sábado, 30 de julho de 2016

KASHURUT

KASHURUT

Tevilat Kelim – Imersão dos utensílios
Imersão dos utensílios (Tevilat Kelim) é uma lei que aprendemos em Bamidbar 31:21-23, onde qual diz:
"Contudo o ouro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo, toda a coisa que veio ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não veio ao fogo, fareis passar pela água."
Entenderam os sábios desses versículos, que todo utensílio de cozinha (utilizados no preparo, no serviço e na armazenagem dos alimentos) produzido por não judeu ou adquirido dele deve passar por um ritual de purificação em água de mikvê kasher ou em manancial de águas correntes.
Tevilat Kelim não é uma mitzá de Kashrut em si uma vez que um alimento servido ou cozinhado em um utensílio que não tenha sido imergido em mikvê como prescreve a halachá não se desqualifica para o consumo judaico. No entanto se faz importante trazê-la aqui por ser proibido fazer uso de um utensílio que não tenha passado por mikvê.
Harav Itzhak Jacob Fox shilta traz uma versão interessante para o motivo de se imergir os objetos adquiridos de não judeus e diz : "bendito é o nosso D-us que nos criou para sua honra para sermos seu povo santo, e nos ordenou santificar inclusive os utensílios de nossas refeições. Tal modo que, utensílio para comer e beber produzidos por não judeu ou adquirido dele, está obrigado imergi-los para purificar a fim de se fazer uma separação entre a impureza dos demais povos e a santidade de Israel ".
Sendo assim a Halachá é: "Todo aquele que adquire um utensílio de um não judeu (ou produzido por ele) de metal e de vidro ou os que possuem algum revestimento interno, mesmo que novos devem ser imergidos em mikvê ou manancial de 40 seá" .
Quais Utensílios a serem imergidos.
Há aqueles que imergem todos os objetos de cozinha e refeição, porém nem para todos se deve recitar berachá (benção). Objetos que não estão obrigado a tevilá em caso de que sim queira imergi-los NÃO SE RECITA SOBRE ELES A BERACHÁ. Utensílios que estão obrigados a ser imergido em mikvê devem atender a duas condições:
1- Que o objeto seja destinado às necessidades da refeição (preparo, serviço e armazenamento) e que tenha contato direto com o alimento. Exemplo: panelas, recipientes, travessas, espetos, talheres, facas, saleiro, bandejas etc. Porém utensílios como porta-papéis, tesouras, chaves de fenda, saca-rolhas e abridor de latas não precisam de tevilá.
2- Que o objeto seja de metal ou de vidro. Objetos feitos de madeira, pedra argila ou cerâmica não precisam de tevilá.
Os sábios levaram em conta a complexidade de produção do material para avaliar sua importância. Por esta razão o vidro deve ser imergido com berachá juntamente com o metal. No caso de objetos de plástico embora sejam de produção complexa seu valor é irrelevante. Houve quem dissesse que se deve imergir com berachá, mas a maioria dos poskim não está de acordo e hoje o costume é de que se alguém quiser imergir utensílios de plástico o faz sem berachá.
Utensílios descartáveis, mesmo que de metal como as bandejas de alumínio, ainda que usamos mais de uma vez não estão obrigados a tevilá.
Resina – segundo a maioria dos poskim não está obrigada a imergida. Para outros deve-se imergir, porém sem berachá (opinião ashkenazi).
Utensílios feitos de materiais como Borossilicato (pirex) e Corelle (laminado de vidro) são considerados como vidro e devem ser imergidos com berachá.
Utensílios elétricos – caso complicado! Há poskim que liberam todo tipo de utensílio elétrico por não o considerar como um utensílio em si (o comparando ao fogão, por exemplo). Além do mais, por estarem conectados à tomada se os consideram como parte da terra (conectados à terra) desqualificando-os como utensílio .
Segundo a maioria dos poskim os utensílios elétricos sim devem ser imergidos. Há que tomar em conta três coisas: 1 – se o objeto não se danificará em contato com água; 2 – se é um objeto que permanece um lugar fixo; e 3 - se é possível desmontar.
Objetos elétricos que não se danificam em água como torradeiras, cafeteiras analógicas, tostadoras, planchas etc, devem passar por tevilá.
Objetos sensíveis a água, principalmente os que possuem placas eletrônicas, podem ser emergidos parcialmente ficando de fora a parte sensível. O fundamento desse método é de que a parte eletrônica não é considerada utensílio . Há poskim que opinam em humrá e que também a parte eletrônica deve ser imergida, para tal a cobre com panos leves e se imerge rapidamente .
Há eletrodomésticos que são fixos em seu lugar e a parte em contato com o alimento é removível. Nestes casos se imerge apenas a parte removível que entra em contato com o alimento.
No caso de ser impossível imergir o objeto sem danificá-lo deve-se desmontá-lo para que assim o invalide como utensílio perdendo sua função e montá-lo outra vez de forma que que passe a ser considerado como produzido por um judeu (mesmo que se tenha contratado o serviço de um não judeu para desmontar e montar sem danificar, haja vista que o objeto é de propriedade de um judeu).
Como fazer Tevilá
Para se fazer a tevilá dos utensílios comprados ou produzidos por não judeu se faz necessário, antes de mais nada, remover qualquer coisa que faça separação entre a água e o objeto. Exemplo: caixa, plástico, filme protetor, fitas e adesivos. Deve ser meticuloso em remover o máximo. O contato físico com o objeto também é considerado separação, portanto deve-se soltá-lo dentro da mikvê para que a água esteja em contato com todas suas partes.
Também deve ter atenção de que a água alcance todas as partes do utensílio. Portanto grandes bolhas de ar em panelas, pratos e copos são problemáticas e devem ser eliminadas.
Deve-se buscar uma mikvê kasher ou um manancial de água corrente como rio, mar, represa, lago etc.
Antes de emergir os utensílios deve recitar a seguinte berachá apenas uma única vez:
בָּרוּךְ אַתָּה ה' אֱלֹקֵינוּ מֶלֶךְ הָעוֹלָם אֲשֶׁר
קִדְּשָׁנוּ בְּמִצְוֹתָיו וְצִוָּנוּ עַל טְבִילַת כֶּלִי (כֵּלִים)
Baruch Ata Ado-nay Elo-heinu melech haolam asher
kideshanu bemitzvotav vetzivano al tevilat kli (kelim – plural)
Bendito seja Tu Hashem nosso Senhor Rei do universo que
nos santificou em seus mandamentos e nos ordenou sobre a
imersão de um utensílio (utensílios)
Em caso de se fazer a tevilá em um manancial ou em uma mikvê especial para utensílios se recita a bênção imediatamente antes de se imergir o primeiro objeto. Porém em mikvaot destinadas para a imersão ritual de purificação de pessoas há um problema, a berachá não pode ser recitada em casas de banho e mikvaot por ser um lugar menos honrado. Assim, nessas situações deve-se recitar a berachá antes de entrar no recinto da mikvê.
Lembrando que uma única berachá serve para imergir todos os utensílios que queira nesse momento e que uma única pessoa pode fazer tevilá para outras pessoas.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Desabafos de uma Aprendiz!

