quarta-feira, 26 de junho de 2013

Judeus na China

                 





Ninguém sabe ao certo quando os chineses tiveram o primeiro contato com os judeus. Certos historiadores afirmam que, a partir do século VIII, os mercadores judeus que viajavam pelo mundo chegaram "A China", nação mercantilista por excelência.


 


Documentos datados de 717 atestam o estabelecimento no império chinês, de comerciantes judeus vindos do Oriente Médio. Uma carta
escrita por volta do ano 718, por um mercador interessado em vender algumas ovelhas, e descoberta na região ocidental da China, há cerca de um século, é um dos inúmeros sinais que, segundo estudiosos, comprovam a centenária presença judaica no país. A carta, escrita em judeu-persa com letras hebraicas, em um tipo de papel produzido até então apenas pelos chineses, utiliza uma linguagem comercial comum na Ásia Central, no período. Posteriormente, foi encontrado nas Cavernas de Mil Budas, em Dunhuang, um outro documento em hebraico: uma das selichot.
Circulam várias histórias sobre a vida dos judeus na China. Uma delas conta que em 880, um judeu chamado Eldad HaDani, foi capturado por bandidos e levado à China, onde foi libertado por um comerciante de origem judaica. Este episódio é mencionado por Rashi e por Hasdai ibn Shaprut. Outra referência à presença judaica foi encontrada em meio a documentos do diretor-geral dos Correios de Bagdá, Ibn Khurdadbih, na qual mencionava mercadores judeus conhecidos como Radanitas, que viajavam pelas regiões da Espanha, França e China. No século X, o cronista muçulmano Abu Kaid a-Sirafi escreveu sobre a captura da cidade de Khanfhu (provavelmente Guang-chu, ou Cantão), nos anos 877 e 878, mencionando o massacre de muçulmanos, cristãos e mercadores judeus na região.
Há também relatos de encontros de viajantes cristãos com judeus no final do século XII. Outro relato foi feito por Marco Polo em seus diários de viagem, em 1286, afirmando ter encontrado judeus em Khanbalik (Pequim), durante sua visita à corte do rei Kubilai Khan. Pouco depois, o missionário franciscano John de Montecorvino reafirmava em suas cartas, a presença judaica no país e, em 1326, o missionário Andrew de Perugia escrevia dizendo que os judeus de Guang-chu recusavam-se obstinadamente a abrir mão de sua fé e aceitar o batismo. Em 1342, John de Marignoli contou, em correspondência, ter participado de “gloriosas disputas” intelectuais em Pequim com muçulmanos e judeus. O viajante muçulmano Ibn Battuta também falou sobre a presença judaica na China, quando chegou na cidade de Hangzhou, em 1346. Segundo narra, ele e seu grupo entraram na cidade através de um portão chamado “Portão dos judeus”, enfatizando que ali viviam “muitos judeus, cristãos e turcos, adoradores do sol”.
Novas evidências da vida judaica na China apareceram posteriormente, em meados do século XVI, mais uma vez na troca de correspondência entre missioná-rios, entre os quais Francisco Xavier, posteriormente canonizado pelo trabalho que realizou no Extremo Oriente. O viajante português Galleato Pereira, ao escrever sobre o tempo em que ficou preso na China, entre 1549 e 1561, afirmou que nos tribunais chineses gentios e judeus faziam os juramentos cada um em sua própria fé.
A vida dos judeus em territórios chineses pode ser considerada tranqüila, pois não há registro de perseguições pelas autoridades, fato que teria levado à assimilação. Dizem os estudiosos que esta situação deve-se ao fato de que a filosofia confucionista, vigente na China desde o século V a.E.C., não perseguia os seguidores de outras religiões.

A comunidade judaica de Kaifeng

Coube ao jesuíta Matteo Ricci “descobrir”, no início do séc. XVII, os judeus de Kaifeng. Segundo seus relatos, a comunidade judaica de Kaifeng observava escrupulosamente as leis da Torá, falava o hebraico e sua sinagoga era suntuosa. Infelizmente a revolução chinesa de 1644, que levou ao poder a dinastia Ching, provocara a destruição da sinagoga e dos livros sagrados, além de um declínio geral na vida comunitária judaica. Apesar da sinagoga ter sido reconstruída, a vida judaica perdeu grande parte de sua vitalidade após esses eventos.
No século XVIII, os jesuítas que visitaram a cidade de Kaifeng aproximaram-se dos judeus e estudaram os seus textos sagrados. Durante este período, houve intensa troca de cartas entre Pequim e Roma e este material se tornou parte dos arquivos do Vaticano. Nessas cartas os religiosos descreviam a vida cotidiana e os costumes dos judeus chineses, ressaltando o orgulho e a maneira como cuidavam da sinagoga.
Jean Domenge, jesuíta que visitou os judeus chineses em 1722, fez alguns esboços da parte interna e externa da sinagoga de Kaifeng, registrando o grau de assimilação que já havia no seio da comunidade judaica local. De acordo com a descrição de Domenge, a sinagoga de Kaifeng seguia o estilo arquitetônico local, com muitas áreas dedicadas aos ancestrais e personagens ilustres da histórica judaica. Denominada Templo da Pureza e da Verdade – nome comum também para as mesquitas – tinha uma área separada para o sacrifício de animais. No seu interior, havia também uma mesa na qual se queimava incenso em honra dos patriarcas Abraham, Itzhak e Jacob.
Durante o Shabat, de acordo com Domenge, os judeus liam a Torá, mas somente depois que esta fosse colocada em uma “cadeira especial para Moisés”. Acima da cadeira, havia uma placa com os seguintes dizeres em dourado: “Longa vida para o Grande Imperador Qing (referência ao nome da dinastia). Era uma exigência do governo para os templos judaicos, muçulmanos, confucionistas, budistas e taoístas, que vigorou até o estabelecimento da República da China, em 1911. Nas sinagogas, no entanto, os judeus incluíram em hebraico a prece do Shemá, acima do texto em chinês, já que esta não poderia ser compreendida pelos não-judeus. Desta maneira, somente D’us e eles sabiam que o Todo-Poderoso estava acima de tudo.
Documentos dos jesuítas mencionam também dois monumentos com inscrições, erguidos na área externa da sinagoga de Kaifeng. Uma das inscrições, datada de 1489, fala sobre a história e a crenças dos judeus, ressaltando o ano de 1421, quando o imperador conferiu o sobrenome Zhao ao médico judeu An Ch’em, ato que simbolizou a aceitação dos judeus na socie-dade chinesa. A partir dessa data, os judeus poderiam integrar-se aos serviços públicos. Esta inscrição também mencio-na o que seria o início da presença judaica em Kaifeng, em 960. Nesse ano, seguindo a Rota da Seda, um grupo de judeus persas – mercadores ou refugiados de perseguições em seu país de origem – instalaram-se na cidade, sendo recebidos pelo então imperador da Dinastia Sung, do qual ouviram as seguintes palavras: “Vocês vieram para a nossa China. Respeitem e preservem os costumes de seus ancestrais e os reverenciem aqui em Pien-liang (Kaifeng)”.
No mesmo texto, ainda, conta-se que a primeira sinagoga foi construída em 1163. Na parte de trás deste monumento, há uma inscrição datada de 1512 que sugere a existência de comunidades judaicas em outras regiões da China, como por exemplo, a doação de um rolo de Torá feita pelo sr. Gold (Jin, em chinês), de Hangzhou, para a comunidade de Kaifeng. Na inscrição encontra-se também uma tentativa de traçar um paralelo entre os princípios básicos do confucionismo e do judaísmo, algo facilmente identificável, pois ambas as religiões enfatizam a aplicação de princípios morais na vida cotidiana.
Segundo pesquisas feitas por historiadores, desde a sua chegada a Kaifeng, os judeus se instalaram em um bairro que se tornou conhecido como “A Rua
Daqueles que Ensinam as Escrituras”. A primeira sinagoga foi construída no entroncamento das ruas “Mercado da Terra” e “Deus do Fogo”. O monumento erguido em 1489 marcava a reinauguração do templo que fora destruído durante uma enchente.

Ainda segundo estudiosos da presença judaica na China, foi durante a dinastia Ming (de 1368 a 1644) que um imperador determinou os sete sobrenomes que os judeus poderiam adotar: Ai, Lao, Jin, Li, Shi, Zhang e Zhao. Aliás, até hoje, eles podem ser identificados por esses mesmos nomes. Dois deles chamaram a atenção dos historiadores – Shi e Jin, que significam respectivamente Stone e Gold, sobrenomes muito comuns entre os judeus ocidentais.

Em 1724, o então imperador Yong Zheng proibiu o proselitismo e a presença de missionários de qualquer religião no país. Assim, o contato entre judeus do país e de outras nações tornou-se cada vez mais difícil, fazendo crescer a assimilação. Uma carta de um judeu de Kaifeng, datada do século XIX, reflete bem a situação: “De manhã e de noite, com lágrimas em nossos olhos e oferendas de incensos, imploramos que a nossa religião possa florescer novamente. Temos procurado em todos os cantos, mas não encontramos ninguém que pudesse entender as letras do Grande País (Hebraico) e isto nos deixa profundamente tristes”.

A ausência de rabinos e uma sinagoga em decadência foram as principais razões para a falta de perspectiva futura para a comunidade judaica. Embora os costumes da circuncisão e da cashrut ainda fossem mantidos, a pobreza crescente entre a população judaica – e também entre seus vizinhos chineses – levou à venda de algumas áreas da sinagoga e também dos manuscritos sagrados, muitos adquiridos por missionários protestantes. Alguns destes documentos encontram-se atualmente na Biblioteca Klau do Hebrew Union College, em Cincinnati (EUA).

Os poucos judeus que ainda vivem em Kaifeng quase não conhecem o hebraico e mantêm as tradições dos seus ancestrais mescladas com as da cultura chinesa. No entanto, não têm a menor dúvida quanto ao fato de seremdescendentes dos mercadores judeus recebidos pelo imperador em 960.

