"O Velho Testamento foi um erro"
Quase todos os lares, se não todos, possuem uma Bíblia Sagrada. Difícil encontrar uma pessoa que nunca a tenha lido, pelo menos alguns trechos. Mas muita gente não parou para analisar o porquê ela está dividida em Velho Testamento e Novo Testamento.
Minha intenção é apenas levantar uma reflexão para que possamos rever nossos conceitos de ética e tolerância com as outras religiões. O Velho Testamento foi um erro. Essa nomenclatura foi escolhida pelo Cristianismo para denominar os livros hebraicos que passaram a compor a Bíblia Cristã. Mas esse é um nome pejorativo e carregado de preconceitos e ideologias.
O Cristianismo tomou o livro sagrado da religião judaica, o Tanach, que é um acrônimo do conjunto principal dos livros judaicos, formado pela Torá (conhecido no mundo ocidental também como pentateuco), Neviim (livro dos profetas) e Ketuvim (escritos), e o nomeou Velho ou Antigo Testamento em oposição ao Novo Testamento, conjunto de livros sagrados cristãos.
Quando se diz que algo é velho, ou antigo, o primeiro que vem à nossa mente é a ideia de antiquado, ultrapassado, até mesmo inválido, ainda mais quando comparado com a existência de “algo novo”, no caso o Novo Testamento. Na teoria psicanalítica da constituição do sujeito, diz-se que é pelo outro que o sujeito se constitui. Nesse caso, o Cristianismo usou da credibilidade do “outro”, de um livro sagrado que já existia, e da história do povo judeu, e os depreciou, para assim constituir-se como sujeito de uma nova religião, com um novo livro, o “novo testamento”, que é baseado no livro de outra religião, que passou a ser chamado de velho.
Se a intenção desse uso é menosprezar a aliança feita com o povo judeu no Monte Sinai e enaltecer e corroborar com a teoria da chamada “nova aliança”, o erro já começa pelo próprio uso do termo testamento. Enquanto testamento tem o significado de uma manifestação unilateral de última vontade, o termo original em hebraico referente ao pacto feito com o povo judeu e “brit”, que significa um acordo bilateral. E esse acordo ou pacto feito com o povo judeu está mais vivo do que nunca, prova disso é a existência do povo judeu, que conseguiu sobreviver por vários milênios após inúmeras perseguições e tentativas de extermínio. O povo judeu esta de pé, tem hoje um lar judeu na sua terra ancestral Israel, e continuam vivendo e cumprindo a mesma Torá dada a Moisés, dia após dia.
O uso desse termo Velho Testamento é contrário até mesmo ao ensinamento do próprio Jesus, que disse que não veio revogar a Lei, ou Torá, mas cumpri-la. Por que então dizer que é um testamento velho? Por que chamar de velho algo que até mesmo o “fundador” do Cristianismo disse que não veio revogá-lo? Além disso, essa nomenclatura também carrega implicitamente uma outra ideologia, que é a teologia da substituição, que diz que o povo judeu, Israel, foi substituído pelo Israel “espiritual”, que seriam os crentes em Jesus, além da substituição da Lei de Moisés pela Lei de Jesus. Essa teoria, juntamente com a teoria do deicídio (teoria que acusa os judeus de terem matado “D’us”, ou Jesus), serviu de base e justificativa para milhares de assassinatos de judeus ao longo desses dois mil anos.
Mas deixando essas questões históricas polêmicas de lado, o nosso problema central aqui é a usurpação de um livro sagrado que foi guardado cuidadosamente por centenas de anos, por judeus que de geração em geração tomaram todos os cuidados para manter esses escritos e suas traduções mais próximas possíveis do original, e o seu desmerecimento por meio dessa nomenclatura pejorativa. Seria justo usurpar um livro sagrado de outra religião, colocar o nome que bem entender e divulgá-lo sem autorização do povo e cultura que o escreveu?
Tudo bem, digamos que o Cristianismo tenha uma espécie de “usucapião” sobre o uso do livro judaico na sua própria bíblia. Mas justo seria corrigir esse erro histórico e passar a chamá-lo não mais de Velho ou Antigo Testamento, mas usar um nome que respeite a religião judaica e seu livro sagrado, fazendo uma divisão da Bíblia sagrada cristã em algo como “Bíblia Judaica” e “Bíblia Cristã” ou “Livros Judaicos” e “Livros Cristãos”. O termo Velho Testamento foi um erro, mas ainda pode ser corrigido."
