SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO TORAH – SHA'AR 2 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 7
O articulista, médico e professor judeu, FLÁVIO ROTMAN, declara que se a paz da alma é a verdadeira face divina dentro de cada ser humano, então os FILHOS DE YISRAEL possuem o direito à igualdade, à liberdade, bem como o direito de viver em uma nação democrática, soberana, centrada na justiça social: O ESTADO DE YISRAEL. Cita FLÁVIO ROTMAN uma história agádica narrada em um dos tratados talmúdicos, a qual ilustra a forma pela qual os judeus se dedicavam ao estudo da TORAH. Segundo esta narrativa agádica, quando o POVO HEBREU estava reunido aos pés do MONTE SINAI, para firmar uma aliança com ADONAI-ELOHIM, uma espada (juntamente com o TANAKH ao lado) desceu do céu e permaneceu suspensa sobre os hebreus. Em seguida, uma voz ordenou para que eles escolhessem entre a ESPADA e o TANAKH. Os hebreus escolheram o TANAKH. De fato, na história judaica, a guarda, a manutenção, a preservação e o zelo pelo TANAKH conduziram muitos judeus à destruição pela espada brandida pelos execráveis inimigos dos FILHOS DE YISRAEL. Os judeus sobreviveram triunfantes e vitoriosos a todos os implacáveis, incansáveis e perseguidores políticos e religiosos. Mesmo assim, eles continuam, até hoje, analisando, comentando, discutindo, estudando e interpretando o TANAKH [1].
A palavra hebraica transliterada por TANAKH representa as três divisões das escrituras sagradas hebraicas: TORAH, NEVIIM e KETHUVIM. A TORAH entre outros, significa orientações ou procedimentos na vida nos aspectos de conduta ética, moral, religiosa, sexual e social. Durante séculos, a TORAH tornou-se a PEDRA CENTRAL e em seguida o TALMUD tornou-se o PILAR CENTRAL, os quais continuam a guardar, manter, suportar e sustentar a prática do modo de viver judaico. Após a TORAH, o TALMUD tornou-se a segunda obra literária religiosa mais importante do modo de viver judaico. A palavra hebraica transliterada por TALMUD está ligada a palavra hebraica transliterada por LAMED (a qual está associada a ESTUDO) e está ligada a palavra hebraica transliterada por LIMED (a qual está associada a ENSINO). E ambos, ENSINO e ESTUDO formam a base da educação judaica e do judaísmo rabínico. A literatura judaica rabínica talmúdica consiste nas análises, comentários, discussões e interpretações dos mandamentos, dos preceitos e das prescrições registradas na TORAH. A elaboração desta obra literária judaica rabínica é da autoria dos eruditos e sábios judeus residentes na BABILÔNIA e em YISRAEL, e demorou um longo período, o qual se estendeu do século V a.e.c. até o século V d.e.c.
Em uma sociedade de constantes mudanças, o TALMUD se tornou um instrumento de ajuda no estudo do comportamento ético e moral do modo de viver judaico. Exceto a TORAH, o TALMUD foi e ainda é a única obra literária religiosa judaica que expressou e ainda expressa os aspectos da essência dos judeus e da sua vida espiritual e que funcionou como um guia incomparável de conduta espiritual, ética, moral e social. Diante disto, o TALMUD induz a observação do descontentamento social diante de quaisquer poderes econômico, militar, político ou religioso que possam ser considerados maléficos, ofensivos e violentos. E as autoridades religiosas cristãs católicas apostólicas romanas sabiam o quanto a sua estrutura dogmática religiosa estava construída sobre distorções, engôdos, falsificações, fraudes, mentiras e mitos.
A estrutura literária do TALMUD sempre se mostra intransigente em relação ao ócio e à paralisia social para aqueles que aceitam passivamente quaisquer leis econômicas, militares, políticas ou religiosas. Assim, o estudo do TALMUD é uma forma bastante eficaz de denunciar, recusar e rejeitar, sobretudo, ideologias, filosofias e teologias dogmáticas falsas ou tirânicas, principalmente aquelas de cunho antissemítico. Consequentemente, o TALMUD pode identificar raízes teológicas cristãs contra o JUDAÍSMO, conforme explicado no LIVRO 2 – CAPÍTULO 1. Além disto, os implacáveis, incansáveis e insistentes perseguidores dos FILHOS DE YISRAEL também descobriram, ao longo dos séculos, que a principal característica do modo de viver judaico reside na dependência principalmente do estudo do TALMUD. Assim, caso os FILHOS DE YISRAEL abandonassem o estudo do TALMUD ele não poderia sobreviver como nação e como povo. Por causa disto, durante séculos, lideranças políticas e religiosas cristãs atuaram e investiram brutalmente e violentamente contra os FILHOS DE YISRAEL.
