A Tradição Oral
Em muitos aspectos, a Torá Oral é mais importante do que a Torá Escrita.
É um principio de nossa fé acreditar que D’us deu a Moisés uma explicação oral da Torá junto com o texto escrito.
Agora, esta tradição oral está essencialmente preservada no Talmud e nos Midrashim.
Deste modo, falamos de duas Torás. Há a Torá
Escrita (Torá SheBiKetav) e a Torá Oral (Torá SheB 'Al Peh). Ambas são
aludidas na declaração de D’us a Moisés, "E disse o Eterno a Moisés:
"Sobe a Mim, ao monte, e fica ali; e dar-te-ei as tábuas de pedra, a lei
e os mandamentos que escrevi para os ensinar (Êxodo 24:12).
Em muitos casos, a Torá se refere a detalhes não
incluídos no texto escrito, aludindo, deste modo, a uma tradição oral.
Assim, a Torá afirma, "...poderás degolar do teu gado e do teu
rebanho... como te ordenei" (Deuteronômio 12:21), referindo-se a um
mandamento oral relativo a matança ritual (shechitá).
Da mesma forma que mandamentos como tefillin e
tzitzit são encontrados na Torá, mas não há nenhum detalhe, então,
supostamente, fazem parte da Torá Oral. Embora guardar o Shabat seja um
dos Dez Mandamentos, não há detalhes de como deve ser mantido o Shabat,
portanto também está na Tora Oral. Deste modo, D’us disse, "Santificai o
dia de sábado, como ordenei a vossos pais” (Jeremias 17:22).
Assim como dependemos da tradição para o texto
aceito, a vocalização e a tradução da Torá, também dependemos dela para
sua interpretação.
Não entendemos a Torá Escrita sem a tradição oral. Conseqüentemente, a Torá Oral é a mais importante das duas.
Visto que a Torá Escrita mostra-se primariamente
incompleta a menos que complementada pela tradição oral, a negação da
Torá Oral também leva, necessariamente, a negação da origem divina do
texto escrito.
A Torá Oral destinava-se originalmente a ser transmitida de boca em boca. Era transmitida de
para aluno de tal forma que se o aluno tivesse alguma dúvida, poderia
perguntar, e deste modo evitar a ambigüidade. Um texto escrito, por
outro lado, mesmo sendo perfeito está sempre sujeito à interpretação
errada.
Além disso, a Torá Oral destinava-se também a
compreender a infinidade de casos que surgiriam com o passar do tempo.
Portanto, nunca poderia ser inteiramente escrita. Assim, está escrito,
"Escuta ainda, filho meu: escrever livros é tarefa sem fim, e muito
estudo esgota a carne” (Eclesiastes 12:12). Portanto, D’us deu a Moisés
um conjunto de regras nas quais a Torá pode ser aplicada em todos os
possíveis casos.
Se a Torá inteira fosse dada escrita,
interpretaria da maneira que bem quisesse, o que levaria a divisão e
discórdia entre as pessoas que seguiriam a Torá de maneiras diferentes. A
Torá Oral, por outro lado, requer uma autoridade central para
preservá-la, deste modo assegurando a unidade de Israel.
Já que muitos não judeus também aceitam a Bíblia
como sagrada, a Torá Oral é o que vai distinguir o Judaísmo e torná-lo
único. Por isso, a Torá Oral não poderia ser escrita até que os não
judeus adotassem sua própria religião baseada na Bíblia. Deste modo,
D’us disse, "Se tivesse escrito a maioria de minha Torá, [] seria contado igual a estranhos" (Oseías 8:12).
Por isso, a Torá Oral é a base do pacto de D’us com Israel. É até mais querida para D’us do que a Torá Escrita.
Detalhes das Mitzvot
A Torá Oral é o meio pelo qual dedicamos nossas vidas para D’us e Seus ensinamentos.