A Era Moderna e o surgimento de outras comunidades

Como vimos, Kaifeng, principalmente a partir do estabelecimento de mercadores judeus na China, foi sem dúvida o grande centro judaico do século XII até o XIX. Mas, com o início da Era Moderna, há um renascimento da vida judaica na China.

O tratado de Nankin, de 1842, e a abertura dos portos chineses ao comércio com o Ocidente levou para Xangai a primeira imigração judaica moderna. Comerciantes judeus vindos do Oriente Médio, principalmente de Bagdá, instalam-se na cidade, fazendo-a prosperar. Entre as famílias que lá se estabelecem, podemos mencionar os Sassoon, Hardouyi, Ezra e Kadoory. Várias sinagogas são erguidas por estas famílias: a sinagoga Beth Aaron, que não existe mais, pelos Hardouyi; a sinagoga Ohel Rachel, por Victor Sassoon. A atual sede do Shangai Children Palace era a suntuosa residência dos Kadoory. Em 1920 a comunidade de Shangai tinha 700 membros e mantinha relações amigáveis com os chineses.

Na década de 1930, inicia-se uma segunda imigração de judeus para a China, composta basicamente de judeus russos. Incentivos dados às minorias pelo governo de Moscou para povoar a região, em função de um projeto conjunto sino-russo – a construção de uma ferrovia que ligava a Rússia à Ásia Oriental – faz com que os judeus russos se instalem tanto em Harbin, ao norte do país (na Manchúria), centro do projeto, como na cidade de Tientsin.

A Comunidade da Minoria Judaica foi estabelecida em Harbin em 16 de fevereiro de 1903 e contava com 500 pessoas. O seu primeiro rabino foi Shevel Levin, que já tinha trabalhado como líder espiritual em Omsk e em Chita, na Sibéria. No início do século XX, a população de Harbin aumentou com a chegada de judeus que fugiam dos pogroms e de soldados russos que haviam lutado contra o Japão. Em 1910, a população judaica da cidade girava em torno de dez mil pessoas. Com a Revolução Russa de 1917 e a guerra civil que se seguiu, mais judeus se refugiaram em Harbin, atigindo a marca de 20 mil em1920. Foram também para Tianjin e Shangai.

Longe da opressão dos czares, os judeus passaram a ter um papel proeminente na sociedade de Harbin, trabalhando na Bolsa de Valores e assumindo cargos municipais. Atuavam também nas empresas de carvão, na exportação de óleo de soja e feijão, trigo e peles para a Rússia, Europa e América. Tornaram-se donos de fábricas, cafés e restaurantes. A comunidade mantinha ainda dois bancos, um hospital, uma escola e um lar para idosos, além de possuir um refeitório que oferecia refeições gratuitas aos necessitados e um serviço de assistência social. Sem dúvida, a comunidade de Harbin foi um refúgio para aqueles que fugiam da Rússia. Apesar de a maioria dos judeus da região falar russo e ídiche, rapidamente aprenderam também o chinês. Os jovens eram membros de movimentos como Betar e Macabi e as atividades sionistas proliferavam, despertando na juventude o desejo de emigrar para Eretz Israel. Havia comunistas e socialistas e debates intensos marcavam a vida comunitária. Entre as lideranças locais destacavam-se o rabino Aaron Kiselev, que viveu em Harbin de 1913 até a sua morte, em 1949; e o dr. Abraham Kaufman, presidente do Conselho Na-cional Judaico.
Com a ocupação da Manchúria pelo Japão, em 1931, os judeus viram a sua liberdade diminuir, gradativamente. Alguns decidiram partir para países do Ocidente, outros voltaram para a Rússia – voluntária ou forçosamente; outros grupos estabeleceram-se em Pequim, Tienjin, Shangai e Hong Kong, cidades nas quais havia comunidades judaicas bem estruturadas. Em 1903, por exemplo, havia três sinagogas em Shangai.

Com a ascensão do nazismo na Europa, a cidade recebeu 25 mil judeus, pois era o único lugar do mundo para onde se podia emigrar sem visto e que aceitava receber judeus. A maioria chegava sem recurso algum e eram ajudados pela comunidade judaica de Shangai.

Com a conquista da cidade pelos japoneses – aliados dos nazistas durante a Segunda Guerra – inúmeros judeus foram mantidos em regime semi-interno num gueto criado em Hongkew. As condições de vida eram intoleráveis e centenas de judeus acabaram morrendo de fome. Com o fim da guerra, a maioria dos judeus que haviam sobrevivido decidiram deixar a China.
Em 1945 foi a vez dos russos reocuparem a Manchúria, acusando em seguida as lideranças judaicas de cooperação com os japoneses e traição à Rússia.

Muitos foram presos e morreram nos campos de trabalhos forçados de Stalin. Abraham Kaufman, por exemplo, foi interrogado durante três anos seguidos na conhecida prisão Lubyanka, em Moscou, e condenado a dez anos de trabalhos forçados. Sobrevivendo, apesar de tudo, reuniu-se com a família em Israel.
Tentando refazer a trajetória de seus pais, a professora Zvia Borman visitou a cidade de Harbin, em 1999. Ela andou pelas lápides do cemitério judaico e encontrou o túmulo do rabino Kiselev. Entrou na velha sinagoga e visitou a antiga escola secundária judaica. O hospital agora é um estabelecimento chinês e a escola para crianças tornou-se um instituto educacional coreano. A casa em que seus pais moravam foi derrubada e em seu lugar erguida uma moderna construção em estilo ocidental. Segundo Zvia, sua família foi a última a deixar a cidade, estabelecendo-se em Israel, na cidade de Natânia.
Ressurgimento judaico

A vida judaica está ressurgindo na China, apesar do judaísmo não ser reconhecido pelo governo chinês como religião, assim como não o são os outros credos. Em 29 de novembro do ano 2000, em Shangai, foram oficiados os serviços religiosos de Rosh Hashaná, na Sinagoga Ohel Rachel, pela primeira vez nos últimos 50 anos. Construída pela família Sassoon em 1920, não está aberta ao público durante o ano, exceto através de visitas organizadas. A cidade possui, também, uma biblioteca e um museu judaico. O Consulado Geral de Israel da cidade serve como ponte entre o Estado de Israel e as províncias de Shangai, Jiangsu, Zhejiang e Anhui. Seu objetivo é aumentar o intercâmbio cultural, comercial e tecnológico entre os dois povos.

Os judeus tiveram um papel preponderante na história de Hong Kong desde os primeiros anos da cidade como colônia britânica. Oriundos de Bagdá, Norte da África e Grã-Bretanha, marcaram sua presença na região, como revelam nomes de ruas e avenidas, entre as quais a Via Nathan e a Avenida Kadoory. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Gueto de Hongkew tornou-se o lar de aproximadamente 20 mil refugiados da Europa Central.

Segundo estimativas, há cerca de vinte mil judeus vivendo atualmente em Hong Kong, vindos principalmente dos Estados Unidos, Inglaterra, França, África do Sul e Israel. Mais de 30 mil visitantes judeus passam pela região anualmente, levados por negócios ou apenas lazer. Com sinagogas, museus e um Centro Comunitário Judaico, Hong Kong oferece várias opções para quem busca uma vida plena de judaísmo.

Em 1991 foi fundada a Escola Carmel, em Hong Kong, a primeira escola judaica do leste asiático e uma das mais respeitadas instituições internacionais de ensino, com mais de 250 alunos da pré-escola ao ensino médio, oferecendo um currículo secular que segue os moldes das escolas americanas e um programa de estudos judaicos.

Há também uma comunidade judaica em Pequim na qual são realizados serviços religiosos de Shabat, comemoração das Grandes Festas e uma série de outras atividades. A Kehilá de Pequim, como é denominada, faz parte do consórcio judaico da Internet, Shamash. n

Bibliografia:
Return to China, artigo publicado na edição de 22 de junho de 2001 do Jewish Chronicle
Gross, Davic C., The Jewish People’s Almanac
The Jews of China, artigo publicado pelo Dr. Wendy Abraham, do Departamento de Línguas Asiáticas da Universidade de Stanford
Jewish Communities of the World, pelo Dr. Avi Beker, Institute of the World Jewish Congress

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O Ultimo Judeu de Taipé
Shih Hung-Mo acredita ser o último judeu de Taipé. Com uma aparência oriental, afirma que seus pais e antepassados viviam abertamente como judeus, mas ele, em função do contexto do país, prefere não fazer muito alarde sobre a sua identidade. Hung-Mo fala hebraico e, logo após a criação do Estado de Israel, escreveu para um rabino importante pedindo ajuda para chegar ao Estado Judeu, mas não foi levado a sério.
Anos mais tarde, porém, o mesmo rabino decidiu escrever-lhe e pedir desculpas por sua atitude, dizendo que pensara que a carta recebida no passado fosse uma fraude. Hung-Mo, no entanto, não tem a menor dúvida sobre o fato de ser judeu e sempre fala das lembranças de sua infância, quando o pai o levava ao cemitério e lhe mostrava lápides com inscrições em hebraico.
Rumores sobre a existência de um judeu em Taipé despertaram a curiosidade do rabino Marvin Tokayer que, durante suas atividades como líder espiritual em Tóquio, decidiu visitar a ilha para saber se os boatos eram verdadeiros. Ao chegar a Taipé, o religioso encontrou um obstáculo para localizar Hung-Mo – o fato de inúmeras pessoas terem o mesmo nome. Para localizar o indivíduo correto, o rabino Tokayer fez uma pesquisa nos registros demográficos e chegou a Hung-Mo averiguando um item específico – o hebraico, citado como segunda língua.


TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA –




 

SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO BERESHIT – SHA'AR 3 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 33

De acordo com o que foi discutido até aqui sobre a referência tanaítica SEPHER BERESHIT 1,26-31, porque, então, o ser humano deve estar previamente condenado espiritualmente? Que condenação espiritual é esta? A úni
ca condenação imposta ao ser humano é que ele deve morrer fisicamente, mas, entretanto, a sua NEFESH retorna a ADONAI-ELOHIM. Mas, entretanto, foi YESHUA NAZARETH quem impôs a CONDENAÇÃO ESPIRITUAL do ser humano, conforme registrado nas referências evangélicas EVANGELHO DE MARCOS 16,16 e EVANGELHO DE LUCAS 19,27. Mais tarde, através das suas numerosas viagens, PAULLUS TARSOS (3 d.e.c. – 66 d.e.c.), foi o cristão quem mais contribuiu para propagar a enganosa, falsa e ilusória TEOLOGIA DA CONDENAÇÃO ESPIRITUAL do ser humano, o qual, segundo ele, precisa aceitar YESHUA NAZARETH para não ser condenado [18].

De fato, a enganosa, falsa e ilusória TEOLOGIA DA CONDENAÇÃO ESPIRITUAL do ser humano ensina que o ser humano está condenado a morrer espiritualmente caso ele não aceite e nem confesse que YESHUA NAZARETH é o ÚNICO SALVADOR e o ÚNICO SENHOR, e que a sua SALVAÇÃO ESPIRITUAL (o que deve, segundo esta teologia cristã, incluir também a NEFESH do ser humano) foi realizada através do sofrimento e da morte de YESHUA NAZARETH (não profetizados no TANAKH), conforme registrado na referência testamentária EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS 3,21-25 [7].

Na referência testamentária EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS 3,21-25, PAULLUS TARSOS ensina que a JUSTIÇA DIVINA se manifestou sem o concurso da LEI (referindo-se PAULLUS TARSOS a TORAH) devido à redenção realizada através de YESHUA NAZARETH, o qual sofreu, foi crucificado e morto em lugar dos seres humanos, segundo a VONTADE de ADONAI-ELOHIM. Mas, entretanto, este ensinamento cristão é enganoso, falso e ilusório por dois motivos explicados a seguir [18].

Em primeiro lugar, não há nem um único registro de uma referência tanaítica na qual a JUSTIÇA DIVINA permita que um culpado ou um inocente seja condenado à morte física em lugar de outros culpados ou inocentes. Mas, ao contrário deste falso ensinamento, ADONAI-ELOHIM proíbe que membros de famílias sejam condenados à morte física em lugar de outros parentes, segundo está escrito:

Não se fará morrer os pais pelo testemunho dos filhos, nem os filhos pelo testemunho dos pais. Cada homem morrerá pelo seu pecado.

Sepher Devarim 24,16

E a proibição divina de condenar um inocente em lugar do culpado é reforçada, segundo está escrito [18]:

Os que se fiam em sua força e de suas riquezas imensas se vangloriam, nem mesmo a seu irmão podem eles remir, nem ao Eterno oferecer resgate por sua morte, pois tão alto é o preço da vida, que jamais poderá ser alcançado pelo homem, para viver eternamente e não chegar ao sepulcro. Pois se vê que morre o sábio assim como perecem os tolos e insensatos, deixando a outros suas riquezas. Pensavam os ímpios que eternas seriam suas casas, e por gerações sucessivas persistiram suas moradas; até deram seus próprios nomes às suas terras. Porém o homem, com toda sua riqueza, não persiste, pois como qualquer ser vivo, é mortal. Este é o destino – frustrando sua imensa autoconfiança –, vivenciado também por todos que os seguem. Como ovelhas, são tangidos ao sepulcro pela morte, e os justos terão domínio sobre eles; sua beleza e sua força se consumirá e somente a profundeza do Sheól será sua morada. Mas minha alma será redimida do Sheól, pois o Eterno me resgatará.

Sepher Tehilim 49,7-16

A referência tanaítica SEPHER TEHILIM 49,7-16 ensina que mesmo aqueles que possuem riquezas materiais não podem se livrar da morte física porque o preço das suas vidas é muito alto para ser resgatado através de pagamento em dinheiro, sejam estes eruditos, sábios ou tolos. De acordo com isto, a JUSTIÇA DIVINA também proíbe a utilização de dinheiro para condenar inocentes em lugar dos verdadeiros culpados. E, por outro lado, YESHUA NAZARETH não foi condenado à morte física pela VONTADE DIVINA, mas ele foi condenado à morte física pelo fornecimento de uma quantia em dinheiro, conforme registrado nas referências evangélicas EVANGELHO DE MATEUS 26,14-16; EVANGELHO DE MATEUS 27,1-7; EVANGELHO DE MARCOS 14,10-11; e EVANGELHO DE LUCAS 22,1-6 [1,7].

De fato, todos os seres humanos são mortais, mas somente ADONAI-ELOHIM é o ÚNICO a dispor da vida e da morte física dos seres humanos, mas ELE assim o faz sem nenhuma condição ou restrição alguma e muito menos através de acordos financeiros ou políticos. Além do mais, nem mesmo a JUSTIÇA HUMANA permite condenar um ser humano inocente em lugar dos verdadeiros culpados. Por causa disto, no início de qualquer julgamento legal, sempre se cumpre a norma judicial de fornecer todas as informações sobre a identidade do réu aos membros do júri bem como às testemunhas presentes, mencionando principalmente o motivo pelo qual o réu é acusado juridicamente, e não outra pessoa [7,13].

Mas, entretanto, PONTIUS PILATUS (? – 36 d.e.c.), o qual exercia o cargo político de quinto prefeito romano na PROVÍNCIA DE YAHUDAH (PROVÍNCIA DA JUDÉIA), entre os anos de 26 d.e.c. e 36 d.e.c., foi quem, segundo as fontes literárias evangélicas, julgou e condenou à morte a YESHUA NAZARETH, ao cumprir o regulamento jurídico romano de fornecer informações sobre a identidade de YESHUA NAZARETH, como estabelecido, exigido e ordenado pelo DIREITO ROMANO, conforme registrado nas referências evangélicas EVANGELHO DE MATEUS 27,11-26; EVANGELHO DE MARCOS 15,1-15; EVANGELHO DE LUCAS 23,1-25; e EVANGELHO DE JOÃO 18,28-40. E, foi também PONTIUS PILATUS quem ordenou redigir a inscrição INRI em uma tábua de madeira (a qual foi afixada à cruz, e pregada acima da cabeça de YESHUA NAZARETH), informando nela o verdadeiro motivo jurídico da sua crucificação, conforme registrado nas referências evangélicas EVANGELHO DE MATEUS 27,37; EVANGELHO DE MARCOS 15,26; e EVANGELHO DE JOÃO 19,19-20 [10,13].

Porém, somente na referência evangélica EVANGELHO DE JOÃO 19,19-20 está registrado que esta inscrição foi redigida nas línguas grega, latina e hebraica, por ordem de PONTIUS PILATUS. A norma jurídica romana de informar o motivo de uma condenação jurídica ainda é aplicada em tribunais judiciários de vários países do mundo para se evitar que inocentes sejam julgados e condenados em lugar dos verdadeiros culpados. Porém, filósofos e teólogos cristãos querem simplesmente porque querem ensinar que YESHUA NAZARETH foi preso inocentemente, foi julgado e, em seguida, foi condenado à morte física por crucificação em lugar de todos os seres humanos de acordo com a JUSTIÇA DIVINA [10,13].

Em segundo lugar, a TORAH apenas regulamenta que os sacrifícios de animais de gado e de rebanho devem ser realizados no BEIT HAMIKDASH; devem ser oferecidos de acordo com a TORAH; e que estes sacrifícios visam apena a ADORAÇÃO DIVINA realizada pelo ofertante (adorador, o que realiza a oferta), mas não visam a SALVAÇÃO ESPIRITUAL do ofertante porque o ofertante não está de forma alguma sob o domínio da CONDENAÇÃO ESPIRITUAL. Entretanto, a TORAH apenas regulamenta quais as espécies de animais de gado, animais de rebanho e de aves devem ser oferecidos em sacrifício para ADONAI-ELOHIM, conforme registrado na referência tanaítica SEPHER VAYIKRA 1,1-17 [13].

De fato, MIRYAM NAZARETH, a mãe de YESHUA NAZARETH, após sair do estado de impureza NIDDAH (PERÍODO DE TEMPO PARA PURIFICAÇÃO DE UMA MULHER JUDIA), entregou a ZEVACH TODA (OFERTA DE ELEVAÇÃO) a SIMEON, O KOHEN (SACERDOTE), o qual oficiava no BEIT HAMIKDASH, conforme registrado na referência evangélica EVANGELHO DE LUCAS 2,22-39. A oferta ZEVACH TODA entregue por MIRYAM NAZARETH foi um par de rolas e um par de pombinhos, conforme registrado na referência evangélica EVANGELHO DE LUCAS 2,22-24.

Porém, cabe ao ofertante o direito de escolher ofertar (para realizar os sacrifícios prescritos na TORAH) animais de gado, animais de rebanho ou aves (rolas ou filhotes de pombos), e não somente um par de rolas ou dois pombinhos, conforme registrado na referência evangélica EVANGELHO DE LUCAS 2,24. Além disto, a TORAH não registra que o ofertante deve apenas ofertar rolas ou pombinhos. Assim, não sendo os sacrifícios de animais destinados à SALVAÇÃO FÍSICA, à SALVAÇÃO ESPIRITUAL e nem destinados à remissão dos pecados dos ofertantes, então quais os motivos da TORAH registrar as normas para a realização da OLA (SACRIFÍCIOS DE ELEVAÇÃO); as normas para a realização da SHELAMIN (SACRIFÍCIOS DE PAZES); as normas para a realização do CHATAT (SACRIFÍCIOS DE PECADO); e as normas para a realização das MINCHOT (OBLAÇÕES)? Quais os motivos, então?

