Muita gente afirmar “crer em Deus”. Porém, quando se observa o que a pessoa acredita, a definição nem sempre significa a mesma coisa. O que indica a grande importância de conhecer o sentido do Tetragrama, que é o termo através do qual o Eterno se apresenta, dizendo em vários lugares “Eu sou YHWH.” (Ex: Lv. 18:2)
É importante compreender que na antiguidade, os deuses eram sempre apresentados com seus respectivos nomes. Por exemplo, deus cananeu Ba`al Hadad, o senhor da tempestade, era filho de Toru-El, um deus-touro que era visto como o senhor dos montes, e causador de raios e trovões.
Cada divindade trazia em seu próprio nome, ou em sua mitologia, a sua origem e seus limites. Os deuses não eram vistos como detentores de todo poder, nem tinham origem na eternidade. Eram poderosos, porém limitados. E esse limite, ou origem, era normalmente indicado pelo próprio nome. Dagon era deus dos grãos e dos peixes, Yam era o deus dos mares e lagos, Mot reinava sobre a morte, e assim por diante.
Quando Moshé (Moisés) pergunta ao Eterno quem Ele é, para que possa anunciar aos israelitas que divindade iria resgatá-los, esperava ouvir algo como: “Eu sou o senhor dos rios, que inundarei o Egito”. Ou ainda “Eu sou o deus das estrelas, e farei chover fogo dos céus”. Esse era o tipo de informação que uma pessoa politeísta no Oriente Médio antigo esperaria ouvir.
Mas, o Eterno dá uma resposta surpreendente.
O Eterno diz: “Ehyê Asher Ehyê. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Ehyê me enviou a vós.” (Ex. 3:14)
Essa forma, geralmente traduzida como “EU SOU” ou “EU SEREI”, é equivalente ao Tetragrama. Pois o termo יהוה (Yud-Hê-Waw-Hê) significa literalmente ELE É.
A raiz הוה (Hê-Waw-Hê) no hebraico significa ‘ser’ ou ‘existir’. Ao passo que o י (Yud) no princípio flexiona o verbo para a terceira pessoa.
Dizer ‘EU SOU’ ou ‘ELE É’ num contexto politeísta causaria um impacto profundo. O Eterno estava dizendo que Ele não possuía nem origem, nem limite. Ao contrário dos outros deuses, que tinham origem e limites, a Divindade de Israel é Eterna e ilimitada.
Há três conclusões teológicas que podem ser extraídas naturalmente a partir dessa ideia. A primeira delas é a de que não há espaço para uma segunda ou terceira divindade, haja vista que o Eterno é ilimitado. E se é ilimitado, como poderia haver alguém a quem se compare?
É por isso que Ele diz, com relativa frequência: “Eu sou YHWH e não há outro” (Ex: Is. 45:6). Basicamente, Ele está dizendo: “Eu sou Aquele que existe, e não há outro”. Em outras palavras, Ele é a única divindade, e não há espaço para a existência de outra.
O segundo elemento importante é expresso quando Ele diz: “Eu sou YHWH” após dar uma ordem (Ex: Lv. 22:31).
Era comum que os politeístas da antiguidade servissem os deuses de acordo com as suas limitações. O serviço era tido como uma forma de manutenção da divindade. Por exemplo, Hapi, o deus egípcio do rio Nilo, era servido com alimentos que eram lançados ao rio.
Isso é completamente diferente do serviço ao Eterno! Enquanto um politeísta esperaria ouvir: ‘Faça isso porque a divindade precisa’, o Eterno diz: “Faça isso porque Eu sou Aquele que é”. Em outras palavras, a nossa obediência a Ele não é porque Ele precisa de nós, mas sim porque nós precisamos dEle.
O que nos leva ao terceiro ponto. É ingenuidade dizer que devemos ‘experimentar o Eterno’, pois nós o experimentamos diariamente. Nós só existimos porque Ele é a causa de tudo que veio a existir.
Se alguém te desafiar, dizendo, ‘Mostre-me o seu Deus!’, você deve responder: “O meu Deus é a própria existência. Sem a existência, o que você é?”
