domingo, 8 de maio de 2016

“Chamados cristãos” e “Auto-denominados cristãos”

“Chamados cristãos” e “Auto-denominados cristãos”




A palavra ‘cristão’ do grego ‘cristianoV' (Cristianos) de ‘cristoV’ (Cristos) encontra-se no NT apenas três vezes e sempre com uma carga negativa e mesmo no sentido pejorativo. Os membros desse grupo ‘Socio-religioso’ nunca assumiram nem aceitaram tal título.

Os membros do grupo de Jesus eram conhecidos como a ‘Seita do Caminho’ (Actos 24: 14). Ora, no tempo de Jesus, haviam varias ‘Seitas Judaicas’, tais como, ‘os Saduceus’ –de Zadok, a família sacerdotal, ‘os Fariseus’ com os quais, segundo registos, a família de Jesus pertencia, ‘os Nazarenos’ –por vezes e porque Jesus era de Nazareh, os compiladores do NT, confundem esta com o grupo de seguidores de Jesus, ‘os da Nova Aliança’, que, hoje, por ignorância ou má fé, alguns grupos dos chamados cristãos intitulam-se de NA
Foquemo-nos no nome original do grupo de Jesus ‘o Caminho’. Este nome é a tradução da palavra hebraica  ‘הלכה’ o Caminho; esta palavra hebraica significa o conjunto de ‘normas ou leis’ padrão da religião judaica, e era essa a denominação do grupo de Jesus e, depois, dos apóstolos, sendo espúrio os textos do NT que atribuem a Jesus, auto denominar-se de ‘Caminho’.
Posto isto, continuaremos no que nos propomos esclarecer:

1)      –Lemos em Actos, 11: 26 que “… em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” o sublinhado, em todo o texto, é meu.
Neste texto, os tradutores aligeiraram; mas no grego, sem manipulações intencionais, apercebemo-nos com clareza, que não foram os Judeus que lhes atribuíram esse ‘apodo’ e sim os gentios pagãos apontando-os como ‘gente a evitar’. Em apoio deste ponto de vista está o facto de Lucas, o autor do livro “Os Actos dos Apóstolos”, neste mesmo contexto, continuar a referir-se aos crentes como ‘discípulos’.

2)    –Quando Saul (Saulo) também chamado Paulo, se defendia perante Festo e Agripa das graves acusações que sobre ele caiam; Festo
disse: “Estás louco Paulo; as muitas letras te fazem delirar…” e disse Agripa a Paulo “por pouco me queres persuadir a que me faça cristão! Ao que Paulo replicou: “provera a Deus que, por pouco ou por muito, não somente tu, mas todos quantos hoje me estão ouvindo, se tornassem tais qual eu sou, excepto estas cadeias”. (Actos, 26: 24-29)
Notemos que a palavra ‘cristão’ proferida por Agripa está associada à frase de Festo “estás louco”.
Merece-nos especial atenção a resposta de Paulo “… se tornassem tais qual eu sou” ié ‘integro e coerente’; evitando, de propositadamente, o apodo ‘cristão’; esta palavra nem sequer fazia parte do vocabulário da Igreja, ao tempo dos apóstolos. Os fiéis eram referidos como ‘discípulos’, e, colectivamente como ‘o caminho’ em alusão às suas normas de conduta.


3)    –Temos em I Pedro, 4: 16 “… mas se padece como cristão …” Aqui, por
força do contexto (v. 15) a palavra ‘cristão’ é sinonimo de calunia, tal era o procedimento criminoso que foi, falsamente, atribuído àqueles a quem chamavam cristãos que os tornava alvo de perseguição até ao martírio.

Com isto presto a mais elevada homenagem a quantos acreditam fazerem parte do grupo que   ישוע yeshuaa (Jesus) estabeleceu.