A Torá Oral é o meio pelo qual dedicamos nossas vidas para D’us e Seus ensinamentos.
D’us revelou todos os detalhes de como os
mandamentos deveriam ser observados enquanto Moisés estava no Monte
Sinai. D’us também revelou a Moisés muitas interpretações e leis que não
só seriam usadas muito tempo depois. Estas, porém, não foram ensinadas
totalmente ao povo.
Há uma tradição que diz que D’us ensinava a Torá Oral durante o dia e a Torá Escrita durante a noite.
Moisés transmitiu a Torá Oral para Aaron, seus
filhos e os Anciões, nesta ordem. Desta forma, está escrito, "E foi no
oitavo dia que Moisés chamou Aarão e a seus filhos, e aos anciãos de
Israel” (Levítico 9:1). As leis foram então transmitidas para todas as
pessoas e revisadas, até que cada pessoa tenha examinado-as
cuidadosamente quatro vezes.
Antes de morrer, Moisés revisou novamente a Torá
Oral e esclareceu quaisquer pontos ambíguos. Assim, está escrito, "Além
do Jordão, na terra de Moab, começou Moisés a explicar esta Lei”
(Deuteronômio 1:5).
Além de receber muitas explicações e detalhes
das leis, Moisés também recebeu regras interpretativas para deduzir e
interpretar as leis da Torá. Em muitos casos, ele sabia os casos em que
seriam aplicadas estas regras. Embora o estudo delas sejam,
originalmente, uma parte central da tradição, seus detalhes foram pouco a
pouco esquecidos quando as perseguições destruíram as grandes
academias.
As leis e detalhes envolvendo ocorrências
diárias comuns foram transmitidas diretamente por Moisés. Porém, as leis
envolvendo acontecimentos especiais fora do comum foram transmitidas
sendo derivadas da escritura pelas regras interpretativas. Caso
contrário, existiria o perigo de serem esquecidas.
Leis provenientes da lógica
As leis que Moisés transmitiu diretamente são chamadas de "Leis (transmitidas) por Moisés no Sinai" (halachot le-Moshe MI-Sinai). Estas leis foram preservadas cuidadosamente de geração em geração, e por essa razão, não encontramos nenhuma disputa em relação a elas.
As leis que Moisés transmitiu diretamente são chamadas de "Leis (transmitidas) por Moisés no Sinai" (halachot le-Moshe MI-Sinai). Estas leis foram preservadas cuidadosamente de geração em geração, e por essa razão, não encontramos nenhuma disputa em relação a elas.
Porém, no caso das leis originárias de regras
interpretativas ou lógicas, podem ser encontradas ocasionais disputas.
Estas incluem todos os debates no Talmud. Os sábios então tinham a
regra, "Se for lei, deve ser aceita. Mas se for interpretativa, pode ser
debatida."
As leis recebidas diretamente e aquelas
originárias de regras interpretativas são equivalentes em âmbito e
importância, e são semelhantes também em número.
Ambas as leis recebidas oralmente e as derivadas
pelas regras interpretativas têm as mesmas condições que as leis
escritas na Torá, e são consideradas como ordens da Torá (mitzvot
de-Oraitá). É somente no que se relaciona a juramentos que há certas
diferenciações das leis escritas na Torá.
Todos as leis que foram derivadas da escritura
ou da lógica foram formalmente aceitas pelo Sanhedrin. Então, se
tornaram parte da Torá Oral e foram transmitidas de geração em geração.
Todos as leis recebidas por Moisés foram
transmitidas oralmente de geração em geração e não precisavam de nenhuma
prova ou derivação da escritura. Em alguns casos, porém, uma base
bíblica ou lógica foram providenciadas para tais leis, de forma que
sejam lembradas melhor. Isto foi aplicado especialmente no caso de leis
que não eram de conhecimento comum.
Muitos leis orais foram incorporadas na Bíblia pelos trabalhos dos profetas.
