segunda-feira, 24 de março de 2014

Rabbi Noah Weinberg - Algo sobre o Mundo, os Dízimos e as Pessoas.

        Rabbi Noah Weinberg - Algo sobre o Mundo, os Dízimos e as Pessoas.


    
Por Rabbi Noah Weinber zt"l
* Reparos Mundiais
Tentar eliminar a dor e a pobreza é uma tarefa assustadora. Será que temos chance?
Se o "11 de setembro" nos ensinou algo, é que nosso mundo precisa desesperadamente de reparos. Desavenças e violência devem ser urgentemente substituídas por generosidade e compaixão.
Como a ameaça de terror está presente, precisamos encontrar caminhos para fazer diferença positiva no mundo: transformar a dor em mudança positiva, e conduzir a humanidade novamente no caminho da paz.
Isto não é somente um problema global. É altamente pessoal também. Se alguém derrama tinta no chão e lhe pede para limpar, você diria, "Ei! Foi você que fez a bagunça, por isso limpe-a." Mas quando nos referimos aos problemas do mundo, ninguém dirá:
"Eu não causei o problema,
então por que deveria fazer alguma coisa a respeito?"
Todos concordam que devíamos tentar ajudar. Se você soubesse a cura do câncer, cancelaria suas férias. Somos todos responsáveis.
A palavra hebraica "tzedaká" é comumente traduzida como "caridade" ou "Dízimo". O que está errado. A "caridade" implica no fato de seu coração lhe motivar a ir além da função. "Tzedakah,"porém, literalmente significa "retidão", ou seja, fazer a coisa certa. Um "tzaddik," igualmente, é uma pessoa íntegra, alguém que cumpre todas as suas obrigações, querendo ou não.
O verso diz: "Tzedek, tzedek você deve seguir"; “a justiça, e somente a justiça, seguirás, para que vivas e herdes a terra que o Eterno, teu Deus, te dá” (Deuteronômio 16:20). Há uma responsabilidade humana básica de chegar aos próximos. Dar seu tempo e dinheiro é uma afirmação de que “farei o que puder para ajudar."
Este é o conceito judaico de Tikkun Olam; melhorar o mundo.
* Os parâmetros do dar
Além de ajudar àqueles que precisam, temos muitas outras obrigações financeiras, como família, poupança, e até as despesas básicas para viver. Então com quanto devemos ajudar? Devemos largar tudo; partir para a África e acabar com a fome?
A Torá recomenda dar 10 por cento. (Conseqüentemente a expressão popular "dízimo," significa um-décimo) A fonte na lei está em Deuteronômio 14:22, e a Torá está repleta de exemplos:
. Abraão deu a Malki-Tzedek (rei de Shalém, (Jerusalém) um-décimo de todas as suas possessões (Gênesis 14:20);
. Jacob jurou dar um-décimo de todas suas aquisições futuras para D’us (Gênesis 29:22);
. Existe um mandato em que se deve dar o dízimo para sustentar os filhos de Levi (Números 18:21, 24) e os pobres (Deuteronômio 26:12).
Dez por cento é a obrigação mínima para ajudar.
Para aqueles que querem fazer mais, a Torá permite dar 20 por cento. Mas, acima desta quantia não é real. Se der demais, acabará negligenciando outros aspectos de sua vida.
Claro que você não pode doar impulsivamente todo seu dinheiro. O Todo-poderoso proporciona todo mundo com renda, mas há uma condição: dez por cento é um capital de confiança e é sua responsabilidade distribuir. D’us espera que gaste seu dinheiro sabiamente.
Se você estivesse conduzindo uma fundação humanitária, faria um estudo completo do melhor forma de usar seu dinheiro. É a mesma coisa com a tzedaká. Quando escolhe entre um projeto em relação ao outro, tem que calcular qual deles é o mais efetivo. Considere a tzedaká como "Coloque Seu Nome Aqui e ajude a melhorar o Mundo."
Guarde este dinheiro numa conta separada. Deste modo estará disponível quando a necessidade surgir, além de ser uma lembrança constante de sua obrigação de ajudar.
* Como priorizar
Há muitos projetos possíveis, como: os pobres, os doentes, as pessoas que não tem educação, o abuso de drogas, a violência doméstica e pessoas que não tem casa. Qual delas devemos escolher?
A tzedaká começa em casa.
Se seus pais estão com fome e uma pessoa que não tem casa lhe procura, antes de dar um abrigo para esta pessoa deve-se ajudar os seus pais primeiro. A partir daí, segue-se para fora como sua comunidade, então seu país.                                  

                                         
                                        
"Para os judeus,
Jerusalém e Israel são considerados como uma comunidade,
já que todo judeu tem um pedaço de sua pátria."
 
