaram órfãos da pátria na qual nasceram e cresceram e que ajudaram a construir e desenvolver. Após a queda do reino de Granada, os reis cristãos puseram fim à existência dos judeus no território ibérico.
Acolhidos no Império Otomano pela dinastia dos Banu Marin, esta  foi complacente com os judeus a ponto de lhes dar proteção, ainda que em troca do pagamento de impostos. Outra curiosidade é que os judeus não serviam às armas e gozavam de liberdade intelectual, judicial e religiosa. A maioria dos historiadores israelenses enfatiza que, no Marrocos, os israelitas tinham relativa autonomia. Estabeleceram de forma independente seus próprios conselhos e suas próprias instituições jurídicas, ficando aos cuidados da legislação muçulmana apenas os casos de delitos criminais. Fora isso, os judeus tinham voz e vez.
Por fim, a hakitía acaba de se constituir num veículo lingüístico comum a uma parcela de judeus procedentes da Espanha e de Portugal, os quais foram vítimas do primeiro holocausto do povo israelita.

Álvaro Cunha é jornalista e professor.

A Igreja não canoniza Colombo " poque era judeu"

                                               

A Igreja não canoniza Colombo “porque era judeu”

Dizem que ocultou sua religião porque teve que financiar sua viagem a América com o apoio da rainhacatólica.


(EFE) – A Igreja católica retirou sua própria proposta de canonizar o almirante Cristóvão Colombo ao saber que “era judeu”, disse o autor espanhol Oscar Villar Serrano em seu livro “ Cristóbal Colóin: el secreto mejor guardado”( Cristóvão Colombo: o segredo mais bem guardado”- tradução dos editores do blog).

Villar Serrano, doutor em Ciências Náuticas e capitão do Comando Marítimo de Torrevieja, na província espanhola de Alicante, afirma que Colombo manteve sempre um certo anonimato sobre sua personalidade “ porque era judeu, fato que lhe permitiu receber o apoio dos judeus” em saua primeira viagem a América com a promessa de “oferecer a eles a terra prometida”.

Villar assegurou que “o mistério” que envolve Colombo se deve a que teve que ocultar sua religião porque para financiar sua viagem buscou o apoio de uma rainha católica, se bem que, “todos seus grandes apoios “ foram judeus, desde o banqueiro da Coroa de Aragão, Luis Santángel, até a própria tripulação das caravelas, “majoritariamente judia”.

Neste sentido, o autor relembra em seu livro os movimentos migratórios ocorridos na Itália e Espanha, durante os séculos XIV e XV,devido a perseguição que os judeus sofreram, e “é neles que está o segredo da família Colombo”.

Villar assegura em sua obra, que na corresponsência que mantiveram Colombo e seu filho Fernando, “ há muitas provas de suas crenças religiosas judaicas”.
As cartas estavam fechadas com números hebraicos, os textos foram escritos num idioma “ininteligível” e faziam as despedidas lembrando uma benção judaica.

Mesmo assim, o autor afirma que Colombo recomendava a seu filho por carta, que diante de todos se comportasse como mandava a lei canônica, “porém entre nós – cita a Colombo, textualmente – temos que conservar nossos costumes” .

Villar relembra que o irmão de Cristóvão Colombo foi queimado em Valência, em 1493, por ser judeu e que, curiosamente, foi a própria Igreja, que com a morte do marinheiro, propôs canonizar o descobridor, pelo fato de haver cristianizado os indígenas da América, “porém desistiu ao dar-se conta que era judeu”.

Além disso, o autor do livro sustenta que o navegador “sabia onde ia” quando descobriu o novo continente, pois contava com informação sobre a rota a seguir.

Em seu livro que será publicado no próximo mês, na Espanha,( nota do editor do blog), Villar explica que Colombo “não foi um simples aventureiro”, e sim um letrado, cartógrafo e cientista que possuía mais de vinte mil livros sobre navegação que foram posteriormente cedidos por seu filho, aos dominicanos de Sevilha, onde se tomavam anotações do próprio descobridor.



Villar diz também, que Colombo conhecia a distância que ia cobrir e quanto tardaria porque “ tinha cartografia precisa”. Neste sentido, , o autor sustenta que os mapas saíram da Escola de Sévres( França).

Quanto ao financiamento da primeira viagem, Villar explica que parte do dinheiro que deu Santángel para Colombo, vinha do arrendamento de domínio público, das salinas de Torrevieja, propriedade do banqueiro.

Villar relata em sua obra que Colombo se cercou de importantes judeus espanhóis, como Abraham e Iehuda Cresques, criadores do Atlas catalão, cientista italiano Paolo Del Pozzo Toscaneli, o explorador florentino Nicolo di Conti e o cartógrafo e irmão do conquistador, Bartolomeu Colombo.

Como fato de destaque, Villar mantém que os portugueses sempre estiveram atentos e interessados na primeira viagem que Colombo realizou a América, e por isso o descobridor anotava em seu diário de bordo “ dados errados para não dar pista da rota correta”.

Segundo Villar, Colombo dizia que havia descoberto as Indias Orientais por uma rota norte, “mas era falso”, já que chegou ao novo continente pelo sul, evitando o Mar dos Sargazos.

“ Cristóbal Colón: El secreto mejor guardado” não é um romance, e sim, “ uma obra na qual se mescla a Historia com conhecimentos científicos e na qual são apresentadas novas conclusões”, disse Oscar Villar serrano.

Fonte: www.salvamentomaritimo.es
Colaboração: Heliete Vaitsman
Leia artigo completo de Oscar Villar Serrano em:
www.savamentomaritimo.es/data/articlefiles/colon.pdf

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