Os que acreditam que ישוע ‘Yeshuaa’ (Jesus) era o משיח ‘Mashia’h’ (Cristo) tinham consciência da Universalidade da sua fé, por isso estabeleciam congregações onde quer que fossem com o objectivo de difundirem o que acreditavam ser a verdade redentora da Humanidade; e a sua mensagem era a mesma de Moisés e dos Profectas que, como eles diziam, teve o seu ápice na pessoa e obra (missão) de yeshuaa (Jesus); era a mesma que os Hebreus pré-Israelitas conheciam e Moisés deu ao povo de Israel; e os profectas ‘lutaram’ para que Israel e Judah aceitassem e obedecessem.
Nunca, porém, ambicionaram o poder civil, político ou mesmo religioso. Não lhes era licito dominar nem mesmo os seus correligionários (I Pedro, 5: 1-3).

Foi logo nos primórdios do Século segundo que a Igreja, sob orientação do bispo de Roma, pretendendo-se única, assumiu a designação de ‘cristã’ paralelamente com o titulo ostentoso de ‘caqolich ecclhsia’ Católiké Ecclesia (igreja católicauniversal e, os seus membros, receberam assim, a ‘auto-denominação’ de cristãos. Isto não foi pacífico, porque, por esse tempo ainda viviam alguns ‘anciãos’ que, sendo discípulos, acompanharam o ministério de alguns apóstolos; nomeadamente Policarpo que fora discípulo do apóstolo João e bispo de Esmirna mantendo-se fiel às práticas, princípios e exercício da fé que tinha herdado dos apóstolos com quem conviveu, de modo algum aceitou ser denominado cristão; tampouco, se vergou ao paganismo e idolatria, cuja infiltração, por conveniência, os bispos de Roma facilitavam. Foi com Policarpo que Eleutério (174-189), bispo de Roma, discutiu sobre a data da Pascoa e continuou a discussão acerca das normas bíblicas sobre alimentação (Lev. 11: 2-47 e Deut. 14: 3-21) que a Igreja primitiva continuava a praticar. A discussão sobre estas matérias tinha sido iniciada por outro bispo anterior, Aniceto (155-166) além da substituição do Sábado pelo Domingo. Outro bispo de Roma, Victor I… decretou que fossem excomungados todos os que persistissem nestas “heresias” como ele lhes chamava. As controvérsias sobre estes e outros assuntos arrastaram-se durante muito tempo até que foram decretados no Concilio de Niceia, convocado pelo Imperador Romano, Constantino, em 325. Sendo bispo de Roma, Silvestre I.
Quando esta Igreja já tinha marginalizado os Apóstolos e seus continuadores, adoptou o pomposo nome de “Igreja Católica Apostólica Romana”, recorrendo às armas para impor o seu pretenso domínio religioso e secular Universal; posto que com Constantino se tinha constituído o (conhecido na história como) “Poder Césaro-Papal”. Deificaram o seu ‘cristo’ e expulsaram o ‘Jesus, o mestre dos apóstolos e seus continuadores’ quando, muito a gosto do -já decadente- poder Romano, eliminaram tudo que fosse Judaico. Pois Jesus, o Cristo dos Evangelhos, era Judeu; nada o distinguia de outro qualquer judeu, excepto a sua restrita obediência á Torah, e rigor no ensino das Sagradas Escrituras. Também estas Escrituras, sendo provenientes de Deus, era património dos Judeus.

Não se pense que estou referindo-me ao tempo das ‘Cruzadas’ ou da ‘Inquisição’ e do ‘genocídio’ da II Guerra -1939-1945 (de que foi cúmplice); esta ‘onda’ começou nos princípios do Século II e ainda não parou, salvo alguns períodos para ‘tomar folga’’ e se ‘reorganizarem’ e, logo, voltarem ao ‘ataque’. Claro que, agora, com outros métodos -mais discretos.
A atestar o que acabo de afirmar lembro as, relativamente recentes, palavras do sr. Josepf Aloissius Ratzinger, actual chefe da Igreja de Roma: “A Igreja Católica Apostólica Romana é a única Igreja apesar de abundarem as ‘seitas’ que também se intitulam cristãos”.
Foi esta presunção que despoletou a, de tão má memória, Inquisição que durante séculos se alimentou de tortura e assassinatos em massa, perpetrados com todo o requinte com o pretexto de preservar a ‘pureza da cristandade’.

Aqui têm o meu esclarecimento do porquê “Chamados Cristãos” e “Auto denominados Cristãos”


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