D’us também deu a Moisés muitas regras com
relação a que situações devem-se decretar novas leis. Por isso, detalhes
de leis rabínicas são muitas vezes originárias do Sinai.
Todas as leis eventualmente legisladas pelo
Sanhedrin se tornaram parte da tradição oral que foi transmitida de
geração em geração.
Transmissão
A Torá Oral foi transmitida pela boca de Moisés para Iehoshuá depois para os Anciões, os Profetas, e a Grande Assembléia. A Grande Assembléia era o Sanhedrin, liderados por Ezra, nos tempos do Segundo Templo, que se encarregou de ordenar a legislação que faria o Judaísmo viável na diáspora.
A Torá Oral foi transmitida pela boca de Moisés para Iehoshuá depois para os Anciões, os Profetas, e a Grande Assembléia. A Grande Assembléia era o Sanhedrin, liderados por Ezra, nos tempos do Segundo Templo, que se encarregou de ordenar a legislação que faria o Judaísmo viável na diáspora.
A Grande Assembléia sistematizou muito da Torá
Oral de uma forma que possa ser memorizada pelos alunos. Esta
sistematização foi conhecida como a Mishná. Uma razão para este nome era
porque se destinava a ser revisada (shaná) repetidas vezes até ser
memorizada. A palavra também denota que a Mishná foi secundária (sheni) à
Torá Escrita.
Era uma exigência que a tradição oral fosse
transmitida oralmente, exatamente como foi ensinada. Os sábios que
ensinaram esta primeira Mishná foram conhecidos como Tannaim, Tanná no
singular. Esta palavra vem da palavra de origem aramaica tanna,
equivalente ao hebreu shaná, que significa "repetir."
Embora a Torá Oral tivesse que ser transmitida
oralmente, era permitido manter registros pessoais. Então, muitas
pessoas escreviam anotações pessoais do que era ensinado nas academias. O
que de fato foi verdadeiro para os ensinamentos que não eram revisados
freqüentemente. Muitos também acrescentavam anotações nas margens dos
pergaminhos bíblicos em que costumavam estudar.
Igualmente, os líderes das academias mantinham
notas escritas com a finalidade de preservar as tradições com precisão.
Porém, já que nenhuma destas anotações foram publicadas, ficaram
conhecidas como "pergaminhos escondidos" (megillot setarim).
Durante as gerações seguintes a Grande Assembléia, a Mishná se desenvolveu num
de estudo para os alunos memorizarem-na. Este foi expandido pela nova
legislação e lei. O que foi conhecido como a "primeira Mishná" (Mishná
Rishoná).
Quando as controvérsias começaram a surgir,
variações nas Mishnás dos variados mestres começaram a surgir também. Ao
mesmo tempo, a ordem da Mishná foi melhorada, especialmente pelo Rabi
Akiva (1-121 A.C). Certas partes da Mishná foram colocadas em sua forma
atual.
Porém, até aquele momento nenhuma parte da Torá
Oral tinha sido publicada. As únicas exceções foram alguns trabalhos
menores como o Pergaminho dos Jejuns (Megillat Taanit).
A Mishná do Rabino Yehudá
A redação final e mais precisa da Mishná foi feita pelo Rabino Yehudá, o Príncipe. É a Mishná que temos hoje em dia, como parte do Talmud. O trabalho foi completado em 3948 (188 Era Comun)
A redação final e mais precisa da Mishná foi feita pelo Rabino Yehudá, o Príncipe. É a Mishná que temos hoje em dia, como parte do Talmud. O trabalho foi completado em 3948 (188 Era Comun)
A Mishná consiste de seis sequências, incluindo 63 tratados.
Ao compilar seu trabalho, o Rabino Yehudá usou a
Mishná anterior resumindo-a e decidindo entre as variadas questões
argumentadas. Os sábios de seu tempo concordaram com suas decisões e
ratificaram sua edição. Mesmo as opiniões rejeitadas foram incluídas no
texto, para que fossem reconhecidas e não revividas nas gerações
posteriores.