Achei muito lindo este desabafo dessa judia portuguesa que em certos momentos compartilho do mesmo pensamento e resolvi republica-la.
domingo, 21 de julho de 2013
Desabafos de uma Aprendiz!                           

Estes desabafos são respostas a algumas questões e desentendimentos que tenho vindo a observar entre judeus!!!
Onde assisto ao fomentar da desunião entre judeus Sefarditas e Askenazim e que tenho lido comentários que em nada abonam (no meu pobre entender), a nosso favor!
Para mim somos todos judeus, cada um com a sua herança, mas todos temos uma coisa em comum e que deveria ser suficiente para nos unir: A Torah!
E ainda algumas questões colocadas em forma de reclamação, mas que já deveríamos ter a maturidade de as saber aceitar, como esta por exemplo:
Porque é que no judaísmo não aceitam que um homem se converta ou faça o retorno sem que a sua esposa o faça também, ou vice-versa? (penso ser permitido apenas na vertente Reformista)
-Para não facilitar o desaparecimento da nossa essência; a nossa tradição. Tem a ver com a educação dos nossos filhos, com a continuidade, tem a ver com o FUTURO. Ou vamos educa-los com duas religiões? Ou vamos ainda obriga-los a ouvirem discussões teológicas que só servirão para a desunião da família? Ou simplesmente baralha-los e afasta-los de qualquer uma das duas????
É bem verdade que existem alguns, que já nascem judeus, são educados dentro da tradição e depois…não cumprem e até exigem que os outros o façam…bom, talvez em nome deles próprios, para aliviarem os seus pobres espíritos de uma culpa que não é só deles…é de todos. É de quem não soube ensinar, é dos que não os quiseram aceitar e que os tentaram proibir de ser quem são, é daqueles que se preocuparam mais com as palavras que com as acções, é dos que nada fizeram e é acima de tudo dos que se preocuparam a culpabilizar os outros pela sua falta de coragem, pela sua falta de fé e força vontade.
Não devemos e não podemos querer ser judeus apenas em nome dos nossos antepassados, temos que ter a noção das barreiras que vamos ter que ultrapassar e a começar por nós próprios que somos a maior e a mais difícil de transpor.
Temos que saber que fazer o retorno ou converter é nascer de novo e começar do zero, é aprender a ouvir, a ver, a entender e a perguntar muito. É esquecer hábitos antigos e ganhar novos, é aprender a pensar e a amar mais e melhor, é ter a coragem de recomeçar.
Este novo querer ser judeu só porque sim… é muito triste. Palavras, palavras, vontades superficiais, forças obscuras de mentes perturbadas. Oh, pobre Portugal judaico…que destino será o teu?
Do que é que andam à procura? De serem judeus, ou de serem apelidados de judeus, de serem judeus ou de um justo reconhecimento? E como? Se tudo o que dizem e fazem vai contra a Torah? E para quê, já agora? Para fazerem a tão merecida justiça? Desta forma? A sério?
Ahhhh, tenho más notícias para vos dar: Ser judeu não é fácil!
Ser judeu, é ter a capacidade de se dar, ser judeu é querer agir pela tradição e não adquirir um título por uma qualquer moda, ou por um orgulho de não termos o que os nossos perderam e ou o que lhes roubaram com violência.
Ser judeu é abdicar do facilitismo e enfrentar com fé, é um querer infinito de percorrer o caminho que escolhemos e esse caminho tem que estar ligado à Torah, SEMPRE!
Ser judeu não é uma política, nem pode ser uma guerrilha entre fracassados e perdidos nas frustrações que a vida nos deu.
Não transformem algo tão belo e tão sério numa feira de vaidades.
Se querem honrar e fazer justiça ao que nos foi arrancado, lutem, mas com tino, mudem essas mentes baralhadas e distantes da realidade judaica. Tentem primeiro crescer espiritualmente, preparem-se com pequenas acções diárias…comecem por vós essa mudança tão necessária.
Serão só os “outros” os culpados? Não nos deixamos todos ficar na nossa área de conforto por tantos anos e sempre caladinhos e escondidinhos? Não fomos também nós, que nos deixamos vencer pelo medo? Esperámos tanto tempo porquê? Porque não nos unimos há mais tempo?
E agora queremos tudo de uma vez e de mão beijada? Não pode ser! É impossível, lá diz o ditado: Depressa e bem…há pouco quem.
Para todas as mudanças é necessário criar uma base que se chamaEducação. Para crescermos de forma salutar temos que descobrir em primeiro lugar o que é que queremos ser, no que é que acreditamos e se temos aptidão para cumprir com o objectivo a que nos propomos. E aqueles que depois desta tarefa decidam continuar, então comecem a agir em conformidade, deixem as guerrinhas medíocres, as acusações, esta arte maléfica de mal dizer - Lashon Hara - para trás. Ergam essas cabeças e orgulhem-se da vossa escolha, mostrem ao mundo quem somos e com orgulho, através das vossas boas acções.
Parecem crianças: Óh mãe…foi ele que começou, ele bateu-me primeiro e agora eu só lhe dei um soco por vingança…e isto todos os dias para o resto das vossas vidas????? Helloooooo!!!! Cresçam por favor!

