Perguntou o discípulo ao seu mestre: – O judeu o que é?
- Um acendedor de lamparinas como antigamente, antes da eletricidade, que toda noite acendia com seu fogo as lamparinas da rua.
- E quando a lamparina está fincada no deserto?
- Mesmo lá ele deve acendê-la, para que todos saibam que o lugar é um deserto, e para que a aridez se envergonhe perante a luz.
- E se a lamparina estiver fincada no mar?
- Deve-se tirar as roupas, pular no mar e acendê-la.
- Mas eu não vejo a lamparina?
- Pois não é um “acendedor de lamparinas”.
- E como se torna um acendedor de lamparinas?
- Você deve começar por si mesmo. Lave-se, saia do seu materialismo. Dentro do seu egoísmo só enxergará o material. Quando se elevar, verá também a pureza do seu próximo.
- Será que se pode pegar o próximo pela garganta?
- Pela garganta não, mas pela ponta de sua roupa, sim.
“A vela de D’us – a alma do homem” é a lamparina que enquanto não for acesa não estará cumprindo seu papel: iluminar o mundo. O deserto, um lugar árido, representa a pobreza em sabedoria.
Perguntou o aluno: – Se a alma está num corpo e disto não tem noção, será que mesmo assim se deve acendê-la?
Respondeu o mestre: – Sim, seja um dos discípulos de Aharon, ame as criaturas e depois aproxime-as da Torá. Mesmo o homem envolvido no materialismo a ponto de não sentir sua aridez, envergonhar-se-á diante da luz e mudará. O mar, ao contrário, repleto de águas é o símbolo da riqueza da cultura humana.
Perguntou o discípulo: – Há num homem cheio de sabedoria humana, que acredita ter a verdade, chances de acender sua alma?
- O Racionalismo somente reveste o interior da pessoa, encontrando a verdade do homem. Não conseguirá quebrar sua armadura somente pelos caminhos racionais. Você precisará desfazer-se de tudo que o envolve, pular ao mar com sua essência mais profunda. Sua alma encontrará a essência dele, e aí as luzes se juntarão e uma tocha se elevará e iluminará o homem e o mundo.
Empolgou-se o discípulo e perguntou: – Será que se pode pegar o próximo pela sua garganta, obrigá-lo?
Aí, respondeu o Rav: – Você pode obrigar a si próprio, mas não ao seu próximo. Pode tocar somente na ponta de sua roupa, mas não em seu corpo e logicamente não invadir a sua alma.
O Acendedor de Lamparinas – (Adaptado da introdução do livro “Emunot” do Rabino Israel Hess)
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