Na realidade, ADONAI-ELOHIM nunca exigiu, nunca obrigou e nunca ordenou que os FILHOS DE YISRAEL oferecessem sacrifícios de quaisquer animais, mas os filósofos e os teólogos cristãos é que ensinam isto baseado em referências tanaíticas interpretadas de acordo com os seus interesses. Mas, a TORAH registra apenas, exclusivamente, somente e unicamente as regulamentações para atender ao desejo humano de adorar a ADONAI-ELOHIM através de sacrifícios de animais, segundo está escrito:

E Deus disse: “Façamos homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança, e que domine sobre o peixe do mar, sobre a ave dos céus, sobre o animal e em toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta na terra!” E Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea criou-os. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: “Frutificai, multiplicai, enchei a terra e subjulgai-a, e dominai sobre o peixe do mar, sobre a ave dos céus e sobre todo o animal que se arrasta na terra!” E Deus disse: “Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente que está sobre a face de toda a terra, e toda árvore em que há fruto de árvore que dê semente; a vós será para comer. E para todo animal da terra, para toda ave dos céus e para tudo que se arrasta sobre a terra – em que haja alma viva – , toda verdura de erva será para comer!”, e assim foi. E Deus viu tudo o que fez e eis que era muito bom. E foi tarde e foi manhã, o 6o dia.

Sepher Bereshit 1,26-31

As referências tanaíticas que registram as regulamentações dos sacrifícios da OLA, SHELAMIN, CHATAT e MINCHOT não incluem animais rastejantes e nem tão pouco de seres humanos são: SEPHER VAYIKRA 1,1-17; SEPHER VAYIKRA 2,1-16; SEPHER VAYIKRA 3,1-17; SEPHER VAYIKRA 4,1-35; SEPHER VAYIKRA 5,1-26; SEPHER VAYIKRA 6,1-23; SEPHER VAYIKRA 7,1-38; SEPHER VAYIKRA 16,1-34; SEPHER VAYIKRA 17,1-16; SEPHER VAYIKRA 19,5-8; SEPHER VAYIKRA 22,17-33; e SEPHER DEVARIM 17,1. E, de fato, ADONAI-ELOHIM não exigiu, não obrigou e nem tão pouco ordenou o oferecimento de sacrifícios de animais, e nem de seres humanos. E a prova disto é a palavra do NAVI YIRMIYAHU BEN HIZKIYAHU, segundo está escrito:

Assim disse o Eterno dos Exércitos, o Deus de Israel: Juntai vossas ofertas de elevação às vossas ofertas de paz e comei sua carne. Pois nada falei nem ordenei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, em relação às oferendas de elevação ou às ofertas de paz. Somente isto lhes ordenei: Escutai Minha voz e serei vosso Deus e vós sereis Meu povo, e trilhai o caminho que Eu vos ordeno para que tudo vos corra bem.

Sepher Navi Yirmiyahu 7,21-23

A experiência pela qual passou AVRAHAM BEN TERAH (na qual foi impedido por ADONAI-ELOHIM de sacrificar o seu único filho, YITSHAK BEN AVRAHAM) é o melhor exemplo de que ADONAI-ELOHIM despreza, rejeita e repudia sacrifícios humanos, conforme registrado na referência tanaítica SEPHER BERESHIT 22,1-19. No entanto, filósofos e teólogos cristãos continuam insistindo em ensinar que a morte física de YESHUA NAZARETH foi uma oferenda sacrificial de CHATAT [13]
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terça-feira, 25 de junho de 2013

O Fator Adão.


O Fator Adão
Por Tzvi Freeman
E todo objeto saberá que Tu o fizeste; e toda criatura entenderá que Tu a criaste; e cada coisa que tenha o sopro da vida em suas narinas proclamará: D'us, o D'us de Israel, é Rei. e Sua soberania reina sobre tudo…                                        

- Preces de Rosh Hashaná

O idioma hebraico não tem palavra para "coisas", "objetos" ou "troços". Até as palavras "físico" e "matéria" são termos emprestados. Em hebraico, todas as coisas são dvarim – "palavras". Palavras: articulações da alma, pensamentos cristalizados. E desde então, tudo que existe é D'us e Suas palavras.

Afinal, D'us falou e o mundo veio a existir. A magia disso é que estas palavras estão tão fortemente concentradas, que não percebemos que são palavras – nós as percebemos como coisas; independentes, autônomas, que só estão aqui porque estão aqui, como se não tivessem qualquer fonte.

Esta é a missão que viemos ao mundo para cumprir: que não somente nós, não somente a humanidade, mas todo efeito deveria saber sua causa, toda forma deveria entender o que a formou – o mundo inteiro deveria se tornar uma luva transparente para a Divindade que contém. Mesmo este senso de "aqui estou eu, porque eu sou" seria visto como nada mais que um reflexo distorcido da verdadeira essência de todas as coisas – o único que está "ali porque Ele está ali."
De fato, isso é o que Adam conseguiu no seu primeiro dia:

Um antigo Midrash nos relata que quando Adam acordou para a vida, encontrou todas as outras criaturas de pé acima dele, adorando-o. Sendo as primeiras das criaturas, elas perceberam que algo as deveria ter formado – e Adam parecia o candidato óbvio.

Adam entendeu de modo diferente, portanto ele se comunicou com elas e levou toda a criação a se conscientizar que deve haver um Ser Superior, não apenas outra criatura, mas um Criador Ilimitado, que fez todas as criaturas existirem e continua a sustê-las, dando vida a cada uma delas – Ele Próprio incluído.

Desde então, esta tem sido a missão de cada descendente de Adam: levar toda a Criação a um estado de percepção mais elevado.


POR TZVI FREEMAN

Rabino Tzvi Freeman, editor sênior de Chabad.org, também lidera nossa equipe Pergunte ao Rabino. É autor de Trazendo o Céu para a Terra. Para inscrever-se e receber atualizações regulares sobre os artigos de Rabino Freeman, visite os Freeman Files.

Porque acender uma vela por um ente querido falecido? Por Rabino Shamai Ende - Em BC News nº 2


Pergunta:
Por que no judaísmo costuma-se acender uma vela por um ente querido falecido? Isto é relevante para a alma, ou é somente um ato simbólico?

Resposta:

O rei Salomão comparou a alma do homem a uma vela, como consta em seu livro (Provérbios cap. 20): “a vela de D’us é a alma do homem”. O motivo para isto é explicado nos livros chassídicos, pois da mesma forma que a chama de uma vela está sempre subindo, e querendo se elevar, voltar a sua origem e desprender-se do pavio que a mantém acesa, a alma judaica, que é uma partícula Divina (vide Tanya cap. 2), deseja constantemente voltar a seu Criador, e se desvincular de seu corpo que a segura neste mundo inferior. Este também é o motivo do costume judaico de se balançar nas orações para despertar a intenção, pois imitamos involuntariamente a chama da vela nesta sua ascensão.

Um dos objetos importantes que havia no Santuário do deserto e, posteriormente, no Templo Sagrado de Jerusalém, era a Menorá. Esta consistia em um candelabro de sete braços que deveria ser acesa diariamente antes do pôr-do-sol. Durante a noite brilhavam todas as sete velas. Estas apagavam-se ao amanhecer, e apenas uma vela permanecia acesa, que milagrosamente ardia o dia todo.

Rabenu Bachyê, (1263-1340), um grande e famoso comentarista da Torá, explica o motivo desta Mitsvá: “É conhecido que a alma tem proveito do acendimento das velas. Por isso, ela navega nos espectros do brilho e da alegria, e se expande e se alarga pelo prazer da luz, já que a alma é uma partícula luminosa extraída da luz intelectual. Ela é atraída pela luz da vela, já que são da mesma espécie, apesar de que nossa luz é física, e a luz da alma é uma luz espiritual pura e simples, [mas ambas são chamadas de luz]. Por isso o Rei Salomão, de bendita memória, comparou a alma à luz da vela, dizendo: ‘a vela de D’us é a alma do homem’.

“Por isto na hora que a pessoa se encontra num estado terminal, deve-se acender uma vela para acompanhar a saída da alma. Durante os sete dias de luto, deverá brilhar uma vela na casa em que faleceu, já que durante estes sete dias a alma visita a casa de onde ela despediu-se deste mundo. Como também, anualmente no dia do Yahrzeit (data do falecimento), deve se acender uma vela em casa ou na sinagoga, já que nesta data a alma tem permissão de voltar a este mundo e visitar a sua casa (se não encontra lá uma vela acesa, ela vai à sinagoga), e ao ver uma vela acesa em sua homenagem, isto lhe causa uma enorme satisfação.

“Por este motivo a Menorá era acesa no Templo Sagrado, pelas almas do povo judeu que faleceram. De noite, quando o julgamento da alma é mais rigoroso, eram necessárias então sete velas, porém durante o dia, quando o julgamento é mais ameno, bastava apenas uma vela.”

Entendemos desta explanação que acender uma vela pelo falecido nos dias citados, além de causar um grande prazer para a alma, ajuda em seu julgamento e ascensão espiritual. Por este motivo também, além dos 7 dias de Shivá, costuma-se manter uma vela acesa na casa do falecido, ou na sinagoga, durante os 11 meses da recitação do Kadish, ou até o primeiro Yahrzeit, acompanhando a elevação da alma deste período.

Acendemos também uma vela de 24 horas na véspera de Yom Kipur pelo falecido, para auxiliar em seu julgamento, já que também as almas são julgadas neste dia sagrado.

Também é um costume acender uma vela numa visita ao cemitério. Nossos sábios explicam, que a alma nem sempre encontra-se ao lado de seu túmulo, podendo ir e vir conforme sua vontade. Sendo assim, pode ser que no momento da visita ela não se encontra lá. Porém, ao deixar lá uma vela acesa, a alma ao voltar ao túmulo fica sabendo quem esteve lá, e pelo prazer de ser lembrada, ela volta ao Trono Celestial e desperta a Misericórdia Divina pela pessoa que a visitou.

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Kipá e Talit para Mulheres?