Que H'shem nos ajude a todos.
Zilda David.

sábado, 23 de julho de 2016

Perguntas e Repostas - Kavod HaRav Amnon Yitzhack





Deuteronômio 31:16 -18, é um texto prova em que é descrito o Holocausto em detalhe...!!!
Resposta  Poderosa as Perguntas.
 Lavei-me em Lágrimas...
Decisão Final com Honras.
 REVELAÇÃO CODIFICADA NA TORÁH!
“E disse Adonai a Moisés: Eis que dormirás com teus pais (Eis que morrerás / Eis que te juntarás aos teus antepassados); e este povo se levantará, e se prostituirá indo após os deuses estranhos da terra na qual está entrand
o, e me deixará, e quebrará o meu pacto, que fiz com ele. Então se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e eu o deixarei, e dele esconderei o meu rosto, e ele será devorado. Tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: “NÃO É, PORVENTURA, POR NÃO ESTAR O MEU D’US COMIGO, QUE ME SOBREVIERAM ESTES MALES?” Esconderei pois, totalmente o meu rosto naquele dia, por causa de todos os males que ele tiver feito, por se haver tornado para outros deuses.” Deuteronômio 31:16-18
Está escrito algo inacreditável, uma revelação codificada da Toráh, que revela uma coisa escondida pelas palavras escritas de forma tão sofisticada que não pode ser que a Toráh tenha sido escrita por pessoas de carne e osso; Pois uma pessoa não consegue codificar na Toráh coisas que ainda não aconteceram, pois ela não sabe de antemão o que deve acontecer com precisão e detalhe… 
Veja-se, em código de saltos de 49-50 letras na Toráh:

Depois do ה (h) do nome "Moshéh" (Moisés), em Deuteronômio 31:16, contando 49 letras surge a 50ª letra ש (shin); contando mais 49 letras e a 50ª letra é um ו (vav); contando mais 49 letras e a 50ª é um א (álef); contando mais 49 letras e a 50ª é um ה (h) o que dá השואה (Ha’Shoáh) = O Holocausto!!!

"Agora, pois, escrevei para vós este cântico, e ensinai-o aos filhos de Israel; ponde-o na sua boca, para que este cântico me sirva por testemunha contra o povo de Israel." Deuteronômio 31:19


 