Todo ser humano tem uma ligação direta com o Criador, porque Ele é a existência. Sem Ele, você não existiria. Portanto, Ele pode ser encontrado simplesmente no fato de que o universo veio a existir.
Devido a isso, alguns sidurim hispano-portugueses traduzem o Tetragrama como “O Eterno Auto-Existente”. Se Ele é a existência, então logicamente, Ele sempre existiu.
Se supomos que A existe por causa de B, então A não é a Existência e sim B. Mas se B passou a existir por causa de C, então na verdade C é a Existência. A Existência é, necessariamente, a origem a partir do nada.
Compreender isso é de fundamental importância para entender porque Ele nos deu leis e mandamentos.
O que Ele nos revelou é a chave e o segredo para melhor existirmos. Isto é, a própria Existência nos indica como podemos fazer para melhor assegurarmos o nosso vínculo com Ele.
Se entendemos isso, então compreendemos que o Eterno não irá escolher quem viverá e quem não viverá no mundo vindouro. Ele já estabeleceu as regras de como podemos existir. Basta a nós seguirmos essas orientações.
O universo está programado para que coisas venham existir, e isso é o maior indício de que Ele é verdadeiro.
Um ateu poderia negar o conceito ingênuo de uma divindade pessoal. Isto é, um ser barbudo que se assenta num trono dourado. Mas nada disso é Torá. Um ateu jamais poderia negar a própria Existência.
Não há coisa mais comprovada do que o fato de que nós existimos. E YHWH é a própria existência. Logo, nada há mais comprovado do que Ele.
Do ponto de vista prático, isso enche nossos corações de temor e gratidão. Se você quer encontrar o Eterno, olhe para tudo o que está à sua volta e que veio a existir. Ele está na origem de todas essas coisas.
Servir o Eterno é servir a própria existência. É colocar-se a favor da vida (o elemento mais importante da Torá), assim como significa agir de modo a proteger tudo o que há, e manter a boa existência do ser humano e daquilo que dependemos para permanecermos vinculados à Existência.
VOCÊ SABE A QUEM SERVE? - PARTE II
Muita gente afirmar “crer em Deus”. Porém, quando se observa o que a pessoa acredita, a definição nem sempre significa a mesma coisa. O que indica a grande importância de conhecer o sentido do Tetragrama, que é o termo através do qual o Eterno se apresenta, dizendo em vários lugares “Eu sou YHWH.” (Ex: Lv. 18:2)
É importante compreender que na antiguidade, os deuses eram sempre apresentados com seus respectivos nomes. Por exemplo, deus cananeu Ba`al Hadad, o senhor da tempestade, era filho de Toru-El, um deus-touro que era visto como o senhor dos montes, e causador de raios e trovões.
Cada divindade trazia em seu próprio nome, ou em sua mitologia, a sua origem e seus limites. Os deuses não eram vistos como detentores de todo poder, nem tinham origem na eternidade. Eram poderosos, porém limitados. E esse limite, ou origem, era normalmente indicado pelo próprio nome. Dagon era deus dos grãos e dos peixes, Yam era o deus dos mares e lagos, Mot reinava sobre a morte, e assim por diante.
Quando Moshé (Moisés) pergunta ao Eterno quem Ele é, para que possa anunciar aos israelitas que divindade iria resgatá-los, esperava ouvir algo como: “Eu sou o senhor dos rios, que inundarei o Egito”. Ou ainda “Eu sou o deus das estrelas, e farei chover fogo dos céus”. Esse era o tipo de informação que uma pessoa politeísta no Oriente Médio antigo esperaria ouvir.
Mas, o Eterno dá uma resposta surpreendente.
O Eterno diz: “Ehyê Asher Ehyê. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Ehyê me enviou a vós.” (Ex. 3:14)
Essa forma, geralmente traduzida como “EU SOU” ou “EU SEREI”, é equivalente ao Tetragrama. Pois o termo יהוה (Yud-Hê-Waw-Hê) significa literalmente ELE É.
A raiz הוה (Hê-Waw-Hê) no hebraico significa ‘ser’ ou ‘existir’. Ao passo que o י (Yud) no princípio flexiona o verbo para a terceira pessoa.