Torá e Estudo   »   P & R
Kipá e Talit para Mulheres?
Por Rabino Shamai Ende - Publicado em BC News Nº 1

Pergunta:

Soube que nas sinagogas liberais mulheres já usam kipá e talit, fato completamente repelido pelos judeus ortodoxos. Por que a relutância em aceitar as mudanças dos tempos?



Resposta:

Um dos aspectos que diferencia o judaísmo de outras religiões é o fato de a prática da religião não se resumir apenas à sinagoga. O centro da vida judaica é o lar judaico e as leis do judaísmo envolvem cada passo da pessoa 24 horas por dia, sete dias por semana. À mulher judia foi dada a principal responsabilidade de manter acesa a chama do judaísmo. Isto é alcançado por meio da alimentação casher, da santidade da vida conjugal (taharat hamishpachá), da educação dos filhos desde os primeiros passos dentro do judaísmo e da iluminação espiritual das velas de Shabat e Yom Tov.

Assim se garante a continuidade de nosso povo. Uma vez que estas responsabilidades são de extrema importância, a mulher judia está isenta de certas mitsvot positivas que exigem prazo fixo para seu cumprimento, como talit e tefilin, sucá, lulav, shofar. Mesmo assim, há mitsvot que as mulheres cumprem apesar de não ordenadas; porém, a mitsvá de talit e tsitsit não devem cumprir por razões cabalísticas e por transgredir a proibição da Torá de não usar adornos masculinos.

No decorrer da história judaica encontramos a mulher judia como aquela que manteve a chama judaica dentro do povo. Ainda no Egito, as mulheres iam ao encontro de seus maridos escravizados para encorajá-los a construir uma família, e educavam seus filhos com todas as dificuldades e perseguições, dentro das mais puras tradições. Segundo nossos Sábios, por mérito das mulheres judias nosso povo foi redimido do Egito. Assim, será também pelo mérito delas que seremos redimidos do exílio atual por intermédio de Mashiach.

Ao ordenar a Moshê que transmitisse a Torá ao povo judeu, D’us lhe pediu que antes dissesse às mulheres e só depois aos homens, pois elas aceitariam mais facilmente e ainda ajudariam a convencer os homens. Quarenta dias após receber a Torá, o povo cometeu o pecado do Bezerro de Ouro sem a participação das mulheres. Quando os espiões voltaram da Terra Santa, desencorajando os judeus a entrar nela, os homens choraram, implorando para voltar para o Egito; mas as mulheres mantiveram sua fé em D’us e pediram para ter uma parte nesta Terra. E assim encontramos vários episódios em que as mulheres sempre demonstraram, naturalmente, ter mais fé do que os homens. Este é um dos motivos por que os homens receberam mais mitsvot do que as mulheres, para que sirvam de lembrete de sua fé em D’us, conforme escreveu Maimônides em seu livro de leis.

Este também é o simbolismo da kipá – constantemente a lembrar que existe Alguém acima de nossa cabeça. A mulher não precisa deste lembrete.

Sempre que surgem novas ideologias dentro do judaísmo insistindo em modificar certas leis e costumes ou mesmo deturpando-os em nome da modernidade, estas se deparam com contradições mesmo dentro de suas próprias doutrinas. Afinal, por que estes mesmos homens usam kipá, tsitsit, tefilin, rezam numa sinagoga, são chamado à Torá? Com certeza é apenas para demonstrar sua fé em D’us e unir-se a Ele por seus atos, cumprindo Sua vontade. As mitsvot são expressão da vontade Divina, porém Sua vontade só pode ser expressa através das leis na forma que Ele nos ensinou na Torá (escrita e oral – o Talmud), nas tradições judaicas mantidas por nossos ancestrais desde que Moshê os recebeu no Monte Sinai até o presente. Estas leis são Divinas e, portanto, eternas, não passíveis de mudanças como as leis feitas pelos humanos.

Assim, colocar talit ou tefilin numa mulher significa pegar um objeto que expressa a vontade Divina e usá-lo contra Sua vontade. Isto demonstra apenas que a base de toda esta teoria provém em descrer que as leis da Torá são o alicerce do judaísmo e que os mandamentos são provenientes de D’us, transmitidos no Sinai.

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quinta-feira, 13 de junho de 2013

SEPHER TESHUVAH YEHUDIM 5





SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO BERESHIT – SHA'AR 2 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 22

De fato, o UNIVERSO está fundamentado sobre a TORAH para que os FILHOS DE YISRAEL, de dia e de noite, devem comê-la, devorá-la e ruminá-la; falem dela e com ela; isto é, que os judeus a estudem e pratiquem os mandamentos, os preceitos e as prescrições registradas na TORAH, segundo está escrito [1]:

Somente seja muito forte e corajoso, para teres o cuidado de fazer conforme toda a Torá que Meu servo Moisés te ordenou; não se desvies dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que ajas prudentemente, por onde quer que andares. Não se afaste da tua boca este livro da Torá, e nele medita dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito, pois assim serás bem-sucedido em teus caminhos, e então prosperarás.

Sepher Navi Yehoshua 1,7-8

O Eterno empobrece e enriquece; abaixa e também eleva. Levanta o pobre do pó e desde a lixeira eleva o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes e os fazer herdar o trono de glória; porque do Eterno são os alicerces da terra e sobre eles assentou o mundo.

Sepher Navi Shemuel Alef 2,7-8

E Ele me disse: Ó filho do homem, come o que te trago. Come este rolo e vai, fala à Casa de Israel! Abri, pois, a minha boca e Lhe obedeci. E Ele me disse: Ó filho do homem! Que teu estômago degluta e se preencha teu ser com este rolo que Eu te dou! Assim fiz, e seu paladar, em minha boca, tinha a doçura do mel.

Sepher Navi Yehezkel 3,1-3

Bem aventurado o homem que não segue os conselhos dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores e nem participa da reunião dos insolentes; mas, ao contrário, se volta para a Torá do Eterno e, dia e noite, a estuda. Ele será como a árvore plantada junto ao ribeiro que produz seu fruto na estação apropriada e cujas folhagens nunca secam; assim também florescerá tudo que fizer.

Sepher Tehilim 1,1-3

De acordo com estas referências tanaíticas, o UNIVERSO subsiste em virtude daqueles que observam a TORAH. Em particular, a referência tanaítica SEPHER NAVI SHEMUEL ALEF 2,7-8 ensina que os fundamentos da TERRA são os justos que observam e praticam os mandamentos, os preceitos e as prescrições registradas na TORAH. Mas, na realidade, a TORAH foi outorgada para os justos, conforme registrado na referência rabínica MIDRASH TANCHUMA – BEREISHIS [15]. E, do mesmo modo, eruditos e sábios judeus ensinam que o justo é o fundamento do UNIVERSO, segundo está escrito [1,16]:

O Rabbi Hiyya bar Abba disse em nome do Rabbi Yochanan bar Nafcha: Não parte um justo do mundo enquanto não seja criado um outro justo como ele, pois está escrito: Nasce o sol, depois se põe, e se apressa a voltar ao lugar onde de novo virá a nascer [Sepher Cohélet (Livro do Eclesiastes) 1,5]. Antes que se apagasse o sol de Eli, surgiu o sol de Shemuel de Ramah. Disse o Rabbi Yochanan bar Nafcha: O Eterno, Bendito Seja, observou que os justos eram poucos em número, e os plantou em cada geração que, porque são eles os fundamentos da terra. Até mesmo em virtude de um único justo subsiste o mundo, segundo está escrito: O justo é o fundamento do mundo.

Talmud Bavli – Seder Moed – Tratado Yoma 38b

Devido à grande solidariedade existente entre os FILHOS DE YISRAEL e entre o SER HUMANO e a CRIAÇÃO, também a solidariedade de um único justo justifica todos e tudo, segundo está escrito [1,17]:

Vós todos estais misturados uns aos outros. Mesmo se houvesse somente um justo entre vós, o mundo inteiro subsistiria por causa dele.

Midrash Tanchuma – Devorim 29,9

Do ponto de vista judaico rabínico, o fato de o UNIVERSO subsistir devido apenas e somente a um único justo é verdadeiro porque tal subsistência é assegurada por ADONAI-ELOHIM, segundo está escrito [1]:

E Abrahão se aproximou e disse: Destruirás também o justo com o mau? Talvez haja 50 justos dentro da cidade. Também destruirás e não perdoarás ao lugar pelos 50 justos que há dentro dela? Longe de Ti de fazer tal coisa, de matar o justo com o mau; e será assim o justo igual ao mau; longe de Ti! Aquele que é o Juiz de toda a terra, não fará justiça? – e o Eterno disse: “Se encontrares em Sodoma 50 justos dentro da cidade, perdoarei ao lugar todo por causa deles.” E Abrahão respondeu e disse: Eis que, rogo, comecei a falar ao Senhor, e eu sou pó e cinza. Talvez faltarão dos 50 justos, 5; destruirás pelos 5 a toda cidade? – e disse: “Não destruirei, se achar aí 45.” E tornou ainda a falar-Lhe, e disse: Talvez se encontrem ali 40. – e disse: “Não farei por causa dos 40.” E disse: Não Se aborreça, rogo, ó Senhor, e falarei: talvez se encontrem ali 30. – e disse: “Não farei se encontrar ali 30.” E disse: Eis que tomei liberdade de falar ao Senhor: talvez se encontrem ali 20. – e disse: “Não destruirei pelos 20.” E disse: Não Se aborreça, rogo, ó Senhor, e falarei somente esta vez: talvez se encontrem ali 10. – e disse: “Não destruirei pelos 10.” E o Eterno Se foi logo que acabou de falar a Abrahão, e Abrahão voltou a seu lugar.

