quarta-feira, 27 de outubro de 2010

OS FILHOS DOS FORÇADOS RETORNANDO

OS FILHOS DOS FORÇADOS RETORNANDO

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Os Filhos dos Forçados Retornando

Artigo de Tiago da Rocha Sales (Ia'aqob Tsur)
Sem dúvida alguma, vivemos em um tempo crucial para a história do judaísmo atual. As inúmeras descobertas no que se refere aos estudos antropológicos, históricos e genéticos, lançam nova luz para a continuidade da História do Povo de Israel. Sabemos que através dos tempos, nosso povo tem sofrido inúmeras perseguições e por conta disto, a cada perseguição a nossa história é recontada e muitas vezes remodelada.

Os Filhos dos Forçados Retornando

Artigo de Tiago da Rocha Sales (Ia'aqob Tsur)
Sem dúvida alguma, vivemos em um tempo crucial para a história do judaísmo atual. As inúmeras descobertas no que se refere aos estudos antropológicos, históricos e genéticos, lançam nova luz para a continuidade da História do Povo de Israel. Sabemos que através dos tempos, nosso povo tem sofrido inúmeras perseguições e por conta disto, a cada perseguição a nossa história é recontada e muitas vezes remodelada.
Todos aqui temos conhecimento dos Beta Israel, que indubitavelmente são descendentes da Rainha de Sabá com o Rei Salomão. Também ouvimos falar dos Benei Menashé, e tantos outros grupos que de umas décadas para cá, estão acordando do seu coma de anos, séculos, milênios... e tentamvoltar para o caminho dos seus antepassados Judeus.
Costumo dizer, que o judaísmo por escolha de D’us, é a “religião” jurídica por excelência. Isto é de fundamental importância. Esta consciência de que no judaísmo, toda a vida judaica deve estar pautada no que a Toráh e a Halakha determina para que ledor vador (de geração em geração), a herança de nosso Pai Jacó, seja mantida.
Todos aqui presentes, sabemos que durante muito tempo a nossa real história, foi mantida em segredo tanto por nossos antepassados, quanto por aqueles que por maior Mazal que nós outros, conseguiram viver seu judaísmo abertamente.
Até muitas décadas atrás a maioria senão todos da Comunidade judaica oficial tratava a nossa história à meia boca, procurando os cantos das sinagogas para falarem, muitas vezes com receio sobre o fato de que neste solo chamado Brasil, estão em maior número os descendentes daqueles Judeus Hispano-Portugueses que vieram para cá, com a alcunha de cristãos, para construírem suas histórias e quando pudessem, voltarem a praticar seu judaísmo abertamente.
Também haviam, os que por pura falta de conhecimento, jamais poderiam imaginar que gente simples, sertaneja, católicos devotos, “ateus” convictos, intelectuais, e tantos outros poderiam na marra, levarem nas suas veias o legado dos seus antepassados sefaradim .
Hoje graças a D’us, estamos nós aqui novamente, tentando mais uma vez voltarmos a praticar o nosso judaísmo que nos pertence por direito. Cá também neste meio, estou eu Tiago da Rocha Sales, um baiano e judeu convicto, que descobriu a sua origem, e que a troncos e barrancos, errando tentando acertar decide através da consciência e do estudo, não mais viver à margem do judaísmo, mas entrar na terra de cabeça erguida para viver de fato, sabendo dos seus DEVERES e dos seus DIREITOS.
E em meio a tantos deveres está um dos grandes, do qual norteia toda a vida judaica que é o Shabat!
Ele é a primeira das datas santas. Isto é muito interessante pois a primeira festa que D’us nos deu não foi Pêssach, Shavuót, Sukót ou Kipur. Não! Foi O SHABAT.
Muito se tem dito através dos tempos, em nossa própria Toráh (Oral e Escrita) sobre a importância do Shabat. Dentre as muitas instruções destaco duas, das quais são a base para um verdadeiro entendimento sobre o seu significado: “Shamor VeZachor”, guarda e lembra!
Infelizmente existem dois extremos no nosso meio. E a Toráh nos adverte sobre esta questão, nos orientando a sempre sermos centrados. Existem aqueles que por imporem a si próprios limites para o Shabat, acabam tirando o caráter “deleitoso” que o Shabat deve ter. E existem também o outro extremo. Aquele que faz do Shabat um “deleite” tão grande que acaba por profanar o Shabat.