 
Depois de ter definido a "quem dar”, qual é o melhor método para fazê-lo?
Maimônides lista oito níveis de tzedaká em ordem de prioridade. Muitas pessoas pensam que o maior nível é dar dinheiro anonimamente. Porém, há um nível bem mais alto: ajudar uma pessoa a ficar auto-suficiente, o que inclui dar a ele um trabalho, ou um empréstimo para começar os negócios.
Você também pode proteger a auto-estima de alguém lhe dando tzedaká antes que a pessoa lhe peça. O fator principal é que cada pessoa tem suas necessidades e é nossa obrigação ajudar cada um de acordo com elas. Se você ajudar alguém a começar seu próprio negócio, ele poderá alimentar não só a si mesmo como também a mais 10 outras pessoas.
Como diz a velha frase: no lugar de dar um peixe para comer, ensine-o a ser um pescador. Este representa o nível mais alto de Tikkun Olam, pois agora o pescador pode sair e ajudar aos outros. Você melhorou alguma coisa.
Existe, porém, um nível bem maior de tzedaká, ser sensível a alguém antes dessa pessoa entrar em apuros. Como os Sábios explicam: uma pessoa consegue sustentar algo antes deste cair, mas depois que cai, nem cinco pessoas são capazes de erguê-lo. ( Rashi, Levítico 25:35)
Tzedakah não é somente ajudar alguém financeiramente, é também ajudar as pessoas a se sentirem bem. Se uma pessoa que está passando fome lhe pede comida, e você dá resmungando e reclamando, a mitzvá está perdida.
Muitas vezes ouvir atentamente ou sorrir de forma animada é mais importante do que qualquer quantia em dinheiro.
E se você oferece um trabalho a alguém, mas a pessoa é muito preguiçosa para trabalhar? Então você não deve dar nada a esta pessoa. O Talmud (Baba Metzia 32b) diz: Se ele não se importa com si mesmo, então não é você que deve se preocupar também.
* Seja organizado
Além dos 10 por cento de compromisso com o dinheiro, há um outro aspecto: um compromisso de 10 por cento com o tempo.
Se você quiser realmente melhorar o mundo, não enviará somente um cheque. Junte-se a uma organização. Muitas das grandes revoluções do mundo foram bem sucedidas devido à força em números: o movimento dos direitos civis, dos direitos das mulheres, ou até o de salvação das baleias.
* E se não existir nenhuma organização?
Então crie uma.
O Talmud (Baba Batra 9a) diz: "Maior do que uma mitzvá que você faça, é fazer com que outros a pratiquem”. Se quiser realmente ser útil, desperte os outros para o problema e mobilize seus esforços.
Imagine que uma criança está doente com uma doença rara. Se fosse um conhecido, você provavelmente diria, "Oh, isto é terrível."
Agora pergunte : "Certo, o que estou fazendo em relação a isso?"
"Eu?! O que posso fazer?"
Se se importar, pode fazer muito. Se fosse seu primo, você tomaria alguma responsabilidade pessoal, talvez procurando informações sobre a doença na Internet. Se fosse seu próprio filho, faria todo o esforço possível.
Conheço um jovem casal, ele é um comerciante e ela é médica. Eles descobriram que seus dois filhos tinham o mal de Gaucher, uma doença que traz condições debilitantes para a vida, dificultando-a e se tornando, às vezes, fatal. Então, o que fizeram? Juntos fundaram uma organização, comprometida a descobrir uma cura para a doença de Gaucher. Ela conduziu a pesquisa médica e ele levantou fundos.
Não existia nenhuma garantia de sucesso.
Mas, considerando-se que eram seus próprios filhos, tinham que tentar, não havia outra alternativa. E o Todo-poderoso lhes ajudou. Após seis anos, desenvolveram uma enzima sintética que tratava eficazmente desta condição, e seus dois filhos se tornaram os primeiros no mundo a ter um prognóstico esperançoso.
Grandes ou pequenas metas. Se quiser fazer a diferença, tudo é possível.
* Tudo para você
Além da responsabilidade básica de tzedaká, está a de rachamim, "clemência", se preocupar com o próximo e se envolver. Você pode andar por aí dizendo que é uma boa pessoa, mas enquanto não sentir a bondade dentro de você, ainda não chegou lá.
 
 
"É por isso que a Torá coloca lado a lado o mandamento de "ame teu próximo como a ti mesmo," à proibição de "não sejas indiferente quando está em perigo o teu próximo”. (Levítico 19:16-18)"
 
Não passe pela vida como se fosse uma luta de obstáculos, tome cuidado, há um ser humano aqui. Manipulá-lo, querer tirar proveito parecendo melhor do que os outros não é o caminho. É preciso compartilhar este fardo.
O Talmud pergunta, "Por que Adão foi criado sozinho" ? Para que toda pessoa possa dizer: “o mundo inteiro foi criado para mim.”
Este é um reconhecimento de que tudo, inclusive as necessidades de todos os outros seres humanos, foi criada para você. Somos todos responsáveis pelo mundo e por lidar com os problemas que há nele.
Tudo na Terra, tanto os problemas como também a beleza, oferece uma oportunidade para se conectar e crescer. Toda pessoa que encontra está lá porque você precisava dela naquele momento. Se alguém precisar de ajuda, faz parte do seu desafio, é uma mensagem para você.
Procure em tudo a sua volta e pergunte: O que significa isto para mim? Porque foi enviado como parte de meu caminho a perfeição?
. Sinta as vítimas da sociedade.
. Sinta as vítimas do crime.
. Sinta as vítimas do terrorismo.
. Sinta as vítimas da velhice.
. Sinta as vítimas de discriminação.
. Sinta o sofrimento das pessoas que nunca encontrará, sobre a situação das pessoas mundo afora.
Como tornar o sofrimento do próximo real? Para entender os problemas encontrados por uma pessoa cega, por exemplo, tente vendar seus olhos por um dia. Ou vá ao hospital visite pacientes que perderam seus membros, Compartilhe o fardo.
* Faça a diferença
Enfim, todo ser humano está se esforçando para conseguir perfeição universal. Temos uma faísca divina que grita para fazermos diferença no mundo. Todos nos importamos. Precisamos focalizar nossa atenção.
Tikkun Olam quer dizer se comprometer para resolver os problemas do mundo. Se todo mundo desse os 10 por cento, não existiria nenhum problema neste mundo, não haveria fome, câncer nem pessoas sem lar.
Uma vez que você reconhece que é responsável pelo mundo inteiro, uma pergunta permanece: O que posso fazer para ajudar?

* Fonte: Aish Brasil
Copiado por Geilson Roberto 
                                                                                
 

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