terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CAINDO NO BURACO NEGRO DO EGOISMO PELA ÚLTIMA VEZ

CAINDO NO BURACO NEGRO DO EGOISMO PELA ÚLTIMA VEZ




Coisas. Elas enchem nossos armários, nossas garagens e nossas vidas. Nós medimos o sucesso na vida pelas coisas que possuímos e ainda mais - gastamos uma incrível quantidade de tempo para comprá-las. Um novo documentário, A História das Coisas, exibe como uma grande parte de nossas vidas foi tomada pelas “coisas”. A sabedoria da Cabala mostra o que podemos fazer a respeito disto.

Annie Leonard, uma especialista internacional em questões de saúde ambiental e sustentabilidade, gastou dez anos seguindo “coisas” desde o seu surgimento como matéria prima até seu fim no lixo. Seu documentário, “A História das Coisas” pode ser classificado tanto como entretenimento como filme educacional e já foi assistido por mais de três milhões de pessoas (www.storyofstuff.com).

Annie descreve o problema simplesmente: “Nós nos transformamos em uma nação de consumidores. Nossa identidade principal se tornou ser consumidores. Não mães, professores, ou agricultores – mas consumidores”. Sua maior preocupação é com o fato de que esta nossa mania consumista destrói nosso equilíbrio com a natureza e arruína a vida das pessoas. E tudo isso acontece longe dos olhos do público.

A seguir alguns fatos descobertos por ela:

Só nas últimas três décadas foi consumido um terço dos recursos naturais do planeta.

75% das áreas globais de pesca são exploradas no limite ou acima da sua capacidade. 85% das florestas originais do planeta desapareceram.

Os Estados Unidos tem apenas 5% da população mundial, mas usa 30% dos recursos mundiais e cria 30% dos resíduos mundiais. Se todos no mundo consumissem às taxas americanas, seriam necessários de 3 a 5 planetas.

A indústria norte-americana gera acima de um milhão e oitocentas mil toneladas de produtos químicos tóxicos por ano. Mais de 100.000 produtos químicos sintéticos são utilizados atualmente pelo comércio.

Os produtos químicos tóxicos existentes nos produtos consumidos são absorvidos por nosso organismo. De fato, o leite materno é o primeiro da lista de produtos alimentares, com o maior nível de contaminantes tóxicos.

Cada americano gera mais de 2 quilos de lixo por dia, o dobro de 30 anos atrás.

Mesmo se fosse possível reciclar 100% do lixo, isso não causaria nem um arranhão no problema; para cada lata de lixo colocada na calçada, o equivalente a 70 latas foram produzidas para a geração desta primeira.

Mas ainda há mais poeira debaixo do tapete. Annie nos revela que “tudo isto não acontece apenas – foi assim projetado”.

Porque o Shopping se Tornou o Passatempo Nacional

Talvez o fato mais chocante revelado pela extensa pesquisa da Annie seja o de que nossa “sociedade do descarte” tenha sido cuidadosamente orquestrada pelo governo americano, com o objetivo de revitalizar a economia depois da segunda guerra mundial. Naquela época, o analista de varejo Victor Lebow propôs um plano ambicioso: “Nossa economia altamente produtiva necessita que façamos do consumo o nosso modo de vida; que convertamos a compra e uso de produtos em rituais; que busquemos nossa satisfação espiritual, a satisfação de nosso ego no consumo. Nós precisamos que as coisas sejam consumidas, queimadas, atualizadas e descartadas a uma taxa sempre cada vez maior”.

E foi assim que a bola do consumismo começou a rolar. Todos os americanos são inundados diariamente por mais de 3.000 anúncios, incitando-os a comprar mais “coisas”. As empresas projetam produtos para que se tornem obsoletos tão rapidamente quanto possível. As prateleiras são carregadas constantemente com produtos descartáveis, para nossa conveniência. Qual o resultado?

                                            

“Nós compramos e compramos e compramos, mantendo os materiais em movimento contínuo! E o fluxo é permanente”, nas simples palavras de Annie. Nossas vidas inteiras estão sendo resumidas a trabalhar, comprar e voltar a trabalhar para pagar pelas coisas que acabamos de comprar. E com esse círculo vicioso sem fim, não é nenhuma surpresa que as pesquisas nacionais indiquem que a felicidade nacional está atualmente em declínio.