Sepher Bereshit 18,23-33

Mas, entretanto, é interessante aqui analisar, comentar e discutir sobre o comportamento ético e moral dos judeus que habitavam a CIDADE DE BEIT SEIDA (BETSAIDA), a CIDADE DE KEPHAR NAHUM (CAFARNAUM) e também a CIDADE DE KHIRBET KERAZEH (CORAZIM), as quais constituíam o TRIÂNGULO EVANGÉLICO. Conforme registrado nas fontes literárias cristãs evangélicas, os judeus que habitavam nestas localidades israelitas rejeitavam completamente aos ensinamentos de YESHUA NAZARETH e eles também se recusaram a arrepender-se da prática das suas transgressões, mesmo diante das curas físicas e espirituais e dos milagres realizados por YESHUA NAZARETH, segundo está escrito:

Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.

Evangelho de Mateus 11,20-24

Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se teriam arrependido. Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te levantaste até ao céu, até ao inferno serás abatida.

Evangelho de Lucas 10,13-15

As cidades israelitas de BEIT SEIDA, KEPHAR NAHUM e KHIRBET KERAZEH constituíam o TRIÂNGULO EVANGÉLICO porque foram nelas, segundo fontes literárias evangélicas, que decorreu parte da vida pública de YESHUA NAZARETH. Em particular, a CIDADE DE KEPHAR NAHUM é um importante sítio arqueológico, assim como é também as duas outras cidades, as quais, através de estudos realizados por arqueólogos e geógrafos bíblicos, ajudam a escrever parte da HISTÓRIA DE YISRAEL. Mas qual era o comportamento ético e moral dos habitantes das cidades de BEIT SEIDA, KEPHAR NAHUM e KHIRBET KERAZEH? E do que precisamente estes habitantes precisavam se arrepender? As referências evangélicas acima mencionadas nada registram. Será que os habitantes destas cidades observavam e praticavam os mandamentos e preceitos registrados na TORAH, e por isto eles não aceitaram os ensinamentos de YESHUA NAZARETH? Será que YESHUA NAZARETH possuía conhecimento da referência tanaítica SEPHER BERESHIT 18,23-33? Será que YESHUA NAZARETH possuía conhecimento do número de homens justos que habitavam a CIDADE DE KEPHAR NAHUM? Mas, no entanto, YESHUA NAZARETH predisse que a CIDADE DE KEPHAR NAHUM será, no DIA DO JUÍZO, destruída sem ele se preocupar com o número de homens justos que nela habitariam [1,5–7].

De acordo com a referência evangélica EVANGELHO DE MATEUS 4,12-16, YESHUA NAZARETH deixou de habitar na CIDADE DE NAZARETH e foi residir na CIDADE DE KEPHAR NAHUM. E daquela época até o DIA DO JUÍZO será que não haverá nenhum único justo na CIDADE DE KEPHAR NAHUM? Mas, de acordo com a referência evangélica EVANGELHO DE JOÃO 1,44, os apóstolos ANDRE FILHO DE JONAS [irmão do apóstolo SIMÃO PEDRO (KEPHAS) FILHO DE JONAS], FILIPE (do qual pouco se conhece nas fontes literárias evangélicas) e SIMÃO PEDRO FILHO DE JONAS eram eles naturais da CIDADE DE BEIT SEIDA. Porém, mais tarde os discípulos mencionados nas fontes literárias evangélicas também foram habitar na CIDADE DE KEPHAR NAHUM. E agora???

Após ter sofrido um terremoto, ocorrido no ano de 746 d.e.c., a CIDADE DE KEPHAR NAHUM foi reconstruída alguns kilômetros a nordeste da sua real localização geográfica (onde atualmente está situada a IGREJA GRECO ORTODOXA DOS SETES APÓSTOLOS, a qual foi construída no ano de 1931). Mas após esta reconstrução, infelizmente pouco se conhece sobre os fatos históricos posteriores, incluindo o seu abandono ocorrido durante o século XI. E também não há indicação de nenhuma construção ocorrida durante o período histórico do movimento militar religioso cruzado ocorrido entre os séculos XI e XIII. Porém, entretanto, a CIDADE DE KEPHAR NAHUM foi identificada no ano de 1838, pelo teólogo, geógrafo e arqueólogo bíblico estadunidense, EDWARD ROBINSON (1794 – 1863), reconhecido internacionalmente como o PAI DA GEOGRAFIA BÍBLICA. No ano de 1866, o geógrafo, explorador e oficial do exército inglês, CHARLES WILLIAM WILSON (1836 – 1905), identificou as ruínas da SINAGOGA DA CIDADE DE KEPHAR NAHUM. No ano de 1894, a CUSTÓDIA FRANCISCANA DA TERRA SANTA [instituição religiosa cristã católica apostólica romana fundada no ano de 1209, pelo clérigo cristão católico apostólico romano italiano, GIOVANNI DI PIETRO DI BERNARDONE (1182 – 1226), conhecido pelos filósofos e teólogos cristãos como FRANCISCO DE ASSIS] comprou parte desta cidade. As escavações arqueológicas realizadas por estes cristãos foram, de fato, executadas entre os anos de 1968 e 1984, e as escavações arqueológicas realizadas nos arredores da IGREJA GRECO ORTODOXA DOS SETES APÓSTOLOS foram, de fato, executadas entre os anos de 1978 e 1982!!!!!

Mas a CIDADE DE KEPHAR NAHUM ainda existe até hoje, e isto é uma prova que naquela época e ainda hoje residem nela homens bons e justos. E muitos destes homens bons e justos, sejam eles cristãos, judeus ou muçulmanos, ajudam a escrever parte da HISTÓRIA DE YISRAEL. De fato, se no DIA DO JUÍZO FINAL a cidade de KEPHAR NAHUM for completamente destruída até aos infernos, como profetizou YESHUA NAZARETH, conforme registrado nas referências evangélicas EVANGELHO DE MATEUS 11,20-24 e EVANGELHO DE LUCAS 10,13-15, então os arqueólogos bíblicos, os turistas que a visitam, incluindo também os administradores cristãos da IGREJA GRECO ORTODOXA DOS SETES APÓSTOLOS, bem como os cristãos que a habitarem, também deverão, juntos, serem destruídos até aos infernos. Assim, YESHUA NAZARETH é um FALSO MESSIAS e um FALSO PROFETA!!!!!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Quem é judeu?

Quem é judeu?