Os Anussim e a Halakhá

Os Anussim e a Halakhá

Por Sha’ul Bentsion
I - Introdução
Este artigo é motivado por uma pergunta que chegou até o autor deste material: O que a halakhá diz sobre os Anussim?
A pergunta veio acompanhada de outras: É verdade que, por que seus pais se converteram, eles deixaram de ser judeus? O que devem fazer? Devem buscar conversão? Entre outras tantas.
Muito tem sido dito sobre este tema Anussim. Contudo, qualquer coisa que seja dita, precisa ser comprovada. Quem afirma qualquer coisa tem, no mínimo, a incumbência de provar.
O autor deste material se sente à vontade para se aprofundar na questão, visto que é de família Ashkenazi, não tem nem deseja ter qualquer ganho pessoal ou retorno financeiro com a questão (algo que, aliás, a halakhá proíbe), e, portanto, não tem
qualquer motivação pessoal, que não seja estritamente a observância da halakhá e o desejo de ver todos os judeus fazerem teshuvá.
O autor também não gosta de, nem se envolve com, questões políticas, e portanto apresentará aqui a halakhá independente de quem se agradará ou se desagradará da verdade.
Para que não haja nenhuma dúvida, será aqui apresentada a halakhá a respeito do tema, tal qual codificada por Rambam (Maimônides).
Deve-se ressaltar que o que será apresentado aqui não é a opinião pessoal de Rambam, mas sim aquilo que ele condificou das decisões do Bet Din haGadol
(Sanhedrin), isto é, da Suprema Corte Mosaica, sobre o tema. Isso é halakhá. Qualquer outra coisa é opinião pessoal, por mais que sejam pessoas proeminentes, não tem qualquer valor jurídico sobre Israel como um todo ou perante a Torá.
II - Deixa-se de ser judeu?
Mas, antes de adentrar a halakhá, é fundamental responder uma questão, citando Haz”al (os sábios, de abençoada memória): Um judeu perde sua identidade?
A resposta se encontra no Talmud Bavli: “Israel pecou. R. Aba ben Zavda disse: ‘Apesar de terem pecado, ainda são Israel.’
R. Aba disse: Assim o povo diz: ‘Uma murta, apesar de estar entre juncos, continua sendo uma murta, e assim é chamada.” (b. Sanhedrin 44a)
Para bom entendedor, meia palavra basta. Um judeu jamais perde sua identidade.
Mesmo se faz algo digno de um karet hanefesh, isto é, de ter sua alma cortada, se faz teshuvá (retorno) de seus maus caminhos, e se volta para a Torá, ele permanece com status de judeu, e não precisa passar por uma conversão.
Isso vale até mesmo para convertidos. Se ele se converteu, e depois deixou a fé judaica, é considerado um judeu desviado, e não um ex-judeu.
Sobre isso, a halakhá diz:
“Mesmo se depois [de se converter, o prosélito] adora falsas divindades, ele é como um judeu apóstata. Ao consagrar [uma esposa], sua consagração é válida, e é um mandamento devolver a ele seu objeto perdido. Pois uma vez que ele se imergiu, se
tornou um israelita.” (Mishnê Torá - Sefer Qedushá - Issurê Biá 13:17b)
Se isso é verdade acerca até mesmo dos convertidos, quem dirá de quem nasce judeu.
III - A Halakhá dos Anussim
Para não deixar nenhuma dúvida, a halakhá menciona especificamente os Anussim e seus descendentes. Isto é, os judeus que foram forçados a deixar sua religião,
e os seus descendentes que cresceram criados de outra maneira.
Afinal, Israel não teve que lidar com isso apenas na Inquisição. Muito pelo contrário, há milênios que o povo judeu sofre com esse tipo de situação, e o Sanhedrin já deixou instruções sobre como proceder. Assim sendo, não cabe a ninguém contestar.
“Quanto aos filhos desses que se desviaram e os filhos de seus filhos que foram dispersos pelos pais, tendo nascido em heresias, e educados em suas visões [religiosas]:
São como bebês tomados cativos e criadas nas leis dos gentios. Seu status é de um Anuss [forçado], que, caso ouça posteriormente que ele é judeu, encontre judeus e os
observe praticarem suas leis, ainda assim é considerado um Anuss [forçado], uma vez que foi criado no caminho errôneo dos seus pais. Isso se refere aos que foram levados [ao erro] por seus pais, e aos que se perderam.
Portanto, deve-se fazer esforço para trazê-los de volta em teshuvá, e aproximar-se deles por meio de relações amistosas, para que eles retornem à fonte fortalecedora, isto é, à
Torá. E que nenhum homem se apresse em condená-los.”
(Mishnê Torá - Sefer Shofetim - Hilkhot Mamrim 3:3b)
A halakhá não poderia ser mais clara. Os Anussim, e seus descendentes, são judeus. Não importa se por vinte gerações seus pais praticaram idolatria ou mantiveram preceitos de outras religiões.
Vale ressaltar ainda que desobedecer a uma halakhá da Corte Mosaica, e desencaminhar judeus legítimos (o que inclui prosélitos) da Torá são pecados graves.
Especialmente se alguém sabe o que está fazendo e tem consciência da halakhá.
A halakhá também deixa claro: “E que nenhum homem se apresse em condená-los." Lamentavelmente, nem todos têm dado ouvidos à halakhá. Nem por isso ela deixa
de ser clara.
Observe ainda que, se a pessoa fez teshuvá, não deve mais ser chamada de Anuss (forçado).
Quando muito, poderíamos dizer que se trata de um ex-Anuss (forçado). 
No entanto, apresentar alguém dizendo: “Esse é o Pedro, um ex-Anuss" faz tanto sentido quando dizer: “Esse é o André, um ex-idólatra”. O autor deste material considera que ainda é ofensivo.
Há apenas um rótulo que cabe aos que deixaram de ser forçados a outra religião, e adotaram sua judaicidade: judeus. E, se quiserem ser muito específicos: judeus sefaradim hispano-portugueses. Isso basta.
IV - Uma Nota Importante
É importante neste ponto esclarecer que a halakhá acima trata de pessoas quedesejam regressar ao Judaísmo autêntico.
O autor deste material compreende que muitos Anussim se sintam tentados a frequentar comunidades híbridas de Judaísmo com Cristianismo, tal como grupos que se auto-denominam ‘Messiânicos’, entre outros.
O autor até se sensibiliza com a dificuldade psicológica e emocional de deixar para trás as crenças antigas, e entende que esses grupos acabem oferecendo uma falsa sensação de retorno, sem exigir um compromisso definitivo com a Torá e com o monoteísmo (o autor também passou por isso, conforme relatado no artigo “Minha História”)
Porém, é fundamental que os Anussim entendam que não deixam de ser Anussim (forçados), para se tornarem judeus que realizaram a plena teshuvá, se não deixarem para trás tais coisas, e regressarem à fé de seus antepassados.
Como o objetivo deste artigo não é ser um material anti-missionário (embora o autor tenha escrito alguns artigos nessa linha), limitar-se-á a apresentar a halakhá, que diz:
“Os seguintes indivíduos não têm uma porção no mundo vindouro. Ao contrário, [suas almas] são cortadas e eles são julgados por sua grande iniquidade e pecados, para sempre: 
Os Minim… [hereges]
Cinco indívudos são descritos como Minim [hereges]:
1) alguém que diz que não há Elohim nem governante do mundo;
2) alguém que aceita o conceito de um governante, mas mantém que existem dois ou mais.