Em muitas ocasiões o estudo do TALMUD foi proibido e em seguida sofreu ataques teológicos de autoridades cristãs católicas apostólicas romanas que planejaram a sua destruição, primeiro através de debates teológicos em público e em seguida através da sua queima pelo fogo inquisitorial. Foi exatamente por causa disto que o TANAKH foi incorporado ao patrimônio da cultura literária universal tornando-se a obra literária judaica clássica utilizada pela humanidade, enquanto que o TALMUD permaneceu como uma obra literária judaica rabínica apenas, exclusivamente e somente dos judeus. E foi assim que os FILHOS DE YISRAEL, o POVO DO LIVRO, abraçou o TALMUD como o LIVRO DO POVO [2].
Durante séculos, a busca da compreensão, do entendimento e da verdade, em termos dos valores judaicos foi poucas vezes interrompida mesmo com o sofrimento da perseguição aos FILHOS DE YISRAEL. Esta busca apenas era possível através do estudo do TANAKH. E em torno do TANAKH desenvolvia-se uma atividade contínua de exame investigativo que os FILHOS DE YISRAEL guardavam e zelavam como se fôsse apenas a própria TORAH. Esta atividade dotada de característica investigativa e interpretativa judaica rabínica era a MISHNAH, a qual foi totalmente codificada sob a responsabilidade do sábio judeu tanaíta da quinta geração, RABBI YEHUDAH HA NASSI, RABENNU HA KADOSH (135 – 219).
As interpretações e investigações judaicas dos textos sagrados tanaíticos resultaram mais tarde em um grande número de análises, comentários, discussões e interpretações registradas que se destinavam a explicar mais profundamente o que transmitiam os textos sagrados hebraicos. O caráter não dogmático e aberto do pensamento religioso judaico tornou possível a MISHNAH ser referida como uma obra literária investigativa. Mas estas análises, comentários e discussões provocaram discordâncias e controvérsias exatamente por causa da sua natureza investigativa que poderia destruir as teologias cristãs dogmáticas sustentadas pelas autoridades religiosas cristãs católicas apostólicas romanas. Do mesmo modo, falsas acusações de heresias também foram direcionadas a outras obras literárias judaicas rabínicas como MOREH NEVUCHIM, da autoria do sábio judeu rishonita sephardi, RABBI MOSHEH BEN MAIMON, O RAMBAN (1138 – 1204), e SEPHER MILHAMOT ADONAI, da autoria do sábio judeu rishonita ashkenazi, RABBI LEVI BEN GERSHON, O RALBAG (1288 – 1344), ambas as obras literárias judaicas rabínicas também registram análises, comentários e discussões judaicas rabínicas [3–7].
A característica judaica de esclarecer e explicar referências tanaíticas contendo ou não inconsistências e contradições por meio da exegese rabínica estimulou e motivou aos eruditos e sábios judeus a escrever e estudar os comentários do TANAKH. O sentido da exegese rabínica é expor, externar, exteriorizar e extrair. Embora a exegese ajude a interpretar e revelar o sentido de algo ligado ao mundo humano, na prática ela foi aplicada a interpretação de textos bíblicos. Entretanto, o filósofo, teólogo e escritor cristão egípcio, ORIGENES ALEKSANDRIA (185 – 254), utilizava a interpretação alegórica de textos bíblicos, afirmando que tais textos, além da clareza aparente, continham um sentido mais profundo. Porém, a utilização da exegese no meio cristão sempre provocou uma quantidade abusiva de interpretações. Isto causou, ao longo dos séculos, o surgimento de uma quantidade enorme de denominações e lideranças religiosas cristãs. Na sociedade cristã, o TANAKH é utilizado para se obter sempre aquilo que se deseja não importando o que seja. E, para isto, os cristãos interpretam o TANAKH da forma que eles desejarem.
Na sociedade cristã, vários são os casos em que o cristão, ao interpretar o TANAKH segundo os seus próprios caprichos, desejos, desígnios, objetivos e vontade, ele acaba por buscar a sua própria satisfação pessoal ao invés de buscar o conhecimento da vontade de ADONAI-ELOHIM. E quando isto ocorre ele torna-se DEUS DE SI MESMO. É exatamente por causa disto que a sociedade internacional vem testemunhando há séculos o surgimento de milhares de denominações e lideranças religiosas cristãs resultantes de desavenças, desentendimentos e discórdias entre os seus membros, os quais trabalham apenas para obterem enriquecimento, fama, glória, influência social, poder, posição social, premiação, prestígio, promoção e troca de favores. E quando tudo isto é obtido então os fiéis declaram que a vontade divina foi satisfeita. Mas isto é resultado da tentativa de dividir ADONAI-ELOHIM, em três divindades. Ao que tudo indica, a sobrevivência do CRISTIANISMO reside na miséria da sua sociedade dividida.
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