Uma polêmica. Quem é judeu?
Em teoria, fazendo uma generalização, por vezes imprecisa, mas de acordo com a lei judaica (Halachá), seria todo filho de mãe judaica, que passasse pelo ritual da circuncisão (Brit Milá). Isso o colocaria no pacto de Abraão que simboliza sua pertinência ao povo judeu. Isso não exime o judeu de outros dois aspectos fundamentais: o conhecimento da Lei (Torá) e a prática dos preceitos (mitzvot), que são o tripé básico do Judaísmo, de maneira simplificada: Brit (Pacto), Torá (Lei) e Mitzvot (Preceitos). Não creio que nenhum rabino ortodoxo, ou liberal, reformista ou conservador se oponha em princípio a esta definição básica. Alguns rabinos ou pensadores podem derivar desta conceituação, algumas condições e preceitos e complementá-la com argumentos e detalhes.
Porém a pergunta que se faz é a seguinte: quantos de nós podemos ser considerados judeus segundo esta definição “básica”. Quem conhece de maneira sucinta e simplificada a Lei (Torá) e pratica de alguma maneira os preceitos (mitzvot), seja numa versão ortodoxa ou neo-ortodoxa, seja de uma maneira liberal ou conservadora? Ou seja, deixamos de ser judeus, apesar de sermos filhos de mães judias e sermos circuncidados (os homens judeus, obviamente)? Ser ou não ser, eis a questão.
Viajemos na história. Reflitam comigo e ousem pensar sem preconceito.
Nosso primeiro exemplo vem da Idade Média, na Europa Ocidental. No período das Cruzadas (1096 a 1250) em países como a França e a Alemanha (1ª Cruzada) e na Inglaterra (3ª Cruzada) judeus são colocados entre e espada e a cruz: converter ou morrer. A grande maioria opta por morrer em Santificação do Nome Divino (Al Kidush HaShem). Uma minoria opta pela conversão. Isso se explica pela pouca integração dos judeus no meio em que viviam. Ser judeu ou morrer. São os mártires das Cruzadas. Isso está descrito no último livro editado por meu mestre e orientador Nachman Falbel. Na seqüência vemos outro fato ocorrer, mas de maneira diferente, no sul da Europa.
Após alguns séculos de vida judaica na Península Ibérica, já no século XIV, se configura o inicio de uma prolongada crise. Em 1391, estala em Sevilha um violento pogrom antijudaico, deflagrado por um frei. Este se espalha por toda a Espanha atual (na época reinos de Castela e Aragão), menos em Portugal aonde o rei protege os judeus. O resultado desta violência foi surpreendente: um elevado número de judeus optou por se converter ao Cristianismo, ao invés de morrer em “Santificação do Nome Divino” (Al Kidush HaShem). Isso devido ao fato dos judeus ibéricos serem muito integrados ao meio em que viviam e a crença de que após a crise poderiam retornar à sua fé ancestral. Surge um grupo numericamente grande de “cristãos novos”. Alguns judeus, não chegam a ser convertidos à força e conseguem permanecer judeus; alguns (minoria) preferem morrer sem profanar a fé de seus ancestrais. Entre 1391 e 1492, convivem nos reinos ibéricos alguns grupos étnico-religiosos: cristãos velhos, cristãos novos, judeus e muçulmanos. A convivência por vezes se torna tensa. Inúmeras campanhas tentam converter os judeus ao catolicismo. Os cristãos novos são discriminados em Toledo (1449) pelo estatuto de pureza de sangue. Trata-se de um antecessor ibérico das leis racistas que surgirão no século XX. Os cristãos novos são proibidos de exercer determinados cargos, de cobrar os impostos reais e de ter poder sobre a casta dos nobres e burgueses cristãos velhos. Trata-se de uma lei racista que exclui cristão e os discrimina pela sua pretensa origem “judaica”. Paira sobre os cristãos novos a mesma desconfiança que os judeus sofriam. Uma continuidade do preconceito, com os recém convertidos e uma restrição “racial” (numa época que este conceito ainda não existe!), aos descendentes de judeus.
Há alguns cristãos novos que se integram à nova fé, e tratam de mostrar que são fiéis e confiáveis. Há diversos cristãos novos que se dedicam a carreiras eclesiásticas, se tornando monges, padres e bispos. São por vezes fervorosos, talvez até para mostrar sua fidelidade.
Uma minoria dos convertidos opta por seguir praticando as escondidas a crença de seus ancestrais judeus: surge o cripto-judaísmo ou marranismo. Este grupo vive sob o risco de ser acusado de apostasia ou de heresia, algo inaceitável sob a ótica católica. Uma vez batizado, mesmo contra a vontade, não há retorno ao fiel. Um cristão (católico) nunca poderia abandonar a sua fé. Nestes casos, havia o risco de ser condenado por um tribunal inquisitorial que poderia levá-lo à fogueira. Isso não tardou em ocorrer. Os Reis Católicos (Fernando de Aragão e Isabel de Castela) instauram a Inquisição em seus domínios, na segunda metade do século XV (c. 1476) e começam a inquirir e condenar inúmeros cripto-judeus. Já não são judeus, pois a Inquisição não poderia julgar infiéis judeus, mas sim cristãos heréticos. Pelo catolicismo, são cristãos e são julgados por apostasia e heterodoxia. Pelo judaísmo, não são mais judeus, já que se converteram ao catolicismo, participaram da missa, e dos sacramentos. Geralmente não eram circuncidados e portanto não realizaram o Brit Milá, não sendo membros do Pacto, ou seja judeus.
Morrem na fogueira por crime de heresia judaizante: são cristãos que realizam rituais judaicos, herdados de seus ancestrais que foram judeus. Nem em termos judaicos e nem em termos cristãos, podem ser chamados de judeus. Mas fica a sensação de que morrem em “Kidush HaShem”, da mesma maneira que os judeus vitimados durante as Cruzadas. A minha lógica fica estreita e minha razão se atrofia quando penso que morreram como judeus, mesmo sem serem considerados assim, nem pelos membros do Pacto de Abraão e tampouco pelos seus algozes da Inquisição. Morreram por professar um certo tipo de Judaísmo. O que você acha? Seria uma maneira de “ser” judaica, em pessoas legalmente não judias? Seria “Kidush HaShem”? Os judaizantes não seriam judeus?
Passemos ao século XIX e XX. Surge o Racismo Europeu, na esteira da expansão colonial. Distorcendo a teoria de Charles Darwin e inserindo nesta a semente do nacionalismo europeu do século XIX, com uma forte dose de preconceito aos povos “não europeus”, incultos e inferiores. Buscando justificar a ocupação colonial da África e da Ásia, pelos caucasianos (leia-se brancos europeus), que buscavam mercados consumidores e matérias-primas para a expansão da Revolução Industrial. Assim, na esteira da expansão industrial européia se consolida um preconceito aos “outros” que será adotado pela teoria racial nazista. Os judeus são vistos por muitos europeus como asiáticos, infiltrados no seio da população européia. Uma espécie de figura “non grata”, um paria racial que contaminava a pureza ariana. Mas muitos judeus se integram e se afastam de suas raízes. Casam com não-judeus e se convertem ao cristianismo. Outros se tornam socialistas e cosmopolitas e deixam de ser judeus. De diversas maneiras tratam de se integrar numa sociedade que os vê como infiltrados, estranhos e “não europeus”. Esses judeus que abandonam sua identidade serão apanhados por uma “armadilha da História” tal como os judaizantes da Península Ibérica, o foram.
Em 1933, ascende ao poder o Nacional Socialismo (Nazismo), na Alemanha. No seu ideário político o mito ariano tem papel fundamental. A pureza racial é almejada para fortalecer uma política de fortalecimento do Reich alemão. Os arianos seriam os “senhores do futuro” e construtores do Império Alemão: o Reich de Mil Anos. Os judeus deveriam ser escravizados e eliminados. Mas e os judeus que haviam se convertido? E os meio judeus? E os que tinham um quarto de sangue judaico? Cria-se o conceito de Mischlinge. Seriam meio judeus.
As Leis de Nuremberg (1935) excluem os judeus de direitos de cidadania e apontam uma categoria diferenciada para os que fossem um quarto, metade ou três quartos judeus. Muitos são discriminados, excluídos de direitos e por vezes exterminados. Outros são integrados ao exercito ou a grupos de elite, sendo provados em sua fidelidade e lealdade ao Reich. Um destino diferente perseguiu alguns. De acordo com a vontade de Himmler, ora eram levados aos campos, ora eram aproveitados no esforço de guerra nazista. Quase todos já não se consideravam judeus: eram por vezes netos de um judeu e três arianos. Ora eram netos de dois avós judeus, mas de outros dois avós não judeus (arianos) e ambos os pais não professavam o judaísmo. Muitos foram mandados as câmaras de gás, como se fossem judeus, mesmo se fossem filhos de mães não-judias, mesmo se não fossem circuncidados e não se identificassem como judeus. Não praticavam o judaísmo e não eram judeus de acordo a Lei (Halachá). Mas morreram como judeus e por terem sangue judaico. Como analisar estas mortes?
A nossa análise pode se prolongar. Mas não queremos gerar conclusões e certezas. Neste momento preferimos gerar polêmica e dúvidas. Seriam judeus, os judaizantes hispânicos mortos pela Inquisição? Seriam judeus aqueles Mischlinges não poupados por Himmler e chacinados, por possuírem sangue judaico, mesmo se suas crenças e práticas não o fossem? E somos, nós mesmos judeus, se não praticamos os preceitos e não conhecemos a Lei (mesmo se for sob uma ótica moderna, conservadora ou reformista)? Basta ser filho de mãe judia e ser circuncidado para ser judeu? E quem foi convertido por um rabino não-ortodoxo não pode ser considerado judeu? Pessoalmente não aceito o monopólio da minoria ortodoxa e creio que a diversidade judaica é condição “sine qua non” para a sobrevivência e a continuidade da identidade judaica.
Portanto acho que estamos na hora de vir a Kehilá e estudarmos e praticarmos o Judaísmo para poder ser membros de fato do Pacto, conhecendo a Lei (renovada e repensada dentro de conceitos contemporâneos) e retomando a prática dos preceitos (num contexto adequado à evolução e a realidade em que vivemos).
Boas férias. E use o tempo livre para repensar seus valores e princípios.
* Sergio Feldman é professor adjunto de História Antiga do Curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná e doutor em História pela UFPR.


SEPHER TESHUVAH YEHUDIM 4



SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO BERESHIT – SHA'AR 2 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 21

De fato, a TORAH nunca foi e jamais será substituída por algo ou alguém porque ela foi entregue por ADONAI-ELOHIM do MONTE SINAI e testemunhada por centenas de milhares de hebreus. A partir deste fato, MOSHEH BEN AMRAM guiou aos hebreus até eles se aproximarem de ERETZ YISRAEL, marcando, assim, o nascimento da NAÇÃO DE YISRAEL. E, além disto, TORAH contém uma grande variedade de ensinamentos cujos conteúdos foram analisados, comentados, discutidos e transmitidos de geração em geração por eruditos e sábios judeus. E todo este esforço judaico rabínico foi registrado em centenas de obras judaicas rabínicas as quais continham ensinamentos de conduta ética e moral. E foi por causa disto que os FILHOS DE YISRAEL conseguiram sobreviver, mas quase sempre angustiados e perseguidos ao longo dos séculos da sua existência. A TORAH sempre será o maior código de bênçãos, conduta ética e moral outorgada aos FILHOS DE YISRAEL. Mas foi apenas e somente a TORAH que sempre defendeu, manteve e sustentou, em todos os lugares, e até hoje, aos FILHOS DE YISRAEL [1,5].

Os cinco livros que compõe a TORAH SHE BICHTAV são: SEPHER BERESHIT (NO PRINCÍPIO); SEPHER SHEMOT (NOMES); SEPHER VAYIKRA (E CHAMOU); SEPHER BAMIDBAR (NO DESERTO); e SEPHER DEVARIM (PALAVRAS). Estes são os livros que compõem a TORAH SHE BICHTAV ou HUMASH. Mas ADONAI-ELOHIM também transmitiu diretamente a MOSHEH BEN AMRAM a TORAH SHE BE'ALPEH, a qual consiste de comentários, discussões e explicações sobre os mandamentos, os preceitos e as prescrições registradas na TORAH. Assim, palavra hebraica transliterada por TORAH está escrita no plural porque ela se refere à TORAH SHE BICHTAV e à TORAH SHE BE'ALPEH. E ADONAI-ELOHIM chamou a MOSHEH BEN AMRAM, segundo está escrito [1,5–7]:

E o Eterno disse a Moisés: "Sobe a Mim, ao monte, e fica ali; e dar-te-ei as tábuas de pedra, a lei e os mandamentos que escrevi para os ensinar."

Sepher Shemot 24,12

E MOSHEH BEN AMRAM possuía enorme conhecimento, muito discernimento e o mais alto grau de inspiração profética e, por causa disto, ADONAI-ELOHIM pôde ensinar-lhe, orientar-lhe e transmitir-lhe diretamente a TORAH SHE BE'ALPEH da forma clara, detalhada e precisa, segundo está escrito [5–7]:

E o Eterno falava a Moisés face a face, como fala um homem com seu companheiro. E voltava para o acampamento, e seu servidor Iehoshúa bin [Josué, filho de] Nun, o moço, não se retirava de dentro da tenda.