Dizer ‘EU SOU’ ou ‘ELE É’ num contexto politeísta causaria um impacto profundo. O Eterno estava dizendo que Ele não possuía nem origem, nem limite. Ao contrário dos outros deuses, que tinham origem e limites, a Divindade de Israel é Eterna e ilimitada.
Há três conclusões teológicas que podem ser extraídas naturalmente a partir dessa ideia. A primeira delas é a de que não há espaço para uma segunda ou terceira divindade, haja vista que o Eterno é ilimitado. E se é ilimitado, como poderia haver alguém a quem se compare?
É por isso que Ele diz, com relativa frequência: “Eu sou YHWH e não há outro” (Ex: Is. 45:6). Basicamente, Ele está dizendo: “Eu sou Aquele que existe, e não há outro”. Em outras palavras, Ele é a única divindade, e não há espaço para a existência de outra.
O segundo elemento importante é expresso quando Ele diz: “Eu sou YHWH” após dar uma ordem (Ex: Lv. 22:31).
Era comum que os politeístas da antiguidade servissem os deuses de acordo com as suas limitações. O serviço era tido como uma forma de manutenção da divindade. Por exemplo, Hapi, o deus egípcio do rio Nilo, era servido com alimentos que eram lançados ao rio.
Isso é completamente diferente do serviço ao Eterno! Enquanto um politeísta esperaria ouvir: ‘Faça isso porque a divindade precisa’, o Eterno diz: “Faça isso porque Eu sou Aquele que é”. Em outras palavras, a nossa obediência a Ele não é porque Ele precisa de nós, mas sim porque nós precisamos dEle.
O que nos leva ao terceiro ponto. É ingenuidade dizer que devemos ‘experimentar o Eterno’, pois nós o experimentamos diariamente. Nós só existimos porque Ele é a causa de tudo que veio a existir.
Se alguém te desafiar, dizendo, ‘Mostre-me o seu Deus!’, você deve responder: “O meu Deus é a própria existência. Sem a existência, o que você é?”
Todo ser humano tem uma ligação direta com o Criador, porque Ele é a existência. Sem Ele, você não existiria. Portanto, Ele pode ser encontrado simplesmente no fato de que o universo veio a existir.
Devido a isso, alguns sidurim hispano-portugueses traduzem o Tetragrama como “O Eterno Auto-Existente”. Se Ele é a existência, então logicamente, Ele sempre existiu.
Se supomos que A existe por causa de B, então A não é a Existência e sim B. Mas se B passou a existir por causa de C, então na verdade C é a Existência. A Existência é, necessariamente, a origem a partir do nada.
Compreender isso é de fundamental importância para entender porque Ele nos deu leis e mandamentos.
O que Ele nos revelou é a chave e o segredo para melhor existirmos. Isto é, a própria Existência nos indica como podemos fazer para melhor assegurarmos o nosso vínculo com Ele.
Se entendemos isso, então compreendemos que o Eterno não irá escolher quem viverá e quem não viverá no mundo vindouro. Ele já estabeleceu as regras de como podemos existir. Basta a nós seguirmos essas orientações.
O universo está programado para que coisas venham existir, e isso é o maior indício de que Ele é verdadeiro.
Um ateu poderia negar o conceito ingênuo de uma divindade pessoal. Isto é, um ser barbudo que se assenta num trono dourado. Mas nada disso é Torá. Um ateu jamais poderia negar a própria Existência.
Não há coisa mais comprovada do que o fato de que nós existimos. E YHWH é a própria existência. Logo, nada há mais comprovado do que Ele.
Do ponto de vista prático, isso enche nossos corações de temor e gratidão. Se você quer encontrar o Eterno, olhe para tudo o que está à sua volta e que veio a existir. Ele está na origem de todas essas coisas.
Servir o Eterno é servir a própria existência. É colocar-se a favor da vida (o elemento mais importante da Torá), assim como significa agir de modo a proteger tudo o que há, e manter a boa existência do ser humano e daquilo que dependemos para permanecermos vinculados à Existência.
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