domingo, 24 de abril de 2011

Pessach na visão astral judaica

Pessach na visão astral judaica
por Rabino Avraham Cohen


O Sefer Yetzirá, Livro da Formação, considerado o mais antigo livro da Cabalá, tem sua autoria atribuída ao nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu. Essa obra revela os segredos da Criação e, entre outros ensinamentos místicos, o mistério da Astrologia segundo o judaísmo.


O Sefer Yetzirá ensina que D'us canaliza para o mundo energia e vitalidade Divina através dos corpos celestiais.

De acordo com o mesmo, cada um dos doze meses do calendário judaico corresponde a um signo do zodíaco, uma cor, uma letra do alfabeto hebraico, um dos cinco sentidos, um órgão ou membro do corpo e uma das Doze Tribos de Israel. Na astrologia judaica, o mês em que a pessoa nasce exerce influência sobre sua personalidade. Seu signo indica o tipo de energia que ela poderá desenvolver e a fraqueza que deverá superar ao longo da vida. Em outras palavras, o judaísmo sustenta que a personalidade do ser humano é influenciada por seu signo.

Na Astronomia, chama-se de zodíaco o conjunto de constelações ao longo da elíptica - o caminho aparente percorrido pelo sol durante o ano. Como os planos das órbitas dos planetas em torno do Sol são quase coincidentes, além do astro-rei os planetas também são encontrados no zodíaco. Daí a importância desse conjunto de constelações.

Tradicionalmente, há doze constelações no zodíaco: Áries (Carneiro), Taurus (Touro), Gemini (Gêmeos), Câncer (Caranguejo); Leo (Leão); Virgo (Virgem); Libra (Balança); Scorpius (Escorpião); Sagittarius (Sagitário, o arqueiro); Capricornius (Capricórnio, a cabra do mar), Aquarius (Aquário, o carregador de água), Pisces (Peixes). Na Astrologia, o zodíaco é constituído pelos signos que dividem a elíptica em 12 zonas - correspondentes às 12 constelações tradicionais, todas elas com a mesma longitude celestial. Uma ressalva: a partir de 1930, quando a União Astronômica Internacional padronizou as constelações, passou-se a incluir no zodíaco uma 13a constelação, a Ophiuchus (o Serpentário).

De acordo com o Sefer Yetzirá, os 12 filhos de Jacob, que se tornaram as Doze Tribos de Israel, representam as 12 diferentes raízes de alma das quais descendem o Povo Judeu. Estas correspondem aos 12 signos tradicionais do zodíaco e aos 12 meses do calendário judaico. No que tange à existência de uma 13ª constelação no zodíaco, é interessante notar que uma das Doze tribos de Israel, a de Yossef, foi dividida em duas tribos - Menashé e Efraim; portanto, há 12 tribos de Israel, que, na realidade, são 13. Ao mesmo tempo, o calendário judaico é tradicionalmente composto por 12 meses; porém, em anos bissextos, há um 13º mês - Adar II. É provável que a divisão da tribo de Yossef, dando origem a uma 13ª tribo, e a adição de um 13o mês em anos bissextos, correspondam à 13ª constelação, Ophiuchus, adicionada ao zodíaco no século 20. Interessantemente, Ophiuchus, segue o signo de Peixes, que corresponde ao mês de Adar. Isto dá a entender que a 13ª constelação corresponde ao mês que segue Adar, a dizer, Adar II, pois não poderia ser Nissan, que é a primeira constelação (Áries). No calendário judaico, Nissan corresponde ao primeiro mês do ano.

Cada um dos 12 meses judaicos está relacionado a uma das 12 letras dentre as 22 que constituem o alfabeto hebraico. Correspondem, também, às 12 características da alma, como a visão, a fala, o pensamento, entre outros, e a um órgão do corpo humano. É importante ressaltar que a ordem desses corpos celestes está relacionada aos sete dias da semana. Em certos idiomas, essa conotação se faz evidente pelos próprios nomes atribuídos aos dias da semana. Na língua inglesa, por exemplo, Sunday significa, o dia do sol; Monday, o dia da lua; Saturday, o dia Saturno, e assim por diante. Em espanhol, essa relação é ainda mais evidente. Além do mais, cada mês judaico está ligado a um dos quatro elementos básicos - terra, fogo, ar e água. Finalmente, cada um dos 12 meses está relacionado a uma combinação específica das quatro letras que formam o impronunciável Nome Divino, o Tetragrama.

Analisaremos, a seguir, à luz do zodíaco, os três primeiros meses do calendário judaico: Nissan - signo de Áries, Iyar - signo de Touro, e Sivan - signo de Gêmeos. Estes três meses estão ligados, mais do que todos os outros, ao nascimento e à formação do Povo Judeu. Porém, antes de procedermos, é extremamente importante esclarecer o papel do zodíaco no judaísmo. O signo é apenas um instrumento utilizado pelo Criador para dirigir o mundo. O signo em si não tem qualquer poder independente. Além disso, o Povo Judeu, em virtude de ter recebido a Torá, alcançou um nível espiritual acima do zodíaco. Os signos são apenas canais através dos quais as forças espirituais vêm a terra. Quanto mais contato alguém tem com D'us e Sua Torá, isto é, com a dimensão espiritual do universo, menos suscetível essa pessoa será à influência das forças astrológicas.

O zodíaco é estudado no judaísmo para se adquirir autoconhecimento: para descobrir talentos e habilidades inatas e para ajudar a identificar a missão da pessoa no mundo. É expressamente proibido utilizar o zodíaco para tentar prever o futuro. Além de proibida, tal atividade costuma ser fútil, pois o ser humano sempre pode melhorar seu destino através da oração e da prática de boas ações, principalmente da generosidade aos outros. Quanto mais aperfeiçoamos nossa conduta e nos ligamos a D'us, mais Ele muda o curso natural dos eventos de forma a nos beneficiar. Portanto, a pessoa que verdadeiramente busca D'us e tem fascínio pelo misticismo deve saber que a Torá torna supérfluas e errôneas as previsões astrológicas. O estudo da Torá, principalmente de sua dimensão oculta, é infinitivamente mais poderoso e benéfico do que a tentativa de se prever o futuro ou tentar, quiçá, manipulá-lo através do estudo da Astrologia.

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