sábado, 3 de agosto de 2013

 

As Montanhas Místicas

Uma visão mais profunda

    

A imagem da montanha é a imagem de nossos Patriarcas. Deste ponto inicial da fé em
D’us, o Povo Judeu recebeu sua missão Divina de trazer o conhecimento de D’us a todo o mundo. Nesta apresentação, o Rabi Ginsburgh fala sobre a imagem das duas montanhas na Parashá desta semana e sua conexão intrínseca com a Torá, o Templo, Mashiach e a missão do Povo Judeu de espalhar o conhecimento Divino pelo mundo.

A Parashá Visual

O nome de nossa Parashá é Reê, que significa “Ver”. Depois que o Povo Judeu entrou na Terra de Israel, o primeiro lugar que lhes foi ordenado parar foi na Cidade de Shechem, onde os Cohanim e os Leviim os abençoariam se eles cumprissem a Torá e os amaldiçoariam se eles pecassem. Seis tribos deveriam subir o Monte Guerizim, ao sul de Shechem, para serem abençoadas, e as seis tribos restantes deveriam subir no Monte Eival, ao norte de Shechem, para serem amaldiçoadas.
A benção e a maldição estão visualmente aparentes nas próprias montanhas.
O Monte Guerizim, a montanha da benção, é verde e fresca.
O Monte Eival, a Montanha da Maldição é cinza e árida
Na Cabalá aprendemos que estas duas montanhas representam dois olhos. O Monte Guerizim representa o olho direito da sabedoria, do qual emana a benção pura. O Monte Eival representa o olho esquerdo do entendimento, do qual julgamentos – mesmo julgamentos severos – se manifestam.

A Fonte da Maldição

O fato de que seis tribos permaneceram no Monte Eival significa que havia um elemento positivo na maldição. Em hebraico, a palavra para “maldição” é klalá (kuf, lamed, lamed, hei). A raiz de klalá é kalal (kuf, lamed, lamed) que significa “luz brilhante e resplandecente”, como na expressão nechoshet kalal, “cobre brilhante”. Na sua fonte, uma maldição é uma luz brilhante e resplandecente. Este esplendor pode ser ofuscante, tornando impossível para nós entendê-lo e incorporá-lo em nossas consciências. Mesmo sendo uma maldição o resultado de uma transgressão, não é uma punição ou uma expressão da vingança Divina, D’us o proíba. Em vez disso, a maldição da Torá vem de uma fonte muito elevada, cujo objetivo é purificar as almas daqueles que transgrediram.
Por causa da natureza sublime da maldição, o altar sagrado construído depois da cerimônia nas duas montanhas foi erguido especificamente no Monte Eival, o local mais apropriado ao brilho ofuscante da maldição.
Obviamente, D’us quer que nós apreciemos somente o bem revelado. Para isto, Ele nos deu a Torá e os mandamentos para nos guiar. Em um nível mais profundo, entretanto, a relação entre a benção e a maldição cria um estado de equilíbrio e estabilidade na consciência e alma do Povo Judeu, sendo ambas necessárias.

A Coroa Acima dos Olhos

A porção de Devarim discute o Monte Hermon no norte de Israel. Esta é a primeira montanha que será vista pelo Povo Judeu no retorno a Israel na era Messiânica. O Hermon é uma montanha alta, cujo cume é coberto por neve no inverno. Ele representa o pico da fé no nível superconsciente da coroa da alma judia.
Junto com o Monte Guerizim e o Monte Eival, o Hermon forma um trio com o formato de um triângulo, chamado segolta. O Monte Hermon representa a coroa na alma judaica e está no pico do triângulo. Ele pode ser percebido como o terceiro olho no meio da testa, que pode antever a coroa. O Monte Guerizim, representando sabedoria e o olho direito, está no canto direito, enquanto o Monte Eival, representando entendimento e o olho esquerdo, está no canto esquerdo no triângulo.
A imagem das três montanhas também pode ser vista em cores. No topo está o Monte Hermon branco como a neve. À direita, está o Monte Guerizim verde e florescente e, à esquerda, o cinza e árido Monte Eival. Cinza está mais próximo do branco do que o verde, indicando que há aqui um ciclo começando com o Monte Hermon e indo ao Monte Guerizim, ao Monte Eival e retornando, então, ao Monte Hermon.