Sepher Shemot 33,11

Portanto, o SEPHER TORAH ou os CINCO LIVROS DE MOSHEH BEN AMRAM se refere ao rolo de pergaminho guardado e mantido na ARCA SAGRADA e, a partir deles, se projetam milhares de anos da SABEDORIA E VONTADE DIVINAS. Historicamente, eles representam a maior experiência que os FILHOS DE YISRAEL obtiveram, presenciaram, testemunharam e vivenciaram do MONTE SINAI, e cujos ensinamentos foram transmitidos de geração em geração, sem nunca falhar e nem faltar, até os dias de hoje. Entretanto, a palavra hebraica transliterada por TORAH também significa DIREÇÃO porque a TORAH possui a característica de defender os conceitos de progresso; os direitos dos seres humanos; a educação universal; a esperança de um futuro melhor; a ética na medicina; a justiça social; a liberdade de informação; a reforma social; e a responsabilidade ambiental. Assim, para o POVO JUDEU, viver a TORAH é viver os tempos que antecedem a única vinda do MASHIACH, os quais foram os tempos ansiados e desejados pelos eruditos e sábios judeus. E somente a TORAH, é o ÚNICO CAMINHO; a ÚNICA LUZ; a ÚNICA VERDADE; e a ÚNICA FONTE DE VIDA, e não YESHUA NAZARETH!!!

terça-feira, 11 de junho de 2013

SEPHER TESHUVAH YEHUDIM 3

SEPHER TESHUVAH YEHUDIM – DISCUSSÕES TANAÍTICAS PARA A TESHUVAH DOS JUDEUS MARRANOS DE ORIGEM SEFARADITA – SEDER CHOCHMAH YEHUDIM – TRATADO BERESHIT – SHA'AR 2 – DISCUSSÃO TANAÍTICA 20

Segundo a referência rabínica MIDRASH HA-GADOL BERESHIT 1,1, a TORAH se apresentou diante de ADONAI-ELOHIM, e LHE dirigiu uma digna e importantíssima pergunta, segundo está escrito [13]:

Se um rei não possui exércitos e acampamento, sobre o que então este rei reinará? E se não existe um povo que louve a este rei, qual é então a glória do rei?

Midrash ha-Gadol Bereshit 1,1

Ao ouvir estas indagações da TORAH, ADONAI-ELOHIM decidiu sugerir a todos os reis da TERRA que nunca se devem empreender quaisquer obras sem antes consultar aos conselheiros reais. O conselho fornecido pela TORAH foi discreto porque ela é muito consciente a respeito da instabilidade ética e moral dos seres humanos (os quais sempre haveriam de transgredir os seus mandamentos, os preceitos e as prescrições registradas na TORAH). A TORAH é muito desconfiada a respeito dos valores do mundo. E ADONAI-ELOHIM dissipou as dúvidas geradas pelas indagações da TORAH, recordando-lhe que ELE já havia idealizado as SETE OBRAS DA CRIAÇÃO e, dentre as obras criadas, estava a criação da TESHUVAH, a qual fôra destinada a todos os seres humanos. De fato, é por causa da TESHUVAH que os FILHOS DE YISRAEL celebram o retorno ao caminho da equidade, da justiça e da misericórdia [1,5].

Assim, a criação da TESHUVAH foi concebida com a finalidade de conservar a própria existência dos seres humanos porque sem a TESHUVAH os seres humanos já teriam sido destruídos pelo JUÍZO DIVINO. Entretanto, o estabelecimento da TORAH é reconhecido por eruditos e sábios judeus como a primeira das SETE OBRAS DA CRIAÇÃO realizada por ADONAI-ELOHIM, segundo está escrito [1]:

Estabeleceu-me o Eterno como início de Seu caminho, a mais antiga de todas as Suas obras. Um trono me foi concedido, ainda no passado distante, antes da criação da terra. Fui criada quando ainda não existiam nem abismos, nem mananciais de água. Antes do surgimento das montanhas e a elevação das colinas; quando não haviam sido criados por Ele a terra e seus contornos, nem sequer a poeira que a cobriria. Quando estabeleceu os céus, eu já ali estava, bem como quando desenhou um círculo sobre a face do abismo; quando firmou os céus nas alturas, quando concedeu poder aos mananciais do abismo; quando delimitou as fronteiras do oceano para que a água não transgredisse Suas ordens, quando criou as fundações da terra, eu estava como um arquiteto a Seu lado e era sempre Seu deleite, regozijando-me perante Ele, em recreação por sua terra já habitável e comprazendo-me como os filhos dos homens.

Sepher Mishle 8,22-31

Diante disto, a referência rabínica MIDRASH BERESHIT RABBAH 8,2, o estabelecimento da TORAH precedeu em dois mil anos a criação do mundo, e relata que a TORAH foi a ARQUITETA de ADONAI-ELOHIM na criação do UNIVERSO, conforme registrado na referência tanaítica SEPHER MISHLE 8,30 [5]. De fato, se alguém sem conhecimento algum de construção civil decide construir uma habitação sem consultar um arquiteto ou um engenheiro, ela poderia desabar por falta de instrução durante a sua construção. Mas para um engenheiro civil, por exemplo, a primeira etapa para construir uma habitação é desenvolver o projeto de construção desta habitação. E somente após o desenvolvimento deste projeto, o engenheiro civil executará o projeto da construção da habitação. Porém, segundo esta referência rabínica, a TORAH ensina que ela foi o projeto de construção do UNIVERSO a serviço de ADONAI-ELOHIM porque ela estava diante DELE durante os SEIS DIAS DA CRIAÇÃO, conforme registrado na referência tanaítica SEPHER MISHLE 8,22-31. E, em seguida, ADONAI-ELOHIM recitou a referência tanaítica SEPHER BERESHIT 1,1, e criou ELE, sozinho, os céus e a terra de acordo com a SUA VONTADE [1].

Após ter criado os céus e a terra, ADONAI-ELOHIM recitou a referência tanaítica, segundo está escrito:

E Deus disse: “Haja luz!” e houve luz.

Sepher Bereshit 1,3

E então a LUZ foi criada, conforme registrado também na referência rabínica MIDRASH BERESHIT RABBAH 1,2 [5]. Do mesmo modo, na obra literária judaica, SEPHER ZOHAR – TRACTATE CHADASH (Tratado judaico que contém comentários sobre a TORAH, SEPHER SHIR HA-SHIRIM, SEPHER RUT e SEPHER ECHA), está registrado que, de acordo com a SUA VONTADE, ADONAI-ELOHIM seguiu literalmente as palavras registradas na TORAH, executando ELE, sozinho, as SETE OBRAS DA CRIAÇÃO, segundo o projeto de construção revelado na própria TORAH [13,14].

Segundo RABBI LOUIS GINZBERG, ADONAI-ELOHIM não utilizou a TORAH somente como AMON (ARQUITETA OU MESTRA) das SETE OBRAS DA CRIAÇÃO, mas a utilizou, sobretudo como OMEN (NUTRIÇÃO ESPIRITUAL OU NUTRIZ) de YISRAEL para realizar as SETE OBRAS DA CRIAÇÃO. Mas, visando se apoderar deste ensinamento judaico rabínico, filósofos e teólogos cristãos ensinam que YESHUA NAZARETH é a verdadeira NUTRIÇÃO ESPIRITUAL dos FILHOS DE YISRAEL e que YESHUA NAZARETH é a PALAVRA DIVINA (TORAH). E, mais uma vez, filósofos e teólogos cristãos tentam inutilmente substituir a TORAH por YESHUA NAZARETH, como é característico daqueles que advogam, defendem e praticam a IDEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO [1,14].

Segundo eruditos e sábios judeus, a TORAH SHE BE'ALPEH (TORAH ORAL), a qual consiste nos comentários, discussões, explicações e interpretações dos mandamentos e preceitos da TORAH SHE BICHTAV (TORAH ESCRITA), possui origem no ADONAI-ELOHIM, mas, no entanto, os FILHOS DE YISRAEL necessitaram analisá-la, comentá-la, discuti-la e interpretá-la para poder melhor cumprir os seus estatutos, fundamentos, instruções, juízos, leis, mandamentos, normas, ordenações, preceitos, prescrições e regulamentações do modo de viver judaico. Isto ocorreu porque no decorrer do tempo surgiriam uma infinidade de casos, dúvidas, problemas e situações complicadíssimas que precisariam ser analisadas, esclarecidas, julgadas e resolvidas da forma mais coerente, justa e misericordiosa possível [1].

Estes eruditos e sábios judeus eram os membros religiosos que compunham o SANHEDRIN, os quais analisavam, comentavam, discutiam, estudavam, interpretavam e preservavam a TORAH SHE BE'ALPEH e que mais tarde a codificaram como MISHNAH. De fato, ADONAI-ELOHIM outorgou a TORAH, mas coube a MOSHEH BEN AMRAM e aos eruditos e sábios judeus o conhecimento para APLICAR a LEGISLAÇÃO DIVINA (TORAH) em quaisquer circunstâncias, segundo está escrito [1]:

Quando alguma lei te for desconhecida em juízo – se um sangue for puro ou impuro, se uma causa for justa ou injusta, se uma chaga for pura ou impura, ou se surgirem causas que provoquem divergências de opiniões em tuas cidades –, levantar-te-ás e subirás ao lugar que escolher o Eterno, teu Deus. E virás aos sacerdotes levitas e ao juiz que houver naqueles dias, e indagarás e te anunciarão a sentença do juízo. E farás conforme o mandado da palavra que te anunciarem do lugar que o Eterno, e cuidarás de fazer de acordo com tudo o que te ensinarem.

Sepher Devarim 17,8-10

E durante séculos, o estudo da VONTADE DIVINA através da manutenção do estudo do TANAKH foi poucas vezes interrompido mesmo com o sofrimento da perseguição aos FILHOS DE YISRAEL. E em torno dele desenvolvia-se uma atividade contínua dotada de características investigativas e interpretativas, denominada MISHNAH, a qual foi codificada, editada e redigida sob a responsabilidade do sábio judeu tanaíta da quinta geração, RABBI YEHUDAH HA NASSI, RABENNU HA KADOSH (135 – 219) [14]

Targum Faz Rute

Targum Rute Tradução de Samson H. Levey Capítulo 1. 1- Aconteceu nos dias do juiz de juízes que havia uma grande fome na terra de I...