Tradução livre da carta datada a 10 de Shevat 5709 (1949)
Saudações e bênção:
Estou surpreso por termos recebido uma notificação sua sobre a participação apenas de você e Rabino... na divisão do estudo de Talmud [em homenagem a 24 de Tevet, aniversário de falecimento de Rabi Shneur Zalman, fundador do Chassidismo de Chabad]. Após todos os anos em que você esteve em sua comunidade, não conseguiu trazer nem sequer uma pessoa sob sua influência?…
Quando você vai finalmente fazer a sua parte para divulgar os mananciais dos ensinamentos do Báal Shem Tov? Mashiach está esperando pelas atividades que cada um de nós vai realizar, para que a resposta que ele deu ao Báal Shem Tov seja cumprida e então ele virá para nos redimir do exílio – o exílio de corpo e o exílio da alma.
Minha intenção ao colocar as questões acima não é meramente motivá-lo a encontrar várias pessoas que assumam o estudo dos tratados escolhidos para a divisão do Talmud. Em vez disso, você – e seus amigos em sua comunidade – devem cada qual criar um ambiente que seja um cantinho Lubavitch, que a Divina Providência, dessa vez, implantou em sua comunidade. Assim, se o Alter Rebe viajasse ao redor do mundo e fosse à sua comunidade, ele não chegaria a um lugar estranho. Em vez disso, ele encontraria um grupo de pessoas que se identificam com ele e uma casa de estudo nos mesmos moldes. Haveria páginas de textos chassídicos espalhadas pelo chão, e o ar estaria repleto com as letras da Torá estudadas com o temor ao Céu em geral, e com as letras do Chassidismo Chabad em particular. Pois embora as letras de estudo subam ao Alto, uma eterna impressão é deixada no ar. E como é bem conhecido, sobre toda entidade na esfera da santidade, mesmo se a própria entidade for removida, a impressão permanece…
Quanto à pergunta que você fez sobre a onisciência de D'us e o livre arbítrio do homem: Como em última análise o Eterno, bendito seja, sabe o que eu farei amanhã, parece não haver maneira de eu poder fazer algo diferente, pois se este fosse o caso, o conhecimento de D'us seria o contrário da verdade.
A explicação para isso é simples. A ideia do livre arbítrio é o conceito do potencial "fazer aquilo que se escolhe sem ser forçado". Este também é o caso na situação acima. Amanhã, está dentro do meu potencial fazer o que eu escolhi, sem qualquer compulsão, e eu tenho a capacidade de escolher o oposto daquilo que é sabido Acima. Pois o conhecimento Acima não me obriga de maneira alguma e não está relacionado com a minha opção. O fato de eu agir de uma maneira específica é apenas porque escolhi fazê-lo, sem ser forçado.
Além do exemplo citado na minha carta anterior (um vidente que pode prever o que outra pessoa fará no futuro, exemplo no qual seu conhecimento de uma ação futura não influencia ou obriga aquela outra pessoa), é possível trazer um exemplo do oposto do livre arbítrio, i,e., um exemplo em que a compulsão está envolvida. Por exemplo, fulano diz que sabe que amanhã quando você atirar uma pedra [para o alto], ela terminará por cair ao chão.
Quando a pedra termina por cair ao chão, ninguém diria que caiu por causa do conhecimento e da declaração de fulano. Em vez disso, o contrário é verdadeiro. Como a pedra cairá para baixo por causa das leis naturais que D'us implantou no mundo, fulano sabe que a pedra cairá no chão. Se as leis naturais fossem que a pedra iria subir, fulano diria que a pedra subiria.
O mesmo conceito se aplica à questão que você levantou. Como eu escolherei fazer tal e tal coisa amanhã, sem ser obrigado a fazê-la, da mesma forma há conhecimento Acima de que eu agirei desta maneira. E amanhã, se eu escolher o contrário, haveria conhecimento Acima de que eu agirei da maneira oposta.
A diferença entre este exemplo e a onisciência de D'us envolve apenas o seguinte:
Entendemos como fulano sabe que a pedra cairá, porque seu conhecimento depende de sua consciência das leis da natureza. Não podemos entender, porém, como é possível saber com antecedência o que eu escolherei amanhã. Maimônides resolve este ponto explicando que a maneira de D'us saber não é entendida, porque Ele e Seu conhecimento são um.
Há uma outra questão: Como é possível que o conhecimento do Criador que faz existir e mantém a existência de todos os seres criados a todo momento não os influencie de forma alguma? Pois o pensamento de D'us cria mundos, e nos reinos espirituais não está removido da verdadeira existência. A questão é resolvida pela explicação de que este conhecimento opera numa maneira que não permeia nossa consciência, como é explicado na Filosofia Chassídica.
Extraído de I Will Write it in Your Hearts, publicado por Sichot in English.
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