Matemática “Montanhosa”

Os valores numéricos dos nomes das três montanhas são os seguintes.
  • Hermon = 304
  • Guerizim = 260
  • Eival = 112
Como vimos acima, o Mt. Eival está ligado ao Mt. Hermon. Seu valor combinado é 416, que equivale a 16 vezes 26, o Nome essencial de D’us. O valor do Mt. Guerizim, 260, é 10 vezes 26.
As quatro letras hebraicas do nome essencial de D’us são:
  • Yud = 10
  • Hei = 5
  • Vav = 6
  • Hei = 5
O 10 vezes 26 do Mt. Guerizim corresponde ao yud, que representa sabedoria, enquanto o 16 vezes o nome essencial de D’us , do Hermon e do Eival corresponde às outras três letras. Todas juntas, o valor numérico do trio de montanhas é 676 = 26 vezes 26, o que resulta no nome essencial ao quadrado, o mais perfeito número.

A Série Quadrática

Como os valores numéricos das montanhas decrescem em ordem, eles criam uma série quadrática simples. Uma série quadrática é criada calculando-se as diferenças entre uma determinada série de números.
Nossa série quadrática é assim: (As diferenças entre os números estão em vermelho. As diferenças entre o segundo estágio dos números – a força impulsora – estão em azul).
112
260
304
244
80
148
44
-60
-164
-104
-104
-104
Existem cinco números positivos nesta série: os três números das montanhas, 676, que equivale a 26 ao quadrado, e os dois números adicionados, 244 e 80. 244 mais 80 = 324, que é 8 ao quadrado. 26 ao quadrado mais 18 ao quadrado = 1000, 10 ao cubo.
Esta série quadrática pode ser desenhada como uma parábola, com o pico (304) no topo:
304
260
244
112
80

O Par Perfeito e o Par Amigável

Os valores numéricos desta série nos oferecem outro espantoso fenômeno. A soma do primeiro, terceiro e quinto números (112, 304, 80 – Hermon, Eival, e seu reflexo oculto) equivale a 496, o valor numérico de malchut, “reinado”. O segundo e o quarto números (260 e 244, Guerizim e seu reflexo oculto) equivalem a 504.
O número 496 é um “número perfeito”. Um número perfeito é aquele cujos divisores, fora o próprio número, somam-se até aquele número. O primeiro número perfeito é 1, e o próximo número perfeito é 6, cujos divisores são 1, 2 e 3. A soma de 1, 2 e 3 é 6. O próximo número perfeito é 28, e o seguinte é 496. (O próximo é 8128, seguido por 2096128...).
Outro conceito na Matemática é o de “números amigáveis”. Este é um par de números tal que todos os divisores de um dos números do par equivalem ao outro número, e vice-versa. Até cerca de 100 anos atrás, o único par conhecido de números amigáveis era 220 e 284, que, somados, equivalem, 504. 496 é o valor numérico de livyatan (“Leviatã”, sozinha – perfeita em si mesmo – pois seu macho foi morto no início da criação). Se somarmos um chet a livyatan, temos as palavras livyat chen, “um gracioso par de companheiros”.
Espantosamente, livyat chen equivale a 504. 496 e 504 são os valores numéricos das montanhas, como mostrado acima, que, juntos, equivalem a 1000. Assim, vemos que a origem da maldição (Eival e seu reflexo junto com sua fonte superconsciente – Hermon) está na singularidade do Leviatã, enquanto a fonte da bênção (Guerizim e sua reflexão) é o segredo do “gracioso par de companheiros”.

