segunda-feira, 26 de junho de 2017

SOBRE A AUTENTICIDADE DO JUDAÍSMO MARRANO

SOBRE A AUTENTICIDADE DO JUDAÍSMO MARRANO
- As opiniões dos rabinos Eliahu Mizrahi e Tsemach Duran.
Eliahu Mizrahi foi grão rabino na Turquia no século XV. De acordo com os seus escritos, recebeu vários casos para serem julgados pela Lei Judaica sobre os marranos. As perguntas eram referentes a matrimônios, leis de herança, circuncisão, entre outros temas. Aqui estão algumas de suas idéias em relação ao cristão-novo: "Não há dúvidas que entre eles (marranos) existam muitas diferenças, porém, os filhos, os netos e os seus descendentes, todos serão judeus se assim desejarem retornar para a prática judaica, não necessitando para isso investigar se foram forçados ou se afastaram voluntariamente do judaísmo. Para eles não é exigido o banho ritual no Mikve (utilizado somente para os convertidos)". - Responsa E. Mizrahi, cap.48
(...) são (marranos) assemelhados ao conceito talmúdico de Tinok SheNishbehu, ou seja, crianças raptadas para serem educadas em outra religião; estão isentos das penas previstas na Lei Judaica."
Tsemach Duran foi um importante rabino, neto do Rashbats. A família Duran foi uma grande linhagem de rabinos expressivos na comunidade judaica da Argélia, bem como em todas a África do Norte. Sua opinião clarifica ainda mais a visão rabínica ou da Halachá:
"Todos os marranos possuem a garantia (jurídica) que não se casam com mulheres não judias, e isto já se tornou conhecimento de todos (...) geração após geração é sabido que eles se casam entre eles (...) e todo marrano ao retornar (Teshuvá) ao judaísmo traz essa garantia: que seu pai e sua mãe eram judeus (...)."
Esta visão rabínica possibilita resolver a questão dos descendentes dos cristãos-novos. Imaginemos essas pessoas desconectadas do judaísmo sem poder estudá-lo, nem tão pouco praticá-lo. Não tendo os judeus autênticos para referência, e ainda perseguidos, a possibilidade de seus descendentes serem frutos de matrimônios mistos era muito grande. Porém, de acordo com este rabino, tudo indica que havia uma identidade forte entre os marranos, o que está expresso na visão do rabino Tsemach Duran assim:
"(...) os descendentes dos marranos até a décima geração são judeus, mesmo os homens que durante as perseguições não tenham feito a circuncisão (Berit Milá) (...)."
E retomando as palavras do rabino Eliahu Mizrahi, aqui referido inicialmente, concluimos esta exposição com as suas palavras
sobre o comprimisso de todos os judeus com os marranos:
"(...) temos a obrigação de resgatá-los espiritualmente e retorná-los ao judaísmo autêntico (...)." - Responsa E. Mizrahi, cap.58
Fonte: Os Cristãos-Novos na Literatura Rabínica, de autoria do rabino Samuel Pinto, na Revista VÉRTICES, n.3, p. 123-150, Humanitas FFLCH/USP, São Paulo, 2003

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