3) alguém que aceita que existe um Mestre, mas mantém que Ele tem um corpo ou forma;
4) alguém que mantém que Ele não foi o Primeiro Ser ou Criador de toda a existência;
5) alguém que serve a uma estrela, constelação ou outra entidade, de modo a serví-la como intermediário entre ele e o Eterno Senhor.
Cada um desses cinco indivíduos é um Min [herege]” (Mishneh Torah - Sefer haMadá` - Hilkhot Teshuvá 3:6-7)
Entenda, portanto, o leitor que não há como conciliar tais crenças com o Judaísmo.
E isso é indiscutível e inegociável, pois a Torá diz:
"A ti te foi mostrado para que soubesses que ADONAY é Elohim; nenhum outro há senão Ele." (Devarim/Deuteronômio 4:35)
Sendo assim, é importante que o(a) Anuss(á) não tenha medo de investigar, fazer perguntas, e buscar a verdade, para que possa optar pela verdadeira fé de seus pais.
V - O Que Fazer?
Esclarecido isso, uma outra questão importante é: O que uma pessoa que é um Anuss (forçado) deve fazer?
A primeira coisa, é certificar-se de que tem ascendência por linhagem materna.
Para o Judaísmo, assim como a filiação tribal é transmitida pelo pai, o status de cidadão de Israel, por deliberação do Sanhedrin, é transmitido pela mãe.
Isso pode ser visto em `Ezra (Esdras):
"Então Shekhanyah, filho de Yehi’el, um dos filhos de `Elam, tomou a palavra e disse a `Ezra: Nós temos transgredido contra o nosso Elohim, e casamos com mulheres estrangeiras dentre os povos da terra, mas, no tocante a isto, ainda há esperança para
Israel. Agora, pois, façamos aliança com o nosso Elohim de que despediremos todas as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Elohim; e faça-se conforme a Torá." (‘Ezra 10:2-3)
Sendo assim, é necessário que haja alguma coisa por parte de mãe. 
Se não houver, é caso de conversão, o que é assunto para outro artigo.
Havendo algo, é preciso buscar o que em hebraico se chama de Hazaqá, que vem do termo Hazaq, que significa força.
Isso significa que é preciso buscar alguma coisa que comprove sua origem. 
Isto pode ser feito de várias maneiras, e não é o objetivo deste artigo esgotar todas elas.
Apresentarei aqui duas formas, apenas para título de ilustração.
Uma das formas pode ser através do testemunho de dois familiares. 
Pois um dos fundamentos da Torá é sempre depender de duas testemunhas para estabelecer a veracidade de um fato:
“Pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato." (Devarim/Deuteronômio 19:15) A halakhá traz essa questão com clareza quando fala sobre a linhagem de um kohen:
“O que significa um kohen cuja linhagem é estabelecida. Qualquer pessoa acerca de quem duas testemunhas testificam que ele é um kohen, filho de tal e tal, o kohen, e descendente de tal e tal, o kohen, estendendo até uma pessoa cuja linhagem não precise ser checada, isto é, um kohen que serviu no altar.”
(Mishnê Torá - Sefer Qedushá - Issurê Biá 20:2)
Se duas testemunhas poderiam se apresentar e testificar sobre a linhagem de um homem, ao ponto dele ser aceito para servir no altar, quem dirá para ser aceito como um israelita comum.
Outra forma de se estabelecer o fato é através de alguma documentação ou testemunho genealógico que ligue a pessoa a famílias de Anussim, que se sabe que são de origem judaica.
Se isso for feito, também é válido, pois a halakhá diz:
“Agimos sob a premissa de que todas as família são de linhagem aceitável e que é permitido se casar com seus descendentes como opção inicial e preferida.”
(ibid - 19:17)
Existem outras formas, que podem ser analisadas caso a caso. O autor deste material reconhece que, dependendo do caso, isso pode ser complexo. 
Mas, entende que, com um pouco de esforço, tudo é possível, se a pessoa não desiste ao esbarrar na primeira dificuldade.
VI - O Exemplo dos Ashkenazim
Vale ressaltar ainda que essa dificuldade não é exclusiva dos descendentes da Inquisição.
Muitos Ashkenazim também têm dificuldades, pois muitas famílias vieram fugindo do holocausto sem documentos. Às vezes, apenas com a roupa do corpo. 
Já testemunhei inúmeros casos desse tipo.
O que fazem nessas circunstâncias? A mesmíssima coisa que os Anussim!
Procuram registros dentre os mortos em campos de concentração, túmulos na Europa. ou traçam linhagem por meio de sobrenomes, ou até mesmo pelas cidades de origem. É claro que, por ser fato mais recente, é um pouco mais fácil obter tais
informações, porém o processo é idêntico.
VII - Palavra x Comprovação
Mas, o que fazer quando se tem a informação, mas se tem dificuldade de ajuntar provas?
Imagine o caso de uma pessoa que sabe que é judia, pois foi informada pelos avós maternos, porém não tem sobreviventes na família, desse lado. O que acontece nesse caso?
Pela halakhá, sua palavra basta, e deve ser aceita para fins de frequentar uma comunidade. A única restrição sendo se a pessoa, ou seus descendentes, optar(em) por se casar naquele meio:
“Quando uma pessoa chega e diz que ele era um estrangeiro, mas se converteu por um Bet Din, sua palavra é aceita. A boca que o proibiu foi a mesma que o permitiu.
Quando isso se aplica? Na terra de Israel na era do Talmud, pois todas as pessoas podiam ser presumidas como sendo judias. Na Diáspora, contudo, ele deve trazer prova de conversão para posteriormente poder casar com uma israelita. Digo que essa é uma rigorosidade adicional adotada para proteger a pureza de nossa linhagem.” (ibid 13:10)
Se o único desejo da pessoa é frequentar um local, e ela já passou da idade de ter filhos, por exemplo, a informação basta. Não há necessidade de buscar comprovação, se não há casamento ou linhagem posterior.
Pela halakhá, não se deve exigir pedigree de qualquer pessoa à porta de uma sinagoga, visto que não se trata um judeu feito cachorro.
No entanto, os Anussim devem também compreender que contribuem para tal situação quando procuram uma comunidade que não está bem preparada para lidar com a questão (geralmente comunidades Ashkenazim), e ele próprio se apresenta hesitante sobre sua judaicidade. É evidente que, se isso acontecer, ele passará por constrangimentos.
Por essa razão, é preciso buscar a certeza de sua própria judaicidade primeiro, para depois cobrar tal posição dos demais. O autor deste material, mesmo sendo de família Ashkenazi, cresceu afastado da comunidade judaica (vide “Minha História" no site do artigo). Mesmo assim, nunca precisou apresentar qualquer documentação para demonstrar ser judeu. 
Isso só ocorreu quando resolveu se preparar para se casar.
VIII - Certificado de Retorno?
Uma coisa chama a atenção pela ausência. Em toda a halakhá sobre conversão e teshuvá, não existe uma vírgula sequer legitimando a prática de dar "certificado de retorno“ para Anussim. Tal coisa simplesmente não existe. Um judeu que retorna à Torá jamais precisa de documentação para tal coisa.
Mas, sempre que há uma situação complexa, surgem os aproveitadores. 
É portanto fundamental que se esclareça que tal documento tem validade legal nula perante a Torá, pois não é uma prática judaica de fato.