POR: * Wagner Caetano Miguel Veloso
Quase todos os lares, se não todos, possuem uma Bíblia Sagrada. Difícil encontrar uma pessoa que nunca a tenha lido, pelo menos alguns trechos. Mas muita gente não parou para analisar o porquê ela está dividida em Velho Testamento e Novo Testamento.
Minha intenção é apenas levantar uma reflexão para que possamos rever nossos conceitos de ética e tolerância com as outras religiões. O Velho Testamento foi um erro. Essa nomenclatura foi escolhida pelo Cristianismo para denominar os livros hebraicos que passaram a compor a Bíblia Cristã. Mas esse é um nome pejorativo e carregado de preconceitos e ideologias.
O Cristianismo tomou o livro sagrado da religião judaica, o Tanach, que é um acrônimo do conjunto principal dos livros judaicos, formado pela Torá (conhecido no mundo ocidental também como pentateuco), Neviim (livro dos profetas) e Ketuvim (escritos), e o nomeou Velho ou Antigo Testamento em oposição ao Novo Testamento, conjunto de livros sagrados cristãos.
Quando se diz que algo é velho, ou antigo, o primeiro que vem à nossa mente é a ideia de antiquado, ultrapassado, até mesmo inválido, ainda mais quando comparado com a existência de “algo novo”, no caso o Novo Testamento. Na teoria psicanalítica da constituição do sujeito, diz-se que é pelo outro que o sujeito se constitui. Nesse caso, o Cristianismo usou da credibilidade do “outro”, de um livro sagrado que já existia, e da história do povo judeu, e os depreciou, para assim constituir-se como sujeito de uma nova religião, com um novo livro, o “novo testamento”, que é baseado no livro de outra religião, que passou a ser chamado de velho.
Se a intenção desse uso é menosprezar a aliança feita com o povo judeu no Monte Sinai e enaltecer e corroborar com a teoria da chamada “nova aliança”, o erro já começa pelo próprio uso do termo testamento. Enquanto testamento tem o significado de uma manifestação unilateral de última vontade, o termo original em hebraico referente ao pacto feito com o povo judeu e “brit”, que significa um acordo bilateral. E esse acordo ou pacto feito com o povo judeu está mais vivo do que nunca, prova disso é a existência do povo judeu, que conseguiu sobreviver por vários milênios após inúmeras perseguições e tentativas de extermínio. O povo judeu esta de pé, tem hoje um lar judeu na sua terra ancestral Israel, e continuam vivendo e cumprindo a mesma Torá dada a Moisés, dia após dia.
O uso desse termo Velho Testamento é contrário até mesmo ao ensinamento do próprio Jesus, que disse que não veio revogar a Lei, ou Torá, mas cumpri-la. Por que então dizer que é um testamento velho? Por que chamar de velho algo que até mesmo o “fundador” do Cristianismo disse que não veio revogá-lo? Além disso, essa nomenclatura também carrega implicitamente uma outra ideologia, que é a teologia da substituição, que diz que o povo judeu, Israel, foi substituído pelo Israel “espiritual”, que seriam os crentes em Jesus, além da substituição da Lei de Moisés pela Lei de Jesus. Essa teoria, juntamente com a teoria do deicídio (teoria que acusa os judeus de terem matado “D’us”, ou Jesus), serviu de base e justificativa para milhares de assassinatos de judeus ao longo desses dois mil anos.
Mas deixando essas questões históricas polêmicas de lado, o nosso problema central aqui é a usurpação de um livro sagrado que foi guardado cuidadosamente por centenas de anos, por judeus que de geração em geração tomaram todos os cuidados para manter esses escritos e suas traduções mais próximas possíveis do original, e o seu desmerecimento por meio dessa nomenclatura pejorativa. Seria justo usurpar um livro sagrado de outra religião, colocar o nome que bem entender e divulgá-lo sem autorização do povo e cultura que o escreveu?
Tudo bem, digamos que o Cristianismo tenha uma espécie de “usucapião” sobre o uso do livro judaico na sua própria bíblia. Mas justo seria corrigir esse erro histórico e passar a chamá-lo não mais de Velho ou Antigo Testamento, mas usar um nome que respeite a religião judaica e seu livro sagrado, fazendo uma divisão da Bíblia sagrada cristã em algo como “Bíblia Judaica” e “Bíblia Cristã” ou “Livros Judaicos” e “Livros Cristãos”. O termo Velho Testamento foi um erro, mas ainda pode ser corrigido."
POR: * Wagner Caetano Miguel Veloso
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