O que sabemos amigos é que se quisermos verdadeiramente vivenciarmos esta festa semanal, esta mitsváh dada pelo Santo Bendito seja Ele, à nós como um sinal entre nós e Ele, precisamos compreender que além de tudo o este nosso feriado semanal, deve ser preparado já após a havdaláh, a finalização do Shabat.
Já no primeiro dia da semana devemos cuidar para que quando chegue a véspera do Shabat, na sexta-feira, tudo já esteja praticamente pronto para que possamos realmente guardar e lembrar, tornando-o um dia separado dos demais e deleitoso.
Faça do Shabat um dia diferente de todos os outros dias da semana. Se o seu Shabat é exatamente igual ou parecido com os outros dias da sua semana, existe uma grande falha aí, e por isso precisa ser corrigida.
É no shabat, que comemos a nossa melhor comida. Mesmo um pobre come como um rei no Shabat. Costumo dizer que quem não tem tanto dinheiro assim para comer carne kasher todos os dias, faça um esforço comprando comer carne kasher para comer somente no shabat. Nos outros dias da semana, coma outros alimentos ricos em proteína. Sua saúde e seu bolso também agradecerão!
Separe sua melhor roupa e faça dela uma “roupa de ver D’us”, vestindo-a somente em Shabat. Enfim, prepare e separe todo o melhor que você tiver para o dia de Shabat para que você possa vivenciá-lo verdadeiramente guardando e lembrando, separando e se deleitando. A importância do Shabat é tão grande, que mesmo no período de avelut (luto) , o avel (enlutado) deve interromper o luto para celebrar o Shabat.
Segue abaixo um pequeno guia para o Shabat escrito por um Grande Rabino Ashkenazia, o Reb Zalman S. Shalomi:
· Limpe a casa na sexta-feira antes do por do sol, mesmo que já esteja limpa ou com pouca coisa para arrumar. Tome um banho em honra do Shabat, apare sua barba se preferir, ou arrume o cabelo.
· Agora, desacelere-se. Cantarole uma melodia devagar. Mude suas roupas, escolha coisas que você nunca usa a não ser no Shabat. Reserve algum dinheiro para tsedaká (doação) para ser dado numa esquina, como quiser, antes de acender as velas de Shabat.
· Sente-se num lugar onde possa ficar sozinho, sem falar. Faça uma teshuvá (retorno a D'us) pela semana. Deixe os eventos da semana desfilarem perante os olhos de sua mente. Separe o que foi bom do que foi ruim, apresente o que foi ruim a D'us e peça perdão. Se há alguém com quem você tenha se zangado durante a semana, procure-o, peça desculpas, reconcilie-se com D'us e os humanos. Respire fundo, recorde um pouco mais e centralize-se no estado parassimpático de consciência. Tenha o cuidado de mudar seus sentidos para o clima de Shabat.
· Acenda as velas, estude um pouco de Torá. Se uma personagem histórica o intriga especialmente, imagine-a como uma convidada em espírito.
· Aceite sobre si a regra de não falar sobre coisas do dia-a-dia, sem formalidades e nem falas predeterminadas. Se possível, passe a falar em hebraico.
· Chegue cedo no trabalho e, antes de começar, reze para que tenha capacidade de servir a D'us durante o seu serviço.
· Faça o kidush (santificação do tempo do Shabat sobre o vinho). Beba o vinho como um presente especial das mãos da D’us para o Shabat. Quando se sentar à mesa, faça netilat yadaim e coma um pouco de chalá (pão de shabat) depois da bênção. Considere o ato de comer como uma mitzvá, um ato sagrado, mergulhando primeiro o pão em sal. Coma falando pouco, a não ser sobre coisas que tenham a ver com Shabat, a Torá e a oração. Cante. Durante a refeição, tenha a intenção de ser como um sacerdote que oferece os reinos minerais, animal e vegetal a D'us. Imagine que você é a oferenda e que a mesa é o altar. Aprecie a comida mastigando devagar e dê graças, por este sentido de prazer que D'us nos deu.
· Cante algumas canções tiradas do livro de rezas. Então recite a bênção após as refeições devagar e com gratidão. Esteja presente em cada palavra que pronunciar.
Estes são conselhos sábios amigos! Espero que todos nós nos esforcemos para entendermos verdadeiramente o que é o Shabat.
Há Kadosh Baruch Hu dê a toda a casa de Israel saúde e vigor para continuarmos nossa missão como judeus que somos! Nem mais nem menos daquilo que precisamos ser: Judeus!
SHABAT SHALOM!!!
Tiago da Rocha Sales (Ia’aqob Tsur)

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