Uma pessoa que obtenha qualquer documento dessa natureza, na melhor das hipóteses, foi enganada e na realidade fez uma conversão com outro nome. 
Nesse caso, há de se questionar até mesmo se a conversão foi segundo a halakhá.
Na pior, perdeu tempo e dinheiro com um documento sem qualquer utilidade legal dentro do Judaísmo.
IX - A Postura de Quem Conhece No geral, quem realmente conhece a halakhá e pesquisa a fundo a questão dos Anussim tem conhecimento e entendimento dos fatos, como, por exemplo, o rabino ashkenazi Aaron Soloveichik, que escreve:
“Tomo a liberdade de escrever sobre o povo nas Américas que alega se descendentes dos marranos [sic] na Espanha e em Portugal.
Eles devem ser tratados como judeus plenos de todas as maneiras (contados para minyan, dados ‘aliyot, etc.)
Somente quando um desses Anussim’deseja se casar com um judeu, ele ou ela deve passar por conversão plena." (Carta de 1o. de Nissan de 5754)
Vale ressaltar que Rav Soloveichik se refere aos casos em que há apenas alegação, sem uma comprovação.
Infelizmente, não é raro que pessoas preconceituosas respondam sem conhecer a halakhá. Ou que se achem no direito de mudar uma determinação do Sanhedrin.
Ninguém pode ir contra uma deliberação da Corte Mosaica (Sanhedrin), salvo em casos gravíssimos, se essa for contra a Torá. O que obviamente não é o caso aqui.
Não importa se quem está indo contra a halakhá é o fulano da esquina, ou é o grão-rabino da Lituânia. Sobre isso, vale ressaltar ainda as palavras de Rav Avraham Ben haRambam, filho de Maimônides:
“Não há que se crer em algo só por quem o disse" (Tratado sobre os Ditos dos Sábios)
X - Adendo: Mãos à Obra!
Isto posto, é importante também compreender que os Anussim devem se preocupar menos com serem aceitos, e mais com se fazerem aceitos.
Ou seja, devem parar de ficar batendo de sinagoga em sinagoga, e organizarem seus próprios grupos de estudo, suas próprias sinagogas, etc. Todas as comunidades judaicas sempre fizeram assim, historicamente.
Não é razoável achar que virá da comunidade Ashkenazi alguma espécie de "messias" que irá conduzir todos de volta a estruturas prontas. Além de ser irreal e fantasioso, também não é incumbência das comunidades Ashkenazim. 
Até mesmo os judeus etíopes em Israel, ao fazerem `aliyá, montaram suas próprias comunidades, estabeleceram sua própria liderança, e não esperaram que outros o fizessem.
Os próprios Ashkenazim quando vieram ao Brasil não procuraram comunidades sefaradim para aceitarem-nos, mas sim montaram suas próprias estruturas.
Infelizmente, o brasileiro faz jus à fama de acomodado, e poucos estão dispostos a construir. A maioria quer apenas usufruir de estruturas prontas, e como pretexto para a
inatividade, dizem nada saber. Ora, a halakhá não diz que uma comunidade deve ser exímia conhecedora do Judaísmo para se estabelecer! Isso se adquire com tempo e prática.
Sobre essa questão, o Hakham Mordekhai Lewi de Lopes, rabino que tem vasta experiência com o tema, diz:
“…os anussim e os ex-anussim, isto é, aqueles que já regressaram abertamente às práticas do Judaísmo, com erros ou não, devem construir o seu próprio leque de opções,
sem pedir permissão a outros grupos de judeus… isto é, formarem comunidades, fomentarem o crescimento sócio-educacional-econômico entre os membros, erguerem esnogas, bethê medrách, etc., sem pedir licença a rabinos no Brasil ou Israel, que tampouco tem jurisdição alguma sobre os demais judeus do mundo. 
Na realidade, o rabinato de Israel só tem poder em Israel porque é imposto pelo Estado sobre a população, que simplesmente, queda sem saídas. E quem conhece, sabe que o tal rabinato é fonte de inumeráveis discórdias.
Devem formar suas próprias instituições, escolherem seus mestres, formar novos mestres, seus tribunais (bathê din). Respeito se adquire, não pode ser comprado.
Quem quiser ser membro de um clube, que filie-se aos clubes de futebol pelo pais.
Querem uma sede social? Construam-na! Querem honrar vosso pais, tornem-se independentes e deixem de mendigar, e façam por onde terem respeito próprio. Rezar apenas não dá em nada, pois as tefilôth não são amuletos ou formulações mágicas.
Judaísmo exige atitudes e estas atitudes, ou a falta delas, mostram quem é e quem não é israelita.”
Sábias palavras, que se resumem no seguinte: Mãos à obra, pessoal!
Deve-se perder menos tempo preocupado com a aceitação do grupo X, Y ou Z (especialmente grupos racistas e hereges) e se preocupar com viver Judaísmo, e montar comunidades. Nem que comecem em suas próprias casas, com pessoas de sua vizinhança. Afinal, toda grande construção começa com um pequeno tijolo.
Mas, se ninguém fizer nada porque supostamente seja difícil, árduo ou por falta de conhecimento, não haverá evolução. O desejo de servir ao Eterno e praticar a Torá devem sempre prevalecer!
Só assim os Anussim de hoje se transformarão nos 'judeus teshuvandos’ de amanhã, que o autor deste material acredita que terão um enorme papel na Gueulá (Redenção).
XI - Conclusão
Sobre o tema, portanto, pode-se concluir que:
• Judeus não perdem sua identidade. Se estiverem vivendo em apostasia, devem fazer teshuvá, mas não precisam de nova conversão.
• Descendentes de judeus que se afastaram do Judaísmo, seja pela razão que for, continuam sendo judeus, desde que nascidos de ventre judeu.
• Os Anussim são judeus.
• Deve haver esforço para aproximar os Anussim da Torá, e quem se posiciona contra eles desobedece uma halakhá do Sanhedrin, além de ser culpado pelo pecado gravíssimo de afastar judeus legítimos.
• Como existe deliberação da Corte Mosaica (halakhá), a opinião da pessoa X ou Y
sobre o tema é irrelevante, pois somente a Corte Mosaica pode estabelecer jurisprudência para todo o povo judeu.
• Os Anussim devem buscar confirmação (hazaqá) de que são nascidos de ventre judeu.
• A confirmação pode vir de várias maneiras. Inclusive, pelo testemunho de familiares, ou pelo fato da pessoa pertencer a famílias que se sabe, com certeza, serem de
Anussim.
• A pessoa só precisa apresentar provas perante uma comunidade se pretende se casar.
• Não existe ‘Certificado de Retorno’. Tal documento ou é conversão disfarçada, ou não tem qualquer validade legal dentro do Judaísmo.
Tais informações vêm direto da halakhá, e portanto não cabe contestação.
Somente uma outra Corte Mosaica (Sanhedrin), maior em conhecimento e importância que a anterior, poderia rever tal deliberação.
Não é o autor quem traz tais informações, e sim Rambam (Maimônides) que, reconhecidamente, fez a única complicação completa da halakhá da Corte Mosaica de que se tem notícia até os dias atuais.
Os Anussim não devem, contudo, esperar que comunidades de judeus do Leste Europeu (Ashkenazim) venham ao seu socorro, ou estejam preparadas para lidar com a situação.
Devem montar suas próprias comunidades, mesmo que comecem pequeno e cresçam aos poucos.
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METATRON

METATRON

Metatron no judaísmo místico, especialmente na Cabala é o Anjo Supremo mais poderoso.
O anjo Metatron, príncipe dos Serafins governa globalmente todas as forças da criação em benefício dos habitantes da Terra. Representa o poder da abundância e a supremacia.
No grego Meta significa "ir além, transcender" e Thronos significa "trono". portanto Metatron significa "além do trono".
Essa definição ocorre em referência a sua proximidade com o Criador.
É também conhecido como o Príncipe do Rosto Divino e o Anjo da Presença.
Tem a responsabilidade de "sustentação do mundo". Ele reside na energia mais próxima do Divino, ajudando a criar vibrações de amor para assistir o Universo. Seus deveres coincidem com os dos Arcanjos e outros Anjos.
Na Cabala Metatron governa a Árvore da Vida e seus ensinamentos.
Dizem que ELE tem 72 asas, em 12 pares de 6. É o mais alto dos anjos, descrito como tendo de 2,5 à 4 metros, é uma figura bastante imponente.
ELE aparece como um ser enorme de luz branca brilhante. É o maior de todos os hierarcas dos céus, o Rei dos Anjos.
Alguns dizem que Metatron foi "originado" de Enoque, um personagem bíblico nascido na sétima geração após Adão, pai de Matusalém.
De acordo com o relato de Gênesis, capítulo 5, versos 22-24: "E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas.
E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos.
E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou".
Este pequeno trecho sugere que Deus o transformou em Metatron.
Invocação ao Príncipe Metatron
Anjo Metatron, luz de todos os Serafins,
Com vossa sublime proteção primordial,
Ajudai-nos à quietude de nossos espíritos,
Para dar-nos forças de continuar e vencer,
Sempre em nome da verdade,
Iluminai-me sempre em todos os meus caminhos,
Anjo Metatron, que usai vossa luz divina, dai-me sorte,
Mantende-me sempre confiante e com fé em meus ideais.
Eu estarei a vosso serviço,
Pois sou digno de vossa proteção.
Anjo Metatron, livrai-me de todas as impurezas.
Que possam me prejudicar.
Peço-vos que meus sentimentos sejam sempre elevados e exaltados!
Príncipe do mundo,
Eu vos saúdo,
Para que eu tenha uma existência tranquila,
E que minha vida, seja assim designada,
Para trabalhar repleta de amor.
Amém.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Korach

Uma Mensagem Nova e Forte



Uma grande pessoa

Korach não era uma pessoa qualquer. Primeiramente, pois era muito rico. Na tradição judaica, quando se diz que uma pessoa é muita rica, utiliza-se a expressão “rico como Korach”. Era um Quehatita, a família dos levitas encarregada de transportar as peças mais sagradas do tabernáculo, como vemos nos primeiros capítulos do livro. E nossos sábios ensinam que, o próprio Korach era um dos responsáveis por carregar a Arca da Aliança, e para alcançar este mérito era necessário possui valores muito elevados. De acordo com nossos sábios, ele tinha chegado a experimentar, inclusive, “Ruach Hacódesh” – Espírito de Santidade, referente a um nível abaixo da profecia, contudo próxima a ela, nível este alcançado pelo Rei David ao escrever os Salmos, e o Rei Shlomo ao escrever Eclesiastes ou o Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos). Além disso, sabemos através do Livro de Crônicas (6:19-23) que da linhagem de Korach, sairia o profeta Samuel, dezesseis gerações mais tarde, que a tradição indica ter, sozinho, acançado as virtudes de Moshe e Aharon, juntos. Desta maneira, assumimos que muitas destas virtudes teriam sido herdadas de seus antepassados.

Como é possível, então, que uma pessoa de um nível espiritual tão elevado cometesse um erro tão grave?

Parece que, foi precisamente esta grandeza que o levou ao erro. Pois Korach cometeu um erro que somente uma grande pessoa pode cometer.
Todos são santos

Sua reclamação foi a seguinte: “Toda a congregação é santa, e entre todos está o Senhor, por que vocês se colocam acima da congregação do Senhor?”

Esta reivindicação pode nos parecer estranha, pois esta visão pode até parecer correta. É verdade que toda a congregação de Israel é santa. É verdade que o Tabernáculo do Criador repousava no acampamento. O Criador escolheu a todos e a cada um destes, e não se trata de uma escolha humana, mas sim, celestial. E, portanto, esta eleição é como se fosse uma nova criação, como afirma o profeta Yesha’yáu (Isaías 43:21): “Eu criei este povo para que cantem meus louvores”, e a criação de D’us não pode ser anulada.