É realmente assim que queremos dirigir nossas vidas e nossa economia? Temos que realmente continuar submetendo nossas vidas a um sistema que arruína a vida das pessoas, destrói o ambiente, nos tira completamente fora do equilíbrio com a natureza e – no final do dia – não nos faz realmente felizes?!

A Cabala explica o “Desejo de Consumir”

“A História das Coisas” conclui falando sobre uma variedade de estratégias “verdes” que poderiam melhorar a situação. Entretanto, Annie também se dá conta que “tudo só começará a se movimentar realmente quando virmos as conexões, quando virmos a grande fotografia”.

Na realidade, a sabedoria da Cabala tem tudo a ver com identificar estas “conexões”. Ela explica que precisamos mergulhar nos bastidores e revelar que a força motriz que motiva nosso “desejo de consumir” assim como os sistemas que a alimentam, não é outra que senão nossa própria natureza – o egoísmo humano.

Foi por esta razão que adotamos tão rapidamente a estratégia de consumo de Lebow – ela encaixou perfeitamente com nossa natureza egoísta! Entretanto o que ele não levou em consideração foi o fato de que um dia nós começaríamos a realizar nosso verdadeiro e espiritual propósito. E que esperar que o consumismo gerasse a “satisfação espiritual” mostra quão enganado ele estava com relação ao verdadeiro significado deste termo.

Sob a perspectiva da Cabala (ou qualquer outra perspectiva), é cristalina a impossibilidade de que bens de consumo possam nos trazer satisfação espiritual – em palavras simples – verdadeira e duradoura felicidade. A satisfação espiritual só pode ser alcançada pela harmonização com a qualidade, inerente à natureza, de amor e doação completos.

Mas como esta qualidade nos é oculta, sentimos apenas a nossa falta de equilíbrio com ela – refletida em todas as dificuldades que observamos ao nosso redor, sejam entre nós mesmos ou entre nós e a natureza. Os Cabalistas afirmam que estar em equilíbrio com a qualidade de doação da natureza é o único meio para sermos verdadeiramente felizes. Além do que, adquirindo esta qualidade alcançaremos uma nova percepção, mais completa e nós experimentaremos a vida em um nível completamente diferente.

Mas para isto, uma coisa devemos mudar – nossa natureza egoísta.

A Mudança Começa Apenas Interiormente

A Cabala explica que o modo pelo qual levamos nossas vidas pessoais e a maneira como tratamos todo o planeta é uma conseqüência direta da nossa natureza interior. Se desejamos que algo mude no exterior, temos que nos livrar das garras do nosso ego em nossas escolhas e valores. E a Cabala nos fornece a maneira de fazer exatamente isto.

Nosso propósito é muito mais elevado do que nos mantermos escravos do nosso próprio sistema de consumo. Nem se limita apenas a um simples “modo de vida verde”, ou o melhor uso dos recursos. O Cabalista Yehuda Ashlag (Baal HaSulam) escreveu que: “O objetivo de toda a Criação é aderir ao Criador pela equivalência de forma” (“A Liberdade”)

Em português corrente isto significa que o propósito do homem é alcançar o equilíbrio com a natureza internamente, equilibrar seu egoísmo intrínseco com o altruísmo intrínseco da natureza e assim sentir o nível de realidade perfeito e eterno.

Quando alcançarmos nossa transformação interna, a visão de Annie de uma “economia “verde” e unificada” também se tornará verdade. Ao atingir a qualidade da natureza de doação, as pessoas se transformarão e a partir disso transformaremos naturalmente nossos sistemas terrenos. Mas a mudança, diz a Cabala, só pode começar de dentro.

“Na medida em que não elevarmos nosso objetivo acima da vida corporal, não atingiremos sua restauração, porque o espiritual e o corporal não podem viver em um mesmo recipiente”.

Cabalista Yehuda Ashlag (Baal HaSulam)
“Exile and Redemption” (Exílio e Redenção)

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