“Eu Ergo Meus Olhos para as Montanhas”

No Salmos (121:1) está escrito:
Esah Einai el heharim, mayayin yavo ezri
Eu ergo meus olhos às montanhas, de onde minha ajuda virá?
Este versículo alude às duas montanhas Guerizim e Eival. Os Kohanim e os Leviim permaneceram no vale entre os montes Guerizim e Eival, erguendo seus olhos primeiro para a direita depois para a esquerda ao recitarem a benção e maldição.
Em hebraico, a palavra para “de onde” no versículo acima é mayayin. Esta palavra também pode ser entendida como significando “do ayin”, do Nada Divino, a essência oculta do olho (também pronunciado ayin). Quando erguemos nossos olhos físicos aos Céus, atingimos a visão do Nada Divino, que é a fonte de toda ajuda e salvação.
Em Jó (28:12) está escrito:
Vehachochmah mayayin timatze
De onde a chochmá pode ser encontrada?
A Chassidut ilumina este versículo com uma luz mais profunda: Chochmá vem de ayin, do Nada Divino. A Cabalá e a Chassidut explicam que chochmá, representada aqui pelo Monte Guerizim, passa a existir somente quando se une com o entendimento, representado pelo Monte Eival. Mesmo que o Monte Guerizim represente a benção aparente, ele tem uma unidade oculta com a maldição do Monte Eival, que equilibra o segredo da benção.

Monte Moriá

No versículo do Salmo 121 acima, a palavra para “as montanhas” é heharim. Quando as letras de heharim são rearranjadas, elas soletram hamoriá, o Monte do Templo em Jerusalém. A palavra moriá significa “incenso” ou “ensinamento”, aludindo à palavra de D’us ao Povo judeu e a toda humanidade que emana do Templo Sagrado no Monte Moriá (“ensinamento”) e ao serviço e união fundamentais com D’us no Templo Sagrado (“incenso”).
Claramente, Hamoriá equivale a 260, o mesmo valor numérico de Guerizim. De acordo com o princípio de que o esquerdo é incluído dentro do direito, o Monte Eival é incluído dentro do Monte Guerizim. Estes dois números se unem ao Monte Moriá.
Na Cabalá, o Monte Moriá corresponde a ainda outro ponto na configuração geométrica das montanhas. O Hermon é a coroa no topo, o Monte Guerizim e o Monte Eival são os dois olhos da chochmá (“sabedoria”) e biná (“entendimento”) à direita e à esquerda, e o Monte Moriá corresponde a daat (“conhecimento”). A Cabalá ensina que daat é o ponto entre os ombros. O Templo Sagrado de Jerusalém estava situado no vale entre os sopés das montanhas que o circundavam. Esta imagem é chamada daat, o poder que conecta a mente (sabedoria) às emoções do coração (entendimento). Quando algo conecta duas faculdades aparentemente opostas, sua fonte é mais elevada que as faculdades que ela conecta. Assim, a fonte de daat está acima da sabedoria e do entendimento. Ela deriva da coroa do Monte Hermon. A ponta do Monte Moriá reflete a coroa e está situada entre e abaixo do Monte Guerizim e do Monte Eival, diretamente oposta ao Monte Hermon. O Monte Moriá é o cume das três montanhas precedentes.

Monte Sinai

As quatro montanhas mencionadas acima correspondem às sefirot de keter, chochmá, biná e daat. Estas montanhas estão todas na Terra de Israel. Outra montanha que também tem profundo significado para o Povo Judeu é o Monte Sinai, onde D’us nos deu a Torá. O Monte Moriá, que representa a Torá manifestada no mundo, deve se relacionar ao Monte Sinai, onde a Torá nos foi entregue. O valor numérico de Sinai é 130. Este é o mesmo valor de ayin e é a metade de 260, Moriá. A relação do Sinai com Moriá é o profundo segredo cabalístico da metade de um todo.
Nós meditamos sobre cinco montanhas, cuja progressão é da Torá, do Templo, o Mashiach e a missão do Povo Judeu de espalhar o conhecimento Divino pelo mundo.

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