O próprio Criador repeti várias vezes na Torá: “Sereis santos” (Levítico 19:2, entre outros), não é imperativo, como uma ordem, mas sim em um presente constantemente, como uma verdade, estabelecendo um fato. A santidade é parte integral do povo de Israel, algo que não se pode lutar contra. Neste sentido, não há nada de novo nas palavras de Korach, e nem nada de errado.

Acusação de nepotismo

Mas então aparece o segundo ponto: “por que vocês se colocam acima da congregação do Senhor?”. Se todos são bons, a liderança de alguns não é necessária. Este é, de fato, um dos ideais para o nosso futuro, no qual nossos Sábios descrevem que não precisaremos aprender com o Mashiach, pois a função deste será, somente, ensinar os caminhos de D’us aos outros povos. Já nós, membros do povo de Israel, “não ensinaremos uns aos outros, uma vez que todos Me conhecerão, desde o menor até o maior” (Yirmyahu – Jeremias 31:33).

Este ponto de vista, de que “toda a congregação é santa e entre eles está o Senhor” temos escutado no cristianismo. Para refutar a escolha divina do povo de Israel, o Cristianismo afirma que não há diferenças entre nação e nação, sendo todos dignos de serem servos do Senhor e não pode haver ninguém “acima” dos demais. Korach afirmava, referindo-se a Moshe e Aharon, e os cristãos afirmam, referindo-se a todo o povo de Israel. Todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança do Criador, todos são Seus filhos, com igualdade de direitos. Não pode ser que apenas um povo possa ter alcançado o status de “povo escolhido”. E se aconteceu, no passado, uma escolha divina (isto não pode ser negado, uma vez que a Torá afirma explicitamente isso), chegou um momento da história em que esta eleição é anulada, e, desde então, os cristãos afirmam que todos os seres humanos são iguais.

De acordo com o Midrash, Korach reclamou dos privilégios extraordinários que Aharon possuia como Sumo Sacerdote, e declarou que todos os mandamentos da Torá não eram divinos, e sim “uma enganação” epóptica de Moshe para favorecer seu irmão, e esta foi na verdade, a intenção por trás das palavras de Korach, ao gritar “por que vocês se colocam acima da congregação do Senhor?”, pois toda esta história se trata de uma invenção de Moshe.

Korach e o Cristianismo

Nossos Sábios, nos primeiros séculos do cristianismo, temendo a perseguição contra os judeus que continuou ao longo dos vinte séculos de governos cristãos, esconderam suas críticas ao cristianismo através destas palavras do Midrash sobre Korach, uma vez que a mensagem era basicamente a mesma .

Korach queria eliminar o valor divino nos mandamentos da Torá, atribuindo a estes uma interpretação humana, válida, mais ou menos, dependendo “da hora e local”. Ou seja, uma invenção de Moshé.

Os cristãos, na prática, dizem o mesmo. Os mandamentos da Torá são inúteis. As epístolas, tradicionalmente atribuídas a Paulo de Tarso, afirmam claramente: o cumprimento dos mandamentos “é velho e ultrapassado, falta pouco para estas desaparecerem” (Heb 8,13). Assim, o mandato anterior foi cancelado porque era fraco e inútil, pois a lei de Moshe não era perfeita, e no lugar desta “surgiu” uma esperança melhor (Heb 7,18). Poderíamos propor uma outra razão para a “abolição dos mandamentos” pelos primeiros cristãos, como refletido nos Atos dos Apóstolos (15:20), quando afirmam que não queriam “impor mais cargas do que as necessárias” aos neófitos não-judeus que eram incorporados ao Cristianismo, sem se converter ao judaísmo. Mas o cristianismo eliminou esta razão de seus livros, adotando a primeira, que fala de “fraqueza e inutilidade”.

Nova e forte

De qualquer forma, o cristianismo católico não pratica quase nenhum dos mandamentos da Torá, exceto talvez os ‘Dez Mandamentos’ (em algumas seitas cristãs impõem tudo, mas no final das contas, não são tão estritos quanto o judaísmo o é). Apenas os Dez Mandamentos, dizem eles, foi dado pelo Criador no grande dia, quando Ele os anunciou ao Povo nos pés do Monte Sinai, já todos os outros são “fracos e inúteis”. Esta Torá é chamada da “lei de Moisés” para enfatizar sua origem humana, na opinião destes.

Obviamente que, nós, fieis à Palavra Divina e à tradição de nossos pais e mestres, afirmamos que toda a Torá é divina e que todos os mandamentos vêm do Criador. Não se pode falar de “antiquado” ou “fraco e inútil” e, que, “a lei de Moisés não é perfeita”. Quem diz isso não tem a menor ideia do que está dizendo.

Todos aqueles que têm o prazer e o dever de estudar a Palavra de D’us expressada na Sagrada Torá, apreciam o valor de cada verso, de cada palavra e até mesmo de cada letra deste enorme tesouro que foi confiada a nós pelo próprio Criador. Nós lêmos, meditamos, aprofundamos, comparamos versos, e sempre, encontramos neles, algo novo. Respeitamos as interpretações de nossos sábios e as validamos para verificar, por nós mesmos, como chegaram em tal conclusão. Comprovamos, diariamente, que a mensagem da Torá é continuamente nova, e nunca perdeu sua força; E, ainda, útil como sempre foi e nunca será ultrapassada.

É especialmente importante para todos aqueles que têm crescido rodeado de idéias cristãs, aprofundar-se no estudo desta porção semanal da Torá, observando o diálogo entre Moshe e seu primo Korach, as consequências desta discussão, e compreender o significado da dupla punição que lhe foi aplicada (queimar com o fogo e ser engolido pelo abismo). Assim como, quais as diferenças entre Korach e seus seguidores, etc. Pois, como vimos, nesta Parashá são apresentados diversos pontos importantes desta discussão tão antiga com o cristianismo, aclarando, ainda mais, nossos pontos de vista.

Targum Faz Rute

Targum Rute Tradução de Samson H. Levey Capítulo 1. 1- Aconteceu nos dias do juiz de juízes que havia uma grande fome na terra de I...