Há uma dúvida em relação a quando a Mishná foi
escrita. Algumas autoridades mantêm a opinião de que foi o próprio
Rabino Yehudá quem a publicou. Já de acordo com outras autoridades,
porém, esta foi ainda mantida oralmente pelas gerações seguintes.
Uma tradição diz que se houver algum perigo da
Torá Oral ser esquecida, poderá ser escrita. Como está escrito nos
Salmos: "É chegado o tempo da intervenção do Eterno, pois eles
infringiram Tua lei”(Salmos 119:126). O que significa que se há algum
perigo da Torá ser abandonada ou esquecida, está em tempo de trabalhar
para D’us e remediar a situação...
Desde que a tradição exige que a Torá Oral
fosse escrita sob certas condições, os mandamentos para escrever um
pergaminho da Torá hoje incluem a obrigação de escrever ou obter livros
da Mishná e do Talmud que contenham a Torá Oral.
Além da Mishná, outros volumes foram compilados
pelos alunos do Rabino Yehudá durante este período. Estes incluem a
Toseftá que segue a seqüência da Mishná, como também o comentário de
Mechiltá em Êxodo, a Sifrá em Levítico, e o Sifri em Números e
Deuteronômio. Os trabalhos compilados fora da escola do Rabino Yehudá
recebem o nome de Baraitá. Pouco tempo depois, o Talmud de Jerusalém
(Talmud Yerushalmi) foi compilado pelo Rabino Yochanan.
O Talmud
Antigamente, o costume era, primeiramente, que os alunos memorizassem os fundamentos da Torá Oral, e depois, analisassem cuidadosamente seus estudos. Durante o período precedente ao Rabino Yehudá, as leis memorizadas evoluíram na Mishná, enquanto a análise evoluiu numa segunda disciplina conhecida como Gemará. Depois que a Mishná foi compilada, estas discussões continuaram, tornando-se muito importantes para elucidar a Mishná.
Antigamente, o costume era, primeiramente, que os alunos memorizassem os fundamentos da Torá Oral, e depois, analisassem cuidadosamente seus estudos. Durante o período precedente ao Rabino Yehudá, as leis memorizadas evoluíram na Mishná, enquanto a análise evoluiu numa segunda disciplina conhecida como Gemará. Depois que a Mishná foi compilada, estas discussões continuaram, tornando-se muito importantes para elucidar a Mishná.
A Gemará progrediu oralmente por uns 300 anos
seguindo a redação da Mishná. Finalmente, quando entrou em perigo de ser
esquecida e perdida, o Rav Ashi (352-427 Era Comum), juntamente com sua
escola na Babilônia se encarregou de reunir todas estas discussões e
colocá-las em ordem. Rav Ashi passou a maior parte de sua vida neste
projeto junto com seu colega Ravina. Depois de sua morte, seu filho, Mar
bar Rav Ashi (Tavyomi) continuou seu trabalho com Meremar. O Talmud
babilônico (Talmud Bavli), como é chamado, foi publicado no ano 4265
(505 Era Comum).
O Talmud babilônico concluiu 37 dos 63 tratos da
Mishná. Seu principal propósito era esclarecer a Mishná, estabelecer
opiniões que se ligavam, fornecer derivações para as leis, discutir a
legislação mais antiga e fornecer sermões e histórias para realçar as
discussões.
Havia um total de 40 gerações, compreendendo 1,817 anos, desde Moisés até a redação final do Talmud.
O Talmud babilônico foi aceito por todo Israel
como a autoridade final em todas as questões de religião e lei. Todas as
codificações subsequentes da lei da Torá se conectam desde de que
estejam baseadas no Talmud. Opor-se a qualquer ensinamento do Talmud é
se opor a D’